Clínica de Ambulatório de Medicina Interna da ULS Oeste alivia o Internamento e a Urgência

A funcionar desde janeiro de 2025 no Hospital das Caldas da Rainha, a Clínica de Ambulatório de Medicina Interna (CAMI) da ULSO tem como objetivo central aliviar o Internamento e a Urgência. Dirigida, para já, aos doentes com diabetes, obesidade, insuficiência cardíaca e doença renal crónica, esta estrutura pretende vir a dar um a resposta semelhante também nas áreas das doenças autoimunes e do VIH. A CAMI conta com um a equipa multidisciplinar dedicada a realizar consulta, atividade de hospital de dia e sessões de educação terapêutica.

A resposta de proximidade prometida pela CAMI inicia-se assim que os doentes chegam ao local onde está instalada e tocam à campainha. “Somos nós, médicos e enfermeiros, que, preferencialmente, vamos recebê-los à porta, porque queremos que esse contacto de proximidade seja feito desde o primeiro momento em que entram na CAMI. Adicionalmente, conseguimos retirar logo muita informação nessa ocasião, nomeadamente, se conseguem caminhar e se estão ou não cansados”, refere Joana Louro, internista e coordenadora da CAMI.

Sediada no Hospital das Caldas da Rainha, a CAMI responde à população da área de influência das unidades de Caldas da Rainha e de Peniche, que integram a ULS do Oeste.



A equipa nuclear é constituída por cinco especialistas em Medicina Interna, presentes de forma rotativa, duas enfermeiras a tempo inteiro e uma terceira a tempo parcial, um técnico auxiliar de saúde e um grupo de secretariado, contando ainda com o apoio da Psicologia, da Fisioterapia, da Nutrição, do Serviço Social e dos Serviços Farmacêuticos.


Recebem ainda a consultadoria de algumas especialidades do hospital, como a Cardiologia, e, aos poucos, têm vindo a criar pontes com valências exclusivas de instituições centrais, como é o caso da Nefrologia do Hospital de Santa Maria, de forma a poderem contar com o seu apoio na gestão de doentes mais complexos e até a encaminhar alguns casos, se necessário.


Joana Louro

Foi só no início deste ano que a CAMI nasceu, contudo, o Serviço de Medicina Interna das unidades de Caldas da Rainha e de Peniche já tinha algum histórico relativamente a respostas em termos de de hospital de dia. A primeira surgiu em 2017, com o arranque do Hospital de Dia de Diabetes, num gabinete da zona das Consultas Externas. Em 2023, a equipa transitou, já enquanto Unidade de Diabetes, para um espaço que tinha acolhido a Área Dedicada a Doentes Respiratórios e que não estava, entretanto, a ser utilizado.


No ano seguinte, a designação alterou-se para Unidade de Diabetes e Obesidade, tendo agora, em 2025, evoluído para CAMI, dada a maior abrangência de valências usadas para  responder às pessoas que vivem com doenças crónicas.



“A CAMI surgiu num contexto em que percebemos que, perante limitações de recursos físicos e humanos patentes num pequeno hospital, não podíamos criar clínicas individualizadas de diabetes, obesidade, insuficiência cardíaca e doenças autoimunes. Por sua vez, tínhamos, sim, de reunir esforços e capacitação para responder às pessoas que vivem com doenças crónicas! Por outro lado, perante um hospital que apresentava uma forte afluência à Urgência e uma reduzida capacidade estrutural de Internamento, num contexto em que a prevalência das doenças crónicas numa população cada vez mais envelhecida tem aumentado consideravelmente, havendo cada vez mais doentes a padecer de patologias tão graves e complexas como a diabetes e a insuficiência cardíaca, precisávamos de os retirar do circuito hospitalar do Internamento e da Urgência”, explica.


Somava-se o facto de “o rápido avanço tecnológico e farmacológico destas patologias exigir estruturas capazes de oferecer a melhor resposta do ponto de vista de celeridade terapêutica”.

A equipa considerou, assim, que “fazia todo o sentido ampliar as valências para além da resposta que já existia no âmbito da diabetes e da obesidade, e partilhar recursos físicos e humanos por uma questão de otimização mas também pelo facto de os doentes terem várias patologias. Basta pensar que muitas das pessoas que vivem com diabetes sofrem também de IC e de doença renal crónica. A junção dos doentes numa estrutura cardio-reno-metabólica seria muito benéfica e permitiria disponibilizar uma resposta mais holística, contínua e de maior proximidade”.



A necessidade de reforçar a equipa para ampliar a resposta além das situações programadas Com a criação da CAMI, passaram a ser também acompanhados casos de insuficiência cardíaca e o objetivo é que, futuramente, possam ser incluídas pessoas que vivem com doenças autoimunes, que têm estado a fazer os seus tratamentos no Hospital de Dia Polivalente, e doentes VIH.

 

Assim, atualmente, esta estrutura é composta pelas valências de Hospital de Dia e de Consulta. Ao Hospital de Dia de Diabetes e Obesidade, já existente, juntou-se, com o arranque da CAMI, a área de IC. A atividade programada abrange as consultas de Diabetes (Tipo1, 2 e Gestacional), Obesidade, IC e Doença Renal Crónica, que são realizadas exclusivamente no período da tarde.


Soma-se ainda a Consulta CAMI, disponível durante a manhã, para “responder de forma rápida a situações pontuais, como seja a doentes que necessitem de fazer titulação ou ajuste de terapêutica, controlo analítico, ou que precisem de uma reavaliação breve após uma alta precoce”.


Como previsto, “esta abordagem de maior proximidade veio mesmo retirar os doentes da Urgência e permitir dar altas mais precoces, dado ser garantida uma continuidade terapêutica em hospital de dia”.

Para já, a maior prioridade é o reforço da equipa, principalmente de enfermagem, considerando que, “apesar da criação desta nova atividade, não foi disponibilizado qualquer recurso extra, obrigando à reorganização dos recursos humanos já existentes e penalizando, assim, o próprio Serviço de Medicina Interna, para responder a esta valência”.



Na prática, as enfermeiras que até então estavam dedicadas à diabetes e à obesidade tiveram de fazer formação em IC, e a atividade que desempenhavam teve de ser reduzida para conseguirem dar resposta também à IC. Joana Louro aponta ainda a necessidade de haver uma nutricionista a tempo inteiro na equipa e de reforçar o grupo de fisioterapeutas.

Por outro lado, “propondo-se a CAMI a disponibilizar cuidados de proximidade às pessoas que vivem com doenças crónicas e que, inevitavelmente, têm agudizações, e tendo como objetivo retirá-las dos circuitos da Urgência e do Internamento, a CAMI acaba por ser ‘a casa’ que estas pessoas procuram”, evidencia Joana Louro, adiantando que “os doentes têm recorrido cada vez mais à clínica fora das situações programadas, por real necessidade, e a equipa não tem capacidade para satisfazer tanta procura”.

Efetivamente, “apesar desta nova resposta, a capacidade instalada não tem sido suficiente para atender às necessidades da população, que valoriza e precisa muito destas portas de entrada e destes contactos de proximidade, que são fundamentais na gestão da doença crónica, na melhoria da qualidade de vida e na redução das hospitalizações”.



Numa segunda fase, a equipa ambiciona poder receber doentes que necessitem de uma observação célere pelo internista, que possa ser realizada no espaço de uma semana. “Estamos a falar, por exemplo, de doentes com patologia crónica agudizada ou patologia aguda, que precisem de ser avaliados do ponto de vista diagnóstico ou terapêutico, mas cuja situação não exija que sejam vistos na Urgência”, ilustra, acrescentado como tal poderá ser também “uma mais-valia na resposta aos colegas de MGF, que precisam de apoio a esse nível”.

Se, pontualmente, já têm vindo a ser realizados mielogramas, punções lombares, toracocenteses e paracenteses, o objetivo é que se possam fazer essas técnicas diagnósticas e terapêuticas de forma programada e rotineira, retirando essa atividade da Urgência.


A reportagem completa pode ser lida na edição de julho do Jornal Médico.

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