Criação da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Endócrina: «A reação tem sido muito positiva»

Oficialmente apresentada há um mês, a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Endócrina (SPCENDO), presidida por João Capela da Costa, permitirá "congregar as especialidades médicas cirúrgicas e não cirúrgicas, bem como profissões não médicas envolvidas no tratamento dos doentes com esta patologia, o que até agora não existia". 

Maior conhecimento e valorização da cirurgia endócrina

Em declarações à Just News, o médico adianta que a nova estrutura visa também promover a colaboração "com sociedades civis e de apoio a estes doentes, incrementar o conhecimento e reconhecimento nacional e internacional da cirurgia endócrina, bem como aumentar a literacia em saúde da população portuguesa na patologia endócrina".

E como deve ser caracterizada a Cirurgia Endócrina? "É a área da cirurgia geral que se dedica ao tratamento cirúrgico da patologia das glândulas endócrinas: a tiróide, as paratiróides, as supra-renais e as células neuroendócrinas gastroenteropancreáticas."


João Capela da Costa

Promover a formação e a investigação


De acordo com o cirurgião, um dos principais propósitos da equipa que lidera a SPCENDO "é promover e estimular a formação específica e acreditada, através do ensino qualificado e da divulgação científica regular da Cirurgia Endócrina em Portugal".

Neste contexto, os profissionais estão empenhados em "divulgar a atividade científica e o conhecimento atualizado, organizar e promover a participação em reuniões e cursos científicos e estimular e divulgar projetos de investigação científica no campo da cirurgia endócrina".

Foco na acreditação das unidades de cirurgia endócrina

Outro dos objetivos passa por incentivar e promover a "acreditação nacional e internacional das unidades de cirurgia endócrina em Portugal", uma medida que João Capela da Costa encara como um "passo inevitável".

E, na sua opinião, é fácil de compreender a importância deste desenvolvimento: "A progressiva melhoria dos resultados obtidos depende da capacidade de interpretação dos quadros clínicos, laboratoriais e imagiológicos, assim como da destreza técnica do cirurgião, que só será possível obter com a prática operatória repetida, resultante da referenciação preferencial dos doentes a estas unidades."

Contudo, faz questão de salientar que, "naturalmente, os resultados serão melhores se houver um trabalho multidisciplinar com outras especialidades médicas, sobretudo a endocrinologia, imagiologia, anatomia patológica e medicina nuclear, assim como com outras áreas da cirurgia geral e, ainda, com outros profissionais de saúde, como a enfermagem, a fisioterapia e a nutrição".

Apresentação em reunião da Sociedade Portuguesa de Cirurgia

Criada pelos seus fundadores em julho, a SPCENDO incorporou os restantes corpos sociais em setembro deste ano e foi apresentada oficialmente à comunidade científica pouco tempo depois, dia 10 de novembro, no IPO Porto.

A nova sociedade científica foi dada a conhecer no âmbito da Reunião Anual do Capítulo de Cirurgia Endócrina da Sociedade Portuguesa de Cirurgia "e o feedback foi muito bom", afirma o cirurgião, lembrando que "a reação dos colegas das várias áreas médicas, e não apenas dos cirurgiões, tem sido muito positiva em relação à criação da nova sociedade".


Sócios fundadores da SPCENDO: Henrique Candeias, Virgínia Soares, João Capela, Ana Oliveira, Rita Roque e Miguel Allen (ausente na foto: José Rocha)

De todo país, do privado ao público

Quanto à integração dos seus elementos, João Capela da Costa faz questão de salientar que houve um esforço e preocupação em que a SPCENDO tivesse uma representação nacional e o mais transversal possível:


"Os corpos gerentes e o conselho científico, assim como a comissão de ´senadores` que o apoia, integram profissionais de todo o país, incluindo os grandes hospitais, públicos e privados, de Lisboa, Porto e Coimbra, mas também de outras cidades, como é o caso de Viseu e Setúbal, assim como de São Miguel e Funchal."

Contudo, sublinha que, "mais importante é clarificar que a SPCENDO pretende congregar e contar com a colaboração de todos os que, em Portugal, se dedicam a estas patologias tão específicas".

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