Cepheid Talks

Colonoscopia em regime convencionado com SNS: qual a realidade?

“Desde há longos anos que a endoscopia gastrenterológica convencionada com o SNS desempenha um papel fundamental em Portugal Continental, no que diz respeito ao apoio técnico gastrenterológico necessário para as populações”, considera José Cotter, especialista em Gastrenterologia e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG). Na sua opinião, “estas convenções têm uma importância ímpar na proximidade dos cidadãos aos cuidados especializados”.

“É reconhecido que a insuficiência de meios (humanos, em primeiro lugar, tecnológicos, em segundo) de que padecem os hospitais na era atual, previsivelmente para manter nos tempos mais próximos, faz com que não tenham qualquer possibilidade de fornecer uma resposta atempada à população ‘extra-hospitalar’ e aos MF.”

Desta forma, refere, “mais importante se torna a implantação no terreno de uma rede de convencionados eficaz, comprovadamente mais económica do que os cuidados hospitalares públicos, com qualidade, auditada, mais cómoda e acessível pelas populações e de fácil diálogo com a MGF, que constitui o grupo profissional mais interessado no seu bom funcionamento. Na atualidade, em algumas zonas geográficas, este bom enquadramento está conseguido (Norte), em outros é razoável (Centro), sendo insuficiente nos restantes (Sul)”.

Segundo o especialista, a revisão recente da tabela das colonoscopias por parte da ACSS, englobando a possibilidade de albergar a sedação/analgesia, melhorou qualitativamente os cuidados prestados e a adesão da população à colonoscopia, esperando-se que tal possa ter, a médio prazo, resultados palpáveis na diminuição da incidência do cancro do cólon e no aumento da taxa de população rastreada para a mesma doença.

José Cotter defende que para isso também pode contribuir o “aclaramento recente por parte da ERS, de acordo com o que são as boas práticas gastrenterológicas e endoscópicas, referente à obrigatoriedade de excisar os pólipos diagnosticados durante a colonoscopia, interrompendo assim a principal via, que neste órgão vai da benignidade até à malignidade”.

NOC destacam importância dos MF no rastreio do cancro do cólon e reto

De acordo com José Cotter, a recente elaboração de Normas de Orientação Clínica (NOC) sobre Rastreio de Cancro do Cólon e Reto (CCR) e de Prescrição de Colonoscopia, elaboradas pela DGS e, atualmente, em período de discussão pública, enfatizam a importância dos MF no respeitante ao rastreio do CCR, ao mesmo tempo que evocam o imprescindível papel dos centros convencionados de endoscopia gastrenterológica na realização das colonoscopias.

“Existe a firme esperança de que, com a prevista melhoria da rede de colonoscopias convencionadas com o SNS, particularmente no sul do continente, balizada pela entrada em funcionamento das citadas NOC, se possa melhorar a capacidade de resposta para padrões aceitáveis, otimizar a acessibilidade e descongestionar hospitais públicos, assoberbados e vocacionados para doentes agudos e, como tal, em muitos casos incompatíveis com cuidados preventivos, permitindo-se desta forma diagnosticar e tratar atempadamente inúmeros cidadãos com doenças do intestino ou mesmo realizar um rastreio eficaz e atempado do cancro do cólon e reto”, conclui.


Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda