Congresso de Estocolmo traz «ânimo» aos médicos portugueses que tratam pessoas com diabetes

A reunião anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes “veio trazer, mais uma vez, aos profissionais portugueses e de todo o mundo, mais ânimo para um futuro diferente à pessoa com diabetes”, sublinha Estevão Pape, um dos médicos que se deslocou a Estocolmo, na Suécia, para acompanhar o maior encontro europeu de especialistas que se dedicam ao estudo da diabetes.

Entre os cerca de 18 mil especialistas presentes no encontro anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD) estiveram cinco a seis dezenas de médicos portugueses, a maioria internistas, envolvidos no estudo da diabetes mellitus e que assumem “uma preocupação com as pessoas com diabetes, a quem dão o seu dia a dia em várias organizações, centros de saúde e hospitais e que dedicam, de forma dinâmica, o seu tempo à pessoa com diabetes”, explica Estevão Pape, membro do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

O facto de ser elevada a prevalência de doentes com diabetes nos serviços de Medicina Interna, devido a complicações da doença, faz com que os internistas estejam particularmente sensibilizados para a diabetes e para eventos com a dimensão da EASD.

“São os especialistas de Medicina Interna que, no seu quotidiano, se preocupam com a prevalência brutal de diabéticos internados nos seus serviços”, argumenta o médico, destacando a importância que o NEDM tem dado a este flagelo hospitalar, através de estudos e protocolos de colaboração, em especial com a Sociedade Portuguesa de Diabetologia.

É por isso que o médico – que é também diretor do Serviço de Consultas Externas do Hospital Garcia de Orta e coordenador da Clínica da Diabetes do SAMS – chama a atenção para a importância da criação de equipas multidisciplinares no combate à doença, tendo os médicos de família como primeiros aliados.



A relação entre os eventos cardiovasculares e a diabetes foi o tema principal da edição deste ano da EASD, onde foi apresentado um estudo sobre um fármaco que reduz a morte por complicações cardiovasculares.

Os dados relativos ao ensaio foram divulgados, em primeira mão, para uma audiência de cerca de oito mil especialistas. Estevão Pape garante que entusiasmaram a comunidade médica pelo facto de demonstrarem que a administração do fármaco – o empagliflozina, usado no tratamento da diabetes tipo 2 – reduz a taxa de mortalidade por causas cardiovasculares em cerca de 30%. E em 38% a hospitalização por insuficiência cardíaca.

“Tem um impacto muito grande na atividade hospitalar. Esta é uma questão que diz muito aos internistas porque são eles que, nos seus serviços, acolhem estes doentes”, explica.

O estudo em causa, designado por “EMPA-REG Outcome”, foi desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos e envolveu mais de sete mil doentes de 42 países. O fármaco não é comercializado em Portugal, mas é administrado em grande parte dos países europeus, caso da Alemanha e da França.

“Nós temos fármacos que cheguem, o que não temos é estudos, e os que existem não tinham comprovado a redução significativa de eventos cardiovasculares”, explica.

Segundo Estevão Pape, outro dos temas que esteve em debate foi o tratamento da diabetes no idoso, “Temos cada vez mais idosos. Devemos fazer um tratamento mais agressivo ou não? Chegámos à conclusão de que talvez seja melhor ter alguma cautela com a utilização de alguns fármacos, que podem causar hipoglicemias e agravar a situação”, remata.

Grande parte dos especialistas que esteve em Estocolmo pertence à Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e às sociedades portuguesas de Medicina Interna, de Diabetologia e de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Estarão, aliás, na linha da frente dos trabalhos preparativos da 53.ª reunião da EASD, que decorrerá em Lisboa, daqui a dois anos.














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