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«Devem ser implementados nos hospitais centros de tratamento da diabetes tipo 2»

A criação de centros específicos para tratamento de diabéticos tipo 2 é, no entender de Estevão Pape, uma “necessidade premente”. O coordenador do Núcleo de Estudos de Diabetes Mellitus da SPMI falou com a Just News na sequência da 9.ª Reunião Temática do NEDM, realizada dia 27 de maio, em Peniche.

Estevão Pape, internista do Hospital Garcia de Orta, diz ser “um acérrimo defensor” da implementação de centros de tratamento da diabetes tipo 2 em hospitais portugueses, tanto do SNS como do setor privado.

Garante que essa seria a forma de acabar com as “consultas espartilhadas”, facilitando a ligação entre as várias especialidades a que estes doentes têm frequentemente que recorrer e proporcionando-lhes, assim, “um acompanhamento mais eficaz”.


Estevão Pape

O coordenador do NEDM vai mais longe e diz mesmo ser esse o grande desafio que ele próprio lança à Direção-Geral da Saúde e ao seu Programa Nacional para a Diabetes da DGS, que existe desde 1974 e que, na sua opinião, estará a precisar de ser “repensado”.

Começar por "mudar a forma como estamos a trabalhar"

A diretora do PND, a endocrinologista Sónia do Vale, foi, aliás, uma das palestrantes da Reunião de Peniche, evento que este ano não esteve subordinado a um tema de base clínica ou científica, mas em que se promoveu o debate em torno da organização e gestão da diabetes.

Com a participação desde académicos a gestores públicos e privados da área da Saúde, todos participaram na reflexão proposta pelo NEDM, tendo o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, assegurado a conferência de encerramento.



Na sessão de abertura, a médica do Hospital Fernando Fonseca Susana Heitor, membro do Secretariado do Núcleo, incentivou os presentes na sala a participar no debate, a “olhar para tudo o que temos e tudo o que somos e ver como podemos melhorar, começando, a pouco e pouco, a mudar a forma como estamos a trabalhar”.

A seu lado estava outro elemento do Secretariado do NEDM, Joana Louro, internista da unidade das Caldas da Rainha do CHOeste, que sublinharia: “Temos, sobretudo, de nos começar a organizar de outra maneira e ninguém melhor do que a Medicina Interna para dar esse passo, precisamente pela visão absolutamente holística e centrada no doente que tem”.

Para Estevão Pape, a MI “tem, de facto, um papel fulcral na gestão da pessoa com diabetes, devendo assumir um claro protagonismo em algo que defendo que deve ser implementado, que é uma verdadeira prestação de cuidados integrados de diabetes”.



Ao coordenador do NEDM preocupa-o particularmente que se procure encaminhar para os cuidados de saúde primários o acompanhamento dos casos de diabetes tipo 2 porque, “hoje em dia, é uma doença complexa, que pode comprometer todo o corpo da pessoa, do cérebro aos pés”.

Daí que, no seu entender, se torne “urgente a criação, a nível hospitalar, de centros de tratamento apropriados, multidisciplinares”. Enquanto isso não acontecer, frisa, “a diabetes tipo 2 vai andar esmagada entre os CSP e os cuidados prestados nos hospitais”.


Joana Louro, Estevão Pape e Susana Heitor

Trabalho entre sociedades científicas “tem que ser intensificado”

Mas, para além de reclamar a “renovação” do Programa Nacional para a Diabetes, Estevão de Pape diz que há muitos outras matérias sobre as quais importa refletir para melhor se poder lidar com esta doença.

E refere, por exemplo, a “atividade, sem dúvida, positiva” que as três sociedades científicas mais ligadas à diabetes têm tido nos últimos anos, considerando que “poderão, talvez, colaborar também numa área não tão científica, mas mais organizacional, com um novo reforço de interesses ao nível da integração de cuidados entre todos, dos CSP aos especializados”.

O trabalho conjunto desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, a Sociedade Portuguesa de Diabetologia e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, esta última através do seu Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus, “tem que ser intensificado”.


Secretariado do NEDM: Ana Filipa Rebelo, Susana Heitor, Joana Louro, Estevão de Pape (coordenador), Conceição Escarigo, Mário Esteves (tesoureiro), Isabel Lavadinho e (ausentes na foto) Edite Nascimento (coordenadora adjunta), Mónica Reis, Rita Paulos

Estevão de Pape não deixa de sublinhar ser “igualmente importante o papel desempenhado nesta área por outros profissionais de saúde, como os nutricionistas e os enfermeiros”. Aliás, nessa linha, o NEDM vai promover, na sua próxima Reunião anual, a 20 e 21 de outubro, a realização de um workshop de reflexão sobre o lugar do enfermeiro na diabetes”.



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