Dermatologia do Egas Moniz abriu portas a crianças do 4.º ano com «iniciativa disruptiva»

No âmbito do Dia do Euromelanoma, o Serviço de Dermatovenereologia do Hospital de Egas Moniz - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), decidiu este ano realizar uma ação "muito diferente do habitual".

Além dos rastreios, que habitualmente decorrem também em várias unidades de saúde pelo país, foram abertas as portas do Serviço à turma do 4.º B do Ensino Básico da Escola Raul Lino (Alcântara) do Agrupamento Francisco Arruda, numa promoção de literacia em saúde junto dos mais novos, em particular, nos cuidados a ter com a pele.



De acordo com o Serviço de Dermatovenereologia, João Teles de Sousa, o objetivo era o de promover "o contacto das crianças com a realidade das várias actividades do Serviço e, em simultâneo, dar enfase aos propósitos do Dia do Euromelanoma". Nesse sentido, as crianças foram divididas em 3 grupos que, em rotatividade, visitaram 3 salas temáticas intituladas: “A Pele e o Sol”, “A Pele e os Sinais” e “A Dermatologia”.

Foram, assim, partilhadas com as crianças "informações  básicas e adaptadas à idade sobre a anatomia da pele e as suas funções,  os efeitos do Sol na pele e a necessidade de proteção solar e como funciona um Serviço". E sempre numa perspectiva "muito interactiva".


João Teles de Sousa

Salas temáticas: sensibilizar e divertir as crianças

Segundo o responsável pelo Serviço de Dermatovenereologia, "a interacção nas 3 salas temáticas, cada uma com uma médica e uma enfermeira, decorreu num espírito de diálogo, com grupos de 6 crianças, o que permitiu a transmissão dos conhecimentos no formato de troca de perguntas e respostas para estimular a concentração e o raciocínio dos mais novos".

Relativamente à sala dedicada à "Dermatologia", João Teles de Sousa esclarece que "estava incluida uma visita a algumas áreas do Serviço, nomeadamente, um dos blocos operatórios e o contacto com instrumentos de trabalho, tendo feito as delícias dos mais pequenos  a ´sala das operações`, com alguns a vestirem-se a preceito, e o ´ver ao microscópio`, onde muitos observaram pela primeira vez a pele em microscopia óptica".

Já na sala sobre "A pele e os sinais", as crianças puderam "divertir-se com o ´ver os seus próprios sinais em dermatoscopia digital` e, ao visualizarem todos o sinal do colega, levou a interacção altamente estimuladora do diálogo".

No terceiro espaço, intitulado "A pele e o sol", foram explicados os efeitos do Sol, "que não são só nocivos, mas sempre com os cuidados importantes a ter pelos potenciais efeitos negativos da radiação  ultravioleta e das razões para tal acontecer."


Aprendizagens que "levam para casa"

Margarida Moura Valejo Coelho, médica especialista em Dermatologia e Venereologia e uma das grandes impulsionadoras do projeto, sublinha a vontade da equipa em querer organizar este ano "algo diferente", a par da realização dos rastreios, "que são sempre importantes".

Na sua opinião, quando se fala em promoção da literacia para a saúde, "devemos chegar a toda a população, mas há que começar nas camadas mais jovens, pois as crianças são mais plásticas, estão mais disponíveis para nos ouvir. É aí que começam os cuidados". Há ainda outra vantagem: "Não só eles aprendem, mas também levam essas aprendizagens para casa."

Foi uma grande alegria vermos as crianças todas animadas e interessadas. Quando, por exemplo puderam utilizar o dermatoscópio digital para ver os sinais,  diziam muito entusiasmadas: ´eu quero mostrar o meu sinal, eu quero mostrar o meu sinal`.” 


Margarida Moura Valejo Coelho

Envolvimento da equipa

Margarida Moura Valejo Coelho considera que a "iniciativa disruptiva", realizada pela primeira vez no Egas Moniz, fica também marcada pelo facto de abranger toda a equipa. "De facto, envolveu médicos e enfermeiros, o que acho que é também sempre de salutar. Trabalhámos em parceria os materiais que íamos apresentar, em cada sala tinha sempre uma médica e uma enfermeira", afirma.

Uma dinâmica colaborativa que, sublinha, faz parte da cultura do Serviço de Dermatovenereologia: "Aqui privilegiamos esse contacto! Somos um serviço em que há um ambiente de muita proximidade e acho que é também por isso que as coisas acabam por funcionar."



"Vamos realizar outras ações"


Para o diretor do Serviço, não há qualquer dúvida: "A sensação da equipa é de objetivo cumprido para assim atingir o alvo desejado, ou seja, a divulgação pela população da necessidade da prevenção primária eficaz dos cancros de pele".

Quanto ao futuro, e "apesar dos tempos de todos nós estarem muito tomados pelas atividades respetivas", João Teles de Sousa e Margarida Moura Valejo Coelho são unânimes em garantir que "tudo vamos fazer para realizar outras ações semelhantes e tentar chegar ainda a mais crianças e adultos".


João Teles de Sousa e Margarida Moura Valejo Coelho, junto dos desenhos elaborados pelas crianças no âmbito da iniciativa e que se encontram expostos na sala de espera do hospital



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