VIH/SIDA e doenças oncológicas: «menos centrados nos hospitais e mais nos CSP»

Os casos de determinados problemas de saúde, como VIH/SIDA e doenças oncológicas, serão cada vez mais acompanhados pelos Cuidados de Saúde Primários (CSP). Para Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, essa realidade  "vai ao encontro da visão que se tem atualmente do SNS. Devemos estar menos centrados nos hospitais e mais nos CSP."

Na sua opinião, "é preciso fortalecer a capacidade de resposta dos CSP, quer nestas áreas como noutras. É fundamental criar um sistema de apoio permanente e de consulta recíproca entre centros de referência e a MGF. Há doentes que se deslocam aos serviços hospitalares que, provavelmente, só precisariam de ir a uma unidade de CSP, assim como existe a outra face da moeda: os utentes que nunca deixarão de ser seguidos nas unidades hospitalares, devido à especificidade da sua doença."

De acordo com Fernando Leal da Costa, tal levanta outra questão: "Os doentes em fim de vida deveriam ser acompanhados por equipas domiciliárias do centro de saúde da região. Também devem aumentar o número de camas em Cuidados Paliativos, mas as equipas domiciliárias contribuem para que o utente possa morrer junto dos seus familiares e não a quilómetros de distância, no hospital."

Relativamente ao futuro dos CSP, o responsável encara "com sucesso, mas também com alguma expectativa". Recorda que este Governo tem trabalhado perante uma situação "muito difícil, a pior em termos económico-financeiros desde que Portugal é uma democracia", mas que, "mesmo assim, o SNS não se desmantelou e tem sido o suporte nos momentos de maior crise, demonstrando que tem excelentes profissionais que, mesmo nas dificuldades, se dedicam aos doentes e dão o seu melhor".

"Penso que no futuro se deverá dar ainda importância à prevenção e aos CSP, porque o caminho é mesmo deixar de ser centrado apenas nos hospitais.", conclui.

Estas declarações do secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde fazem parte de uma entrevista mais extensa publicada na edição de março do Jornal Médico, onde o responsável aborda várias temáticas atuais relacionadas com as USF, explicando como, na sua opinião, podem ser ultrapassados alguns obstáculos e perspetivando o futuro das unidades.

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