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Qualidade na Saúde: Centros de referência «são mais-valia para o desenvolvimento e inovação»

Alexandre Diniz, diretor do Departamento de Qualidade na Saúde da DGS, foi o convidado de honra da primeira palestra realizada ontem, durante a 7.ª Reunião Anual da APIC - Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular. A sua intervenção, subordinada ao tema “Centros de excelência e redes europeias. Como preparar o futuro?”, teve moderação de Miguel Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, e de Fausto Pinto, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte.

Em declarações à Just News, e referindo-se aos centros de referência, deixou claro que são “os mais diferenciados na hierarquia do conhecimento da prestação de cuidados de saúde e destinam-se a diagnosticar e tratar tanto as situações clínicas complexas, que requerem tecnologias mais diferenciadas, como as mais onerosas para o sistema de saúde, que  necessitam de uma concentração de competências”.

Por se tratar de centros altamente diferenciados, “dedicam-se também à investigação e à formação dos profissionais de saúde e, além disso, conectados entre si, partilham conhecimentos, ajudando ao desenvolvimento e à inovação”. São, por isso, “de grande importância”, afirmou o responsável da DGS.



Alexandre Diniz tem também uma opinião positiva quanto às redes europeias de centros de referência, que atualmente se encontram no seu início de formação. “Os centros nacionais têm hipóteses de poder vir a integrá-las e o facto de estarem articulados em rede a nível europeu favorece a troca de experiências e de conhecimentos”, observou.

Manifestou-se convicto de que “esta integração vai ser muito boa, quer para os cidadãos europeus, que têm acesso a estes centros altamente diferenciados para doenças complexas, quer para os profissionais e sistemas de saúde, que colaboram e se articulam entre si. A nível europeu é muito positivo, porque favorece a cooperação europeia”, concluiu.

“Acreditamos ser capazes de competir ao nível dos melhores"

Para Miguel Mendes, os centros de Referência para a área de Cardiologia de Intervenção Estrutural representam uma aposta na diferenciação da CI nacional, com concentração de recursos humanos e financeiros nos centros de hemodinâmica com maior volume, especialização e diversidade de casos, sempre num contexto de qualidade, envolvendo as vertentes assistencial, formativa e de investigação.

Quando questionado acerca das futuras redes europeias de centros de referência, o nosso entrevistado responde que se destinam a apoiar a mobilidade dos cidadãos e a uniformizar os cuidados de saúde no espaço da comunidade europeia.

“As redes vão promover a articulação transnacional dos centros, com partilha de protocolos organizativos e clínicos, estatísticas da atividade clínica e publicação dos resultados, pelo que todos sentirão necessidade de aferir a sua atuação pelo padrão mais elevado, o que certamente será relevante para a Saúde em cada país e no espaço europeu”, considera.

Miguel Mendes acredita que o impacto da lei transfronteiriça de cuidados de saúde na prática dos laboratórios de hemodinâmica nacionais será positivo. “Os nossos centros de referência em Cardiologia de Intervenção Estrutural vão ser capazes de ombrear com os dos outros países da Europa”, afirma, acrescentando não esperar que venha a haver uma procura significativa de cuidados de saúde por parte de cidadãos de um determinado país nos países vizinhos.


No seu entender, os grandes benefícios para os centros portugueses virão da partilha de experiências e da comparação de resultados com os de outros países, o que será promotor da melhoria constante dos nossos centros.

O presidente da SPC salienta que a CI e a Cardiologia nacionais gostam de desafios e de competições saudáveis, pelo que “não os temem”. “Acreditamos ser capazes de competir ao nível dos melhores. Só necessitamos de nos organizar em ordem a um bem comum superior e que nos sejam disponibilizadas condições de trabalho e de financiamento de nível europeu”, conclui.

Alexandre Diniz com Fausto Pinto e Miguel Mendes.

“As futuras redes europeias vão aumentar a qualidade do trabalho”

Fausto Pinto, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte, considera que a decisão de criar os recentes centros de Referência para a área de Cardiologia de Intervenção Estrutural é “muito positiva”, uma vez que permite concentrar aquelas que são as atividades de excelência e exige uma diferenciação elevada nas principais unidades nacionais.

“Tendo em conta a dimensão e os recursos do país, considero ser uma mais-valia, que vai permitir concentrar nos centros, com condições para desenvolver este tipo de prática, o tratamento destes doentes, que será cada vez mais frequente”, menciona. E acrescenta: “O número de doentes está a crescer, pois, muita da patologia estrutural está relacionada com o envelhecimento. É muito positivo que tenhamos centros em número que permita acorrer à população que necessite deste tipo de tratamento.”

No entender de Fausto Pinto, as futuras redes europeias de centros de referência serão, também, “muito importantes”, pois, vão permitir estabelecer uma ligação entre os centros de vários países. “Isto vai possibilitar a troca de experiências e, eventualmente, de formas de colaboração que permitam, inclusive, a hipótese de mobilidade, quer dos profissionais de saúde, quer dos próprios doentes”, indica, afirmando que o facto de podemos estar integrados em redes europeias vai aumentar a qualidade do trabalho praticado em cada um dos centros.

Este aumento de exigência para os laboratórios e instituições em questão é, no seu entender, “muito positivo”, porque vai fazer com que, numa área “tão tecnológica” como é a Cardiologia de Intervenção, exista uma adequação em termos de custo dos laboratórios pertencentes à rede de referenciação.

“Haverá uma competição entre as instituições, que acabará por reforçar a capacidade de modernizarem os seus equipamentos e métodos”, frisa. Fausto Pinto considera que a Cardiologia de Intervenção portuguesa está preparada para enfrentar os desafios que se avizinham e que os mesmos são benéficos tanto para a população em geral como para doentes e médicos.

“Esta é uma área muito dinâmica, em que se verificam avanços constantes. É importante haver uma atenção muito especial por parte da tutela, para que os centros de referência se mantenham ao nível daquilo que, hoje em dia, está perfeitamente definido em termos internacionais”, conclui.

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