Dar mais autonomia aos gestores dos hospitais
Internistas e gestores da Saúde convergiram hoje na necessidade de dar mais autonomia aos gestores dos hospitais e de promover uma maior competitividade entre os setores público e privado no debate sobre “A Medicina Interna, o sistema de Saúde e a crise económica”, no âmbito do XXI Congresso Nacional de Medicina Interna, a decorrer em Vilamoura. Mudanças que incluem um reforço do papel do internista.
Para Manuel Pizarro, internista e ex-secretário de Estado da Saúde, grande parte dos problemas no setor deve-se à “falta de articulação entre os diferentes níveis da Saúde”. Defendeu, por isso, a necessidade de implementar “uma verdadeira reforma do sistema hospitalar”. Alterações que, na sua opinião, seriam feitas com base em dois pressupostos: autonomia da gestão hospitalar e revalorização da Medicina Interna.
No debate que antecedeu a cerimónia de abertura, esta sexta-feira de manhã, participaram Salvador de Mello, presidente da José de Mello Saúde, António Ferreira, presidente do CA do Hospital de S. João, Adalberto Campos Fernandes, presidente do SAMS, e José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos.
A visão integrada do doente, característica por excelência do internista, foi uma das razões apontadas pelo grupo José Mello Saúde para investir nestes especialistas. Tem 180, uma centena dos quais no privado. “O internista tem um papel decisivo na gestão de um hospital e na gestão do sistema de Saúde”, referiu Salvador de Mello, que também reclamou mais “responsabilização e autonomia” na gestão hospitalar.
Na mesma linha, António Ferreira, presidente do CA do Hospital de S. João, sublinhou que o SNS não pode ser construído “a régua e esquadro” e que cada unidade deve ter autonomia para definir um modelo que seja mais adequado à procura, local e cultura.
Adalberto Campos Fernandes, presidente do SAMS, colocou a Medicina Interna como “governadora clínica” dos hospitais e frisou que é necessário um “choque de gestão e de competitividade” entre público e privado.
“O modelo hospitalar está exausto, o modelo da Medicina Interna também está exausto”, argumentou, por outro lado, o bastonário da Ordem dos Médicos. José Manuel Silva entende que é preciso alargar o âmbito da formação dos internistas por forma a ganharem competências na área da tecnologia, mas pediu o envolvimento de todos. “Temos que ser protagonistas das mudanças. Temos que ser a mudança”, rematou.