Centro de Simulação do Hospital da Luz Learning Health abre as portas aos médicos de família

"O centro de simulação foi uma aposta desde cedo do Grupo Luz Saúde", adianta Anabela Raimundo, assistente hospitalar de Medicina Interna e coordenadora de área estratégica do Centro de Simulação do Hospital da Luz Learning Health. Tal como a médica sublinha: "Somos um grupo aberto ao exterior, vocacionado para ensinar, formar e acima de tudo partilhar ideias e experiências".

E, precisamente, no âmbito do II Encontro da Luz Saúde dedicado aos Cuidados de Saúde Primários, que se realiza dia 11 de novembro, o Centro de Simulação vai abrir as suas portas aos médicos internos e especialistas de Medicina Geral e Familiar. Em entrevista à Just News, Anabela Raimundo dá a conhecer alguns dos elementos diferenciadores desta valência da Luz Saúde.



"A existência de um Centro de Saúde dentro do hospital foi algo que desde sempre nos orgulhou"


Just News (JN) - O Encontro de sábado é de facto uma grande oportunidade para conhecer esta valência da Luz?  
 

 

Anabela Raimundo (AR) - O centro de simulação, para além de ser um dos maiores da península ibérica, tem uma enorme variedade de equipamentos. É um centro de excelência, com uma diversidade brutal de cenários, modelos e possibilidades de formação, e tem um material humano também muito significativo, com formadores de todas as áreas desde a pediatria à ginecologia/obstetrícia, passando pela cirurgia geral, cuidados intensivos, etc, o que o torna muito diferenciado.

O centro é polivalente com possibilidade de formação em múltiplas áreas, e tem uma abrangência enorme, sendo este seguramente um dos seus pontos fortes, é uma casa para todos e de todos.

Permite simulação imersiva ao mais alto nível e prima pela inovação e qualidade, pelo que é uma oportunidade fantástica para tomar conhecimento com uma realidade muito diferente do dia-a dia habitual de um médico de MGF.


JN - E serão bem vindos quer internos quer especialistas, sejam ou não do Grupo da Luz?

AR - Claro! Estamos de braços abertos para receber todos os que nos queiram conhecer. Somos um grupo aberto ao exterior, vocacionado para ensinar, formar e acima de tudo partilhar ideias e experiências. A vivência partilhada de um dia de formação será seguramente muito recompensador para todos, formadores e formandos venham de onde vierem.



Anabela Raimundo


JN - Quando é foi inaugurado o Centro e como surgiu a ideia de avançar com este projeto? Habitualmente, há muitas reservas e obstáculos para se inovar em qualquer entidade. Neste caso, como decorreu o processo e qual a importância estratégica deste centro?

 

AR - O centro de simulação foi uma aposta desde cedo do Grupo Luz Saúde, com o claro desígnio de aumentar a oferta formativa a nível do ensino pré e pós-graduado, sendo que um dos grandes objetivos desde sempre foi sermos um hospital com internato o que já concretizámos há alguns anos, mas também um hospital universitário, o que também já é uma realidade. Ambas as apostas foram ganhas e o centro de simulação faz parte desta estratégia de inovação, crescimento e formação na qual o grupo Luz Saúde desde sempre se empenhou, mas que ganhou uma dimensão muito maior com o centro de simulação.


JN - Houve alguma ´curva de utilização`? Ou seja, demorou algum tempo para que essa valência fosse amplamente utilizada pelos profissionais?

 

AR - Claro, um centro desta dimensão necessitou de uma equipa própria e de toda uma organização e progressivo crescimento que fazem parte de um processo normal destas estruturas.

JN - Será uma das instrutoras do clinical escape games. Como decorreu a 1.ª edição o ano passado?

AR - Eu sou a responsável pelas atividades de simulação e como tal estarei presente todo o dia. O ano passado foi um sucesso, os colegas que participaram gostaram muito, sentiram-se desafiados e motivados, foi toda uma experiência diferente.




JN - Já abriram as portas do Centro a outras especialidades no âmbito de algum outro evento?  

AR - Muitos dos eventos realizados nos nossos auditórios têm parte pratica, com cenários de simulação ou de treino por exemplo de cirurgia hands-on, reanimação, etc. Formação é o nosso dia a dia, vejam o nosso catálogo formativo, temos mais de 100 formações por ano, nas mais variadas áreas, muitas delas com parte prática.

JN - Além do diretor clínico, Rui Maio, que dará as boas vindas aos participantes no dia do Encontro, José Roquette, presidente do Conselho Clínico Superior da Luz Saúde, integra a Comissão Organizadora desde a 1.ª edição. Pode-se dizer que este é um sinal claro da importância que o Grupo dá a este evento e à MGF?


AR - Sem dúvida, a MGF é da casa, para nós a existência de um Centro de Saúde dentro do hospital foi algo que desde sempre nos orgulhou. Permite-nos ter um seguimento continuado dos doentes, de uma forma que não é possível noutros locais, e isso é um motivo de grande orgulho e uma marca de qualidade do nosso grupo.

A aposta neste evento é um claro reflexo da realidade do nosso dia a dia e reflete uma estratégia de fundo e longo prazo.

 Rodrigo Camelo e Anabela Raimundo

"A MGF é uma especialidade chave para o grupo Luz Saúde"


Também Rodrigo Camelo, médico de família no Hospital da Luz Lisboa, partilha o entusiasmo de Anabela Raimundo sobre o Encontro que se realiza este sábado, considerando-o como "um evento cada vez mais presente e importante no panorama da MGF".

Em entrevista à Just News, o especialista, que integra a Comissão Organizadora, partilha igualmente a sua perspetiva sobre o lugar que a Medicina Geral e Familiar ocupa neste grupo hospitalar, considerando que "a interação entre especialidades é muito mais fluida, o que facilita uma abordagem multidisciplinar aos nossos utentes, que são quem mais beneficia deste trabalho em equipa".

JN - O II Encontro na Luz de CSP tem início com uma sessão sobre a farmacologia na grávida/saúde da mulher. Qual a relevância do tema para a MGF?

 

Rodrigo Camelo (RC) - Na seleção de alguns temas para este Encontro na Luz decidimos rever algumas sessões clínicas realizadas para a MGF pelos Médicos Associados do Hospital da Luz. Foi critério de seleção o número de participantes e as avaliações dadas pelos médicos que assistiram a estas sessões. A farmacologia na Grávida foi um dos temas com maior participação e com avaliações mais positivas, nomeadamente quando questionámos sobre a pertinência do tema para a MGF.

Todos nós médicos de família, principalmente no SNS, observamos grávidas e mulheres em idade fértil e o tema da abordagem farmacológica, não apenas nas consultas de vigilância, mas principalmente nas consultas de urgência (em Centros de Saúde ou em contexto Hospitalar) é um tema de extrema importância e que está em permanente atualização pelo que foi consensual que teria de estar presente no nosso Encontro.


JN - Pode apresentar quem serão os palestrantes desta sessão?

RC - A sessão terá a participação do Professor Doutor Jorge Lima, ginecologista e obstetra coordenador do Centro de Alto Risco Obstétrico do Hospital da Luz Lisboa; a professora doutora Natália Marto, internista e farmacologista clínica, diretora de Serviço de Farmacologia Clínica e responsável pela consulta de patologia médica da gravidez no Centro de Alto Risco Obstétrico do Hospital da Luz Lisboa; e a dra. Madalena Vieira Costa, assistente graduada de Medicina Geral e Familiar na USF dos Plátanos e interlocutora de Saúde Sexual e reprodutiva na USF Jardim dos Plátanos e na UCF São Francisco Xavier.

 

JN - Um dos momentos marcantes do evento é os participantes poderem conhecer e vivenciar o Centro de Simulação do Hospital da Luz Learning Health. É, de facto, uma oportunidade única para a MGF conhecer esta realidade?

 

RC - O nosso Centro de Simulação é uma grande mais-valia não só para a MGF como também para as demais especialidades.

Temos o privilégio de possuir recursos humanos de grande qualidade e equipamentos de ponta, o que vai permitir uma experiência única para os médicos de família que, como sabemos, por serem uma especialidade extra-hospitalar no SNS, não têm facilidade em vivenciar o que o nosso Centro de Simulação tem para oferecer.

O objetivo é simular diversos cenários clínicos possíveis e uteis à MGF e queremos que exista uma grande componente prática com interação contínua entre todos os participantes.




JN - A MGF dentro de um hospital. Este era um conceito raro de se ver até há não muito tempo. A Luz acabou por dar um grande impulso nesta matéria? É uma aposta ganha?

 

RC - Mais que ganha.  A Luz Saúde foi pioneira neste ponto e este conceito foi recentemente referenciado no WONCA. Quem trabalha no SNS sabe a dificuldade que os médicos de família têm na referenciação de utentes para as especialidades hospitalares ou mesmo para discutir casos clínicos que necessitem apenas de uma orientação. Estando nós inseridos no ambiente hospitalar, a interação entre especialidades é muito mais fluida o que facilita uma abordagem multidisciplinar aos nossos utentes que são quem mais beneficia deste trabalho em equipa.

JN - Apesar de ser apenas a 2.ª edição deste evento, o Hospital da Luz Lisboa há vários anos que tem vindo a promover a comunicação e interação com a MGF da zona de influência do hospital, certo?  

 

RC - É verdade. Inicialmente o programa dos Médicos Associados do Hospital da Luz (programa responsável pela gestão de utentes referenciados por médicos externos à Luz Saúde, maioritariamente médicos de família) promovia sessões clínicas mensais para a MGF com a abordagem de diversos temas e a participação de colegas de MGF e de outras especialidades. Com a Pandemia tentámos manter as sessões em formato on-line, mas rapidamente percebemos que não era o caminho que queríamos seguir. Com o término da pandemia surgiu a ideia de, em vez de mantermos as sessões mensais, fazermos um evento anual, de maior dimensão e que fosse uma mais-valia na formação dos médicos de família.

Na minha opinião, sendo a MGF uma especialidade chave para o grupo Luz Saúde, não faz sentido não termos um evento importante para os médicos de família da grande Lisboa organizado pelos vários serviços de MGF do nosso grupo.

O nosso objetivo é que o Encontro na Luz se torne um evento cada vez mais presente e importante no panorama da MGF.



Rodrigo Camelo

JN - A ideia é também facilitar o processo de referenciação para a Luz e o acesso a apoios complementares, numa lógica de trabalho colaborativo?

 

RC - Sim. Há cada vez mais pessoas a recorrer a seguros de saúde porque não obtém uma resposta em tempo útil no SNS. Assim, se conseguirmos facilitar o processo de referenciação de utentes que frequentam as consultas nos cuidados de saúde primários do SNS e que queiram ser referenciados para uma das nossas unidades quem mais beneficia é o utente.

Também podemos mencionar médicos de família que trabalham em clínicas/consultórios e que precisam que referenciar os seus utentes para outras especialidades ou para exames que não conseguem realizar nos seus locais de trabalho.

O programa dos Médicos Associados do Hospital da Luz é um canal que permite que estas referenciações sejam simples e eficazes, através da referenciação no nosso portal ou por contacto direto com a nossa equipa.


JN - E como funciona o acesso dos médicos de família (externos) aos resultados de exames e relatórios?

RC - As referenciações recebidas pelo programa dos Médicos Associados são maioritariamente feitas através do nosso portal. Quando um caso é por nós recebido, a coordenação clínica analisa o mesmo e aprova se concordar. Após esta aprovação, se o utente consentir a troca de informação, o médico referenciador terá sempre acesso à informação atualizada sobre o processo e poderá discutir o caso com o médico para quem o utente foi referenciado.



JN - Em termos de gestão e comunicação da MGF da Luz com outras especialidades do Grupo, o que mais a diferencia? Que boas práticas podem ser destacadas?

 

RC - A facilidade de comunicação entre profissionais das várias especialidades é uma enorme mais-valia.

O Grupo Luz fomenta esta interação nomeadamente no desenvolvimento de diversos projetos onde estão presentes, no mesmo projeto, profissionais de diferentes especialidades.

Existem também as sessões clínicas do nosso Hospital, onde profissionais de todas as especialidades também se encontram presentes. Havendo relação e contacto frequente entre os profissionais, os processos são melhor e mais rapidamente resolvidos.

Esta interação, para além de beneficiar o utente como referi anteriormente, é uma enorme mais valia para nós profissionais, no nosso desenvolvimento e atualização clínica e no nosso crescimento pessoal.


JN - Pode inscrever-se qualquer médico interno ou especialista de MGF no evento?

RC - Claro. O Encontro na Luz é para todos os médicos de MGF e os internos de formação são muito bem-vindos. Para a nossa equipa, não faz sentido fazer um evento formativo e limitar o acesso a especialistas. Quem sabe se no futuro os internos presentes no nosso Encontro não serão colaboradores de uma das nossas Unidades.

 

Podem ser consultadas mais informações sobre a 2.ª edição do Encontro na Luz dedicado aos Cuidados de Saúde Primários aqui.

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