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Consulta de Imunomodulação e Risco de Infeção é a que «mais sustentadamente tem crescido»

"Cada vez internamos menos e, sempre que possível, por períodos curtos, porque é muito disruptor da vida das pessoas", afirma Cândida Abreu, infeciologista do São João e coordenadora da Consulta de Imunomodulação e Risco de Infeção. E sublinha: "Tudo o que conseguirmos fazer em ambulatório, evitando o internamento, é excelente."

Além de acompanhar doenças infeciosas clássicas, a médica segue doentes com patologias inflamatórias imunomediadas tratados com fármacos imunomoduladores e imunossupressores, fazendo o rastreio e a prevenção de doenças infeciosas e a investigação diagnóstica na sua suspeita.

No Hospital de Dia de Doenças Infeciosas, coordenado por Rosário Serrão, a possibilidade de os doentes irem à consulta e poderem, de seguida, colher as análises e fazer alguns exames de imagem é, para si, "uma mais-valia, por diminuir o número de vindas ao hospital e acelerar todo o processo".



Maior número de referenciações


Cândida Abreu avança que a Consulta de Imunomodulação e Risco de Infeção (CIRI), criada no final de 2009, com o objetivo de servir de apoio aos colegas das especialidades que veem doentes com doenças inflamatórias imunomediadas, esteve na base do seu projeto de doutoramento.

“Comecei a fazer este tipo de avaliação em doentes com doença inflamatória intestinal antes de serem iniciados os fármacos biológicos. Esta atividade cresceu e generalizou-se a doenças inflamatórias reumatológicas, dermatológicas e neurológicas", refere, sendo que não há qualquer dúvida quanto ao impacto da Consulta CIRI: "Tem sido a que mais sustentadamente tem crescido ao longo dos anos no total das consultas do serviço."

De acordo com a médica, "a Gastrenterologia foi a primeira especialidade a enviar-nos doentes e continua a ser das que envia em maior número, concretamente, casos de doença de Crohn e de colite ulcerosa. Mas há muitas outras, como a Reumatologia, com lúpus e artrites reumatoide e psoriática a Dermatologia, com psoríase ou a Neurologia, com esclerose múltipla”.

Na sua opinião, o facto de “haver agora muitas opções terapêuticas para os doentes com doenças inflamatórias imunomediadas que não existiam há uns anos fez com que o número de referenciações tivesse aumentado”.

Apesar de as doenças inflamatórias imunomediadas corresponderem àquelas que têm mais peso nesta Consulta, também as patologias onco-hematológicas e os transplantes renais, cardíacos e porventura hepáticos têm representação.


"Em Infeciologia, não há nada que seja estático ou imutável"

Fruto da evolução que existiu nos últimos anos, a infeciologista esclarece que foram entretanto desenvolvidas novas valências no âmbito do Serviço de Doenças Infeciosas, dirigido por Lurdes Santos. É o caso da recente constituição da Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis, onde se procura fazer “um rastreio mais alargado, sendo que muitos acabam por ser encaminhados para a Consulta de PrEP a agentes de transmissão sexual e sanguínea”.

Quanto a outras consultas que são disponibilizadas aos utentes, Cândida Abreu refere a Consulta de Hepatologia e nota que, “apesar de os novos tratamentos terem possibilitado tratar todos os doentes com hepatite C, o mesmo não se passa com aqueles que têm hepatite B crónica, devido à inexistência de fármacos que eliminem o vírus, o que significa que continua a haver necessidade de ter uma Consulta de Hepatites”.


Cândida Abreu

Relativamente à Consulta do Viajante, Cândida Abreu fala numa “maior procura durante os meses da primavera e verão e em fases de maior migração, como aconteceu há alguns anos, por volta de 2008, quando as pessoas foram em grande número trabalhar para Angola. Por vezes, regressavam com malária, tratada já em regime de internamento no Serviço”.

Neste âmbito, sublinha: “Em Infeciologia, não há nada que seja estático ou imutável", o que tem levado a equipa do Serviço de Doenças Infeciosas a um ajuste permanente aos novos desafios.

Assim, acrescenta, "o foco vai sempre mudando – por exemplo, na Consulta de Medicina de Viagem, os destinos são agora muito diferentes do que eram há cinco ou sete anos e, por consequência, também o risco infecioso associado mudou. Igualmente, o risco de infeção associado a fármacos imunossupressores /imunomoduladores vai sendo diferente consoante o fármaco em questão, as comorbilidades e o passado em termos de terapêutica do doente. Existe uma evolução muito continuada em relação a tudo o que fazemos, o que é muito interessante.”

Consulta de Antibioterapia

No âmbito das mais valias realizadas em ambulatório, Cândida Abreu destaca ainda a existência da Consulta de Antibioterapia, “para situações mais complexas de agentes infeciosos hospitalares multirresistentes, isolados em doentes muito experimentados em termos de antibióticos e com frequência muito debilitados”.

Realça que doentes com próteses vasculares, osteoarticulares e outras com internamentos prolongados são “um grave problema também em ambulatório e exigem uma equipa dedicada e multidisciplinar para o seguimento de tratamentos prolongados”.

"Um desafio cada vez mais importante"

O controlo da infeção hospitalar é hoje, no seu entender, “um desafio cada vez mais importante", precisamente porque "há um número crescentemente maior de pessoas mais imunodeprimidas, com comorbilidades, idade avançada, a fazer mais ciclos de antibioterapia de largo espetro, num ambiente em que há risco de contraírem agentes infeciosos mais difíceis de tratar”.

Além disso, “esses agentes podem transmitir-se entre as pessoas internadas e também os profissionais de saúde podem ser um veículo de transmissão”.

Assim, e em jeito de conclusão, faz questão de sublinhar que “as medidas de prevenção de transmissão destes agentes são muito importantes, pois evitam situações de doença potencialmente fatal”. 



A entrevista com Cândida Abreu faz parte de uma reportagem sobre o Serviço de Doenças Infeciosas do São João, publicada na última edição do Hospital Público.

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