Cardiologia de Intervenção reforça parceria com MGF e Medicina Interna

A Cardiologia de Intervenção (CI) trata o doente coronário no momento. Contudo, posteriormente, é muito importante que se faça prevenção secundária e, nesse aspeto, a Medicina Geral e Familiar (MGF) tem, segundo Hélder Pereira, diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, “um papel fundamental”, sendo por isso essencial que se promova uma boa parceria entre as duas especialidades.



A 9.ª edição do curso Vascular and Valvular Restorative Therapy (2VRT2016) resulta da organização conjunta de dois centros – Hospital de Santa Cruz (Carnaxide) e Hospital Garcia de Orta (Almada) – e de um terceiro serviço convidado, este ano, o do Hospital de São Bernardo (Setúbal). No âmbito deste evento, Hélder Pereira afirmou ser muito importante que o doente continue a fazer a terapêutica farmacológica, a controlar a tensão arterial, o colesterol, a diabetes e que pare de fumar, entre outros aspetos.

E salientou que “o programa do 2VRT2016 incluiu temas de todo o espetro de atuação da doença cardiovascular, nomeadamente, do âmbito dos cuidados de saúde primários e de outras especialidades hospitalares”.


Campante Teles, Hélder Pereira e Ricardo Santos.

Além da prevenção secundária, a referenciação é, segundo Hélder Pereira, outra vertente importante. “Existem, hoje, muitas patologias que vão para além das doenças coronárias, podendo ser tratadas pela CI. É importante que os médicos de família detetem estes casos, saibam que os podemos tratar e os encaminhem corretamente”, explicou o codiretor do evento.

“Isto é algo que queremos reforçar”, sublinhou Hélder Pereira, acrescentando: “Penso que para o ano os especialistas de MGF devem, inclusive, participar na elaboração do programa científico e ser parte da organização. O mesmo para a Medicina Interna.”



Rui Campante Teles, cardiologista de intervenção do Hospital de Santa Cruz e codiretor da reunião, afirmou que o programa científico foi feito a pensar nos colegas que lhes referenciam os doentes – MGF e Medicina Interna, para além da Cardiologia geral --, dando-lhes “um papel muito ativo” na discussão de vários casos, sendo o objetivo “promover uma melhor avaliação e referenciação dos doentes”.

“Pretendemos que os colegas saibam das novas oportunidades terapêuticas, que são cada vez menos invasivas e a que se associam posteriormente menos complicações, ou seja, são uma ótima resposta à complexidade que a idade dos nossos doentes nos impõe”, disse à Just News Rui Campante Teles.



No entender do também presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), estas ações são fundamentais para que a evolução da referenciação prossiga. Considera que, nos últimos anos, “os avanços têm sido notórios”, porém, defende ser necessário continuar a apostar neste aspeto. “Trata-se de um trabalho permanente. O que pretendemos é dar capacidade crítica a quem conhece os doentes e os vê, no dia-a-dia, fora das nossas unidades.”

Para o nosso interlocutor, o 2VRT2016 foi “um grande sucesso”, sendo que se conseguiu, por mais um ano, “dar vida” à parceria existente entre os hospitais responsáveis pela organização.



Ricardo Santos, cardiologista de intervenção, responsável pelo Laboratório de Hemodinâmica do Centro Hospitalar de Setúbal e outro codiretor do 2VRT2016, referiu ter encarado este convite “com bastante entusiasmo e vontade de colaborar”. “É uma honra e um privilégio poder participar na organização de um evento que temos vindo a acompanhar e agora, este ano, de forma mais interventiva”, mencionou, reforçando ter-se tratado de uma ótima experiência.

Para si, esta reunião tem duas particularidades muito importantes: “Uma é a colaboração entre os centros, que é fundamental, e o 2VRT é uma prova de que funciona bem. O outro aspeto fundamental é a aposta que tem vindo a ser feita, desde há alguns anos, de envolver a MGF e a MI na discussão de temas que nos são muito caros.”

Na sua opinião, o interesse dos envolvidos tem sido evidente: “Penso que é necessário conseguir convocar mais colegas da MGF e da MI. De qualquer forma, estamos na senda do sucesso. Penso que correu tudo muito bem.”

Para terminar, Ricardo Santos, além de se referir ao intercâmbio de experiências, destacou também a qualidade científica e a salutar discussão das sessões.

O primeiro dia do 2VRT2016 decorreu no Hospital Garcia de Orta, com a transmissão ao vivo de casos de intervenção e estrutural, tendo o curso prosseguido depois no Hotel do Sado, em Setúbal. O 2VRT 2017 já tem data marcada, decorrendo em 4 e 5 de maio, em Lisboa.





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