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Pessoas com prótese auditiva são «tratadas como sendo menos competentes»

Combater o estigma em torno dos problemas da saúde auditiva deve ser “uma prioridade”, segundo Leonel Luís, coordenador da Unidade de ORL da Clínica de Santo António (CLISA) do Grupo Lusíadas, na Amadora. O especialista falou à Just News a propósito de um rastreio realizado nas instalações da Clínica no Dia Mundial da Audição, que se assinalou dia 3 de março.

Leonel Luís não tem dúvidas de que ainda há muito a fazer para se quebrarem algumas ideias erradas em torno de quem sofre de algum problema de audição. “É normal, aos olhos da sociedade, que se usem headphones para ouvir música, mas não uma prótese auditiva. Estas pessoas são discriminadas e tratadas como sendo menos inteligentes, chegando-se ao ponto de terem dificuldades em progredir na carreira, por exemplo, por as considerarem menos inteligentes e competentes.”


Leonel Luís

Para o otorrino, existem “uma série de ideias pré-concebidas” que acabam por levar ao atraso no diagnóstico e no tratamento: “A perda auditiva costuma ser progressiva e bilateral, logo as pessoas tendem a não se aperceber da mesma. Mas, mesmo após o diagnóstico, verifica-se alguma resistência por causa do estigma associado.”

"As pessoas habituam-se a que os sacos não façam tanto barulho, que o ar condicionado seja silencioso, que não haja tantos passarinhos a cantar… O problema é que se se estiverem muito tempo com essa perda, mesmo com reabilitação, nunca se vão conseguir os resultados que se obtêm quando o diagnóstico surge numa fase inicial”, afirma.



E não se pense que o problema afeta apenas os mais idosos: “Atualmente, a principal preocupação são os mais novos, porque estão expostos a muito ruído durante longos períodos de tempo. É preciso alertar para as consequências destes comportamentos, apostando assim na prevenção e não apenas na reabilitação.”

Leonel Luís defende ainda a necessidade de se criar “um rastreio universal na idade pré-escolar”. Até porque "existem patologias que passam despercebidas e que, quando não são tratadas, podem provocar surdez.”



Para Sérgio Barroso, diretor clínico da CLISA, a instituição apoiou esta iniciativa como uma forma de alertar para a saúde auditiva: “Os problemas de audição são cada vez mais frequentes, não apenas em idosos, mas também nos mais jovens. É preciso diagnosticar, tratar e prevenir.”


Sérgio Barroso

Tal como Leonel Luís, Sérgio Barroso mostra-se preocupado com os comportamentos dos mais novos. “A nossa missão também passa pela prevenção, sendo fundamental alertar para a exposição excessiva ao ruído", refere. A iniciativa contou com o apoio da Acústica Médica.
 

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