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Cuidados Paliativos e Bioética: Quando se deixa «de ter o foco na doença»

A decisão de se optar por cuidados paliativos é das principais questões bioéticas com que se deparam os profissionais de saúde, segundo Pedro Varandas, diretor clínico da Casa de Saúde da Idanha, do Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus.

“É um momento-chave quando se decide que o conforto e a qualidade de vida superam a busca ativa por um diagnóstico”, disse à Just News aquele psiquiatra, a propósito do 6.º Seminário de Ética da Casa de Saúde da Idanha, que se realizou há dias e que teve como tema “A interrogação bioética em cuidados paliativos”.

"Tratar o que causa mais sofrimento"



Pedro Varandas, que assume atualmente a vice-presidência da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), acrescentou ainda que “quando a equipa, que é multidisciplinar, opta pelos cuidados paliativos está a olhar para a pessoa na sua completa humanidade, deixando de ter o foco na doença e passando a tratar o que mais lhe causa sofrimento”. 


No seu entender, é preciso controlar, sobretudo, a dor, a náusea, a dispneia e a angústia. “Além de tentar aliviar estes sintomas, é preciso envolver sempre os familiares e amigos, porque é uma forma de, nesta fase final, a pessoa ter qualidade de vida e dignidade”, defendeu.

Este tipo de tratamentos deve, no entender de Pedro Varandas, existir no domicílio. “Nem sempre é possível, porque alguns tratamentos paliativos apenas podem ser administrados em Internamento, ou então por falta de condições sociofamiliares de suporte. O ideal, contudo, é a pessoa morrer em casa com qualidade de vida e dignidade.”



Cuidados paliativos: "já existe outra sensibilidade"

Questionado sobre a escassez de oferta de cuidados paliativos, nomeadamente domiciliários, o psiquiatra diz estar convicto de que, nos próximos anos, essa realidade vai mudar. “A oferta no domicílio ou no ambulatório continua a ser manifestamente insuficiente em Portugal, mas temos dado passos importantes”, afirmou.

Acrescentando: “Não tenho dúvidas de que os cuidados paliativos tenderão a melhorar, hoje em dia, já se fala mais sobre este tema, existe outra sensibilidade quer por parte da população como dos profissionais de saúde.”



No decorrer do seminário, também se prestou homenagem a Daniel Serrão, especialista em Ética da Vida e que faleceu no início do ano. “Não o conheci pessoalmente, mas o seu pensamento e a sua escrita sobre questões bioéticas é um legado muito importante, que deve ser estudado e relembrado pelas gerações futuras”, comentou.



Esta homenagem “simples e singela” aconteceu no decorrer na sessão de abertura, na qual o padre Vasco Pinto Magalhães, que foi cofundador do Centro de Estudos de Bioética, fez uma reflexão sobre “A ética da vulnerabilidade – Resposta à vulnerabilidade em Portugal”.



Na mesa da sessão de abertura estiveram ainda presentes, para além de Pedro Varandas, Laurinda Faria, responsável pela área da Formação do Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, e Luís Leão Miranda, presidente da Comissão de Ética da Casa de Saúde da Idanha.



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