KRKA

Consulta de Enfermagem de Doenças Autoimunes: «Tornamos os doentes mais independentes»

Foi "sem hesitar" que Liliana Costa aceitou o convite para assumir a responsabilidade pela Consulta de Enfermagem de Doenças Autoimunes do Hospital Particular do Algarve.

Esta nova valência surge no âmbito do projeto desenhado pelo internista Carlos Carneiro, responsável pelo Departamento de Doenças Autoimunes do Grupo HPA Saúde, e que visa a constituição de uma equipa multidisciplinar para acompanhar estes doentes.

O primeiro passo dado pela enfermeira, em 2022, consistiu na criação de uma base de dados com a informação clínica de todos os doentes inscritos na consulta médica e a estruturação da consulta, sendo que o contacto com o doente apenas arrancou este ano.

“Nesta fase inicial, tenho estado mais direcionada para o doente autoimune a fazer terapia biológica, pelo risco acrescido de complicações que advém desta terapêutica, daí a maior necessidade de monitorização e também de ensinos ao doente, nomeadamente com a administração da medicação, que é na sua maioria subcutânea. Mas o objetivo é alargar a minha intervenção a todos os pacientes e às várias patologias tratadas em consulta médica”, refere.


Liliana Costa: "Queremos que antes da consulta médica seja feita a avaliação pela enfermagem”

Mas, afinal, estes doentes precisam de uma equipa multidisciplinar porquê? “Porque está provado ser um fator decisivo para a adesão do doente ao tratamento e, consequentemente, a estabilização da doença e a melhoria da sua qualidade de vida, assim como das suas famílias.

E porque se trata de pacientes com alterações a vários níveis, cognitivos, psicossociais, físicos e até nas relações interpessoais, sendo que no caso da terapia biológica há ainda que adicionar o fator do risco de infeção acrescido, havendo, por isso, a necessidade de uma maior monitorização de possíveis complicações, de forma a reduzir o agravamento da sua condição.”

“Enquanto não surgem deformações articulares, por exemplo, que causam uma alteração da imagem corporal, estas pessoas têm limitações e desafios constantes. Têm normalmente dor crónica, fadiga e depressão associadas, o que vai com frequência contribuir para que haja reformas antecipadas e muitas baixas por incapacidade. Começam a não ser compreendidas, são apelidadas de preguiçosas e acusadas de não quererem trabalhar”, acrescenta Liliana Costa.

A enfermeira esclarece que começou por recorrer ao modelo de teleconsulta por achar que seria “a forma de chegar o mais rápido possível a um maior número de pessoas” mas também por aquelas serem, por vezes, de áreas geográficas afastadas do Algarve, como o Alentejo ou a região de Lisboa.

A recetividade tem sido “uma surpresa positiva”: “Quando faço uma chamada, não estou a contabilizar o tempo, dando-lhes possibilidade de falarem sem limitações, o que permite estabelecer uma relação terapêutica muito boa, um maior conhecimento do doente e das suas particularidades, conseguindo a fidelização à consulta.”

“O que nós pretendemos é que antes da consulta médica seja feita a avaliação pela enfermagem em intervalos regulares, o que vai permitir, com as ferramentas utilizadas na consulta – nomeadamente, questionários para avaliação da qualidade de vida e escalas de atividade da doença –, avaliar o impacto da doença na sua vida, assim como a evolução da doença, detetando possíveis complicações ou agudizações, para que o tratamento possa ser ajustado o mais rapidamente possível”, especifica Liliana Costa.


Liliana Costa com o internista Nuno Fernandes e Carlos Carneiro, coordenador do Departamento de Doenças Autoimunes 

No caso específico da dor, “importa ser avaliada de forma mais multidimensional, por ser muito subjetiva em relação a cada um, tendo sido, por isso, implementada uma escala própria. É também feita uma avaliação da saúde mental e emocional do doente através de questionário próprio”.

As patologias sob terapia biológica com que, nesta fase, a enfermeira mais lida são a artrite reumatoide, a artrite psoriática e a espondilite anquilosante, tendo-se munido de toda a informação possível sobre as mesmas, que partilha com os doentes.

“Realmente, o ideal é que estas pessoas tenham, para além do apoio médico, acompanhamento da enfermagem, que, para além do que já foi referido, vai ajudar a coordenar os cuidados ao doente, atuando paralelamente com outros profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas. Garante-se, assim, o melhor tratamento possível e atinge-se o objetivo comum a todos os profissionais que é a remissão da doença”, conclui Liliana Costa.

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda