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Diabetes: internista assume papel como “gestor da doença”

Álvaro Coelho, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da SPMI, destaca a importância da Medicina Interna no acompanhamento da pessoa com diabetes. Segundo refere, “o internista assume um papel importante na condição de ‘gestor de doença’, sendo tido como essencial no garante das medidas de qualidade dos cuidados de saúde ao serviço dos cidadãos doentes a quem se atribui a centralidade do processo, em especial em ambiente hospitalar”.

“A diabetes é reconhecidamente uma entidade do âmbito curricular da Medicina Interna, pois, são-lhe atribuídas características de doença crónica, de fisiopatologia plurifatorial e multissistémica, não se restringindo à alteração estrutural ou funcional de um órgão ou de uma substância, e obriga a cuidados médicos contínuos muito para além da glicemia, numa solicitação permanente e onerosa do Sistema de Saúde”, afirma.

De acordo com o responsável, o contínuo aumento de prevalência da diabetes constitui um desafio a que “urge” dar cabal resposta, como foi salientado na “Resolução de 14 de março de 2012 do Parlamento Europeu”, considerada como “...doença cuja taxa de letalidade se encontra em crescimento e que é fator de risco determinante para as principais causas de morte no nosso país, nomeadamente, as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias, a insuficiência real crónica ou o cancro”. É vista também como “responsável direta por afeções que provocam elevado grau de incapacidade e diminuição acentuada da funcionalidade, como a cegueira e a amputação”.

“O risco de eventos cardiovasculares é 2 a 4 vezes superior ao dos indivíduos não diabéticos da mesma idade e sexo, sendo equivalente à doença coronária e o maior fator de risco independente para a doença cardiovascular”, menciona, acrescentando ser importante alertar para a neuropatia diabética “por gerar grande sofrimento” e para a disfunção sexual em homens e em mulheres, responsável por “comprometer a qualidade de vida”.

Álvaro Coelho sublinha que o relevante papel da especialidade de Medicina Interna também se assume por “ser parte ativa no reconhecimento, na identificação e na intervenção na população de risco para diabetes e, por sua via, permitir diagnosticar precocemente, reduzir a morbilidade e a mortalidade, assim como a redução do número de episódios hospitalares”.

Adicionalmente, a Medicina Interna “promove a qualidade dos cuidados de saúde, estimula e acompanha o desenvolvimento de competências em diabetologia e suas regulares atualizações, apoia programas de intervenção comunitária, reforça a parceria com a multidisciplinaridade da equipa de saúde e com as associações de pessoas com diabetes, e fomenta boa articulação com outras especialidades, de forma particular com a MGF, num contributo para novos modelos organizacionais dentro das estratégias do próprio Programa Nacional da Diabetes (PNPD)”.

O coordenador do NEDM conclui afirmando ser “inquestionável que a prática de Medicina Interna obriga a um bom domínio de conhecimentos sobre Diabetes Mellitus (DM), em especial a tipo 2, e tanto a SPMI como o Colégio de Especialidade poderão vir a ter de definir ‘os quesitos de competência’, em vista ao reconhecimento e habilitação ao exercício clínico”.

O NEDM
Segundo Álvaro Coelho, o Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM), o mais antigo núcleo de estudos da SPMI, “pretende dar um bom contributo para a vitalidade da sociedade científica que integra”.
Neste sentido, realiza uma reunião anual que este ano aconteceu na cidade da Horta, nos Açores, tendo contado com o contributo de “figuras marcantes no saber em ‘diabetes’ nacionais e alguns estrangeiros”.
“Além da referência aos fármacos mais antigos em uso na diabetes, houve também apresentações sobre fármacos mais recentemente disponibilizados em Portugal”, adianta.


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