Cepheid Talks

Controlo de infeções: PPCIRA vai intervir mais nos cuidados primários e continuados

Embora os casos de infeções hospitalares sejam os mais denunciados, o Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA) tem também grande preocupação com as infeções a nível dos cuidados de saúde primários e dos cuidados continuados, afirma Maria do Rosário Rodrigues, a nova diretora do Programa, desde o início de setembro.

Em declarações à Just News, a diretora do Serviço de Medicina Interna do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde é também coordenadora do Projeto “STOP Infeção Hospitalar!”, sublinha a importância de dar mais atenção a estes dois níveis de cuidados:

“Os doentes transitam e circulam pelas variadas tipologias de instituições de cuidados de saúde – das unidades de CSP para os lares, das residências de idosos para as unidades de cuidados continuados, nas suas variadas tipologias. E esse é o importante ciclo para a disseminação da infeção”.



Segundo Maria do Rosário Rodrigues, Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer nessa área. “Alguma coisa já tem sido feita, mas, predominantemente, temos estado a trabalhar na área hospitalar. No entanto, não podemos esquecer os CSP e os cuidados continuados”.

E é precisamente para que a intervenção do PPCIRA se consiga focar mais nestas áreas que a médica procurou integrar na sua equipa multidisciplinar, que inclui especialistas em determinadas áreas de infeção, profissionais de saúde dos cuidados primários e dos cuidados continuados, tendo também o objetivo de vir a integrar um especialista em Microbiologia.

Premiar quem fomenta boas práticas

Maria do Rosário Rodrigues defende que é importante realizar formação interna em cada unidade de saúde. O objetivo é que os profissionais nunca se esqueçam das medidas fundamentais no controlo da infeção, como os “cinco momentos na lavagem das mãos” ou as precauções a ter quando um doente está em isolamento.

A médica sublinha que "é fundamental" o trabalho desenvolvido pelos grupos locais do PPCIRA, alocados em todos os hospitais do país "e que são responsáveis pela implementação de uma série de atitudes, comportamentos e ensinamentos aos seus profissionais".

A médica considera que seria importante premiar quem tem boas práticas e quem as fomenta, com base no índice PPCIRA que, conforme explica, “no fundo, são indicadores a que os hospitais têm de responder para atingir estes objetivos”.

Educar para a saúde "desde muito cedo"

O PPCIRA tem algumas campanhas que a sua diretora gostaria de ver mais dinamizadas e que se destinam particularmente ao cidadão comum, como a Campanha para a Utilização Segura de Antibióticos em Portugal-PorCausa, que se pretende que seja um canal de comunicação entre o cidadão comum e os profissionais de saúde, e o Guardião dos Antibióticos, que, apesar de ser dirigida aos profissionais de saúde, não deixa de ter alguma informação para o grande público, pois, é promovida nos cuidados de saúde primários.



Outro projeto que se pretende implementar nas escolas é o e-Bug. Segundo Maria do Rosário Rodrigues, o problema do uso adequado dos antibióticos já é abordado na disciplina de Biologia no 9.º ano, mas o PPCIRA quer fornecer às camadas mais jovens da população e, inclusivamente, aos professores, uma ferramenta que os possa ajudar nas suas aulas para fazer o ensino e a sensibilização sobre esta desde muito cedo.

Esta plataforma terá ainda a vantagem de fomentar a ligação entre as equipas de saúde pública e as equipas de coordenação regional do controlo de infeção.

“Julgo que é fazendo educação desde as camadas mais novas que vamos começando a melhorar, havendo necessidade de começar a promover a educação para a saúde desde muito cedo”, frisa.

Cuidados continuados: Portugal participa em inquérito europeu

Segundo a diretora do PPCIRA, estão neste momento a ser ultimados os resultados do último inquérito europeu de prevalência de infeção em cuidados agudos, no qual Portugal participou. O mesmo permitirá perceber qual a real situação do país nesta matéria.

Está também em fase final um inquérito de prevalência de infeção nos cuidados continuados – HALT 3 –, "que envolve os quatro tipos de unidades de cuidados continuados que existem (de longa duração, média, convalescença e paliativos)". De acordo com Maria do Rosário Rodrigues, trata-se do primeiro inquérito realizado a nível europeu no âmbito dos cuidados continuados com esta dimensão.





A notícia completa pode ser lida na edição de outubro do Hospital Público.

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda