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Diagnóstico da doença valvular "é feito tardiamente”

Rui Campante Teles, cardiologista de intervenção do Hospital de Santa Cruz e coordenador do Grupo de Válvulas Aórticas Percutâneas da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (VAP-APIC), explica, em declarações ao Jornal Médico, que a doença valvular, nomeadamente a estenose aórtica, predomina no idoso e que, apesar de ainda ser efetuada de forma tardia, a sua deteção é “muito simples”.

Cansaço, falta de ar, dor e desconforto no peito são alguns dos sintomas da doença valvular. São, muitas vezes, confundidos com sinais do envelhecimento e, consequentemente, desvalorizados, tanto pelo próprio doente, que não os transmite, como pelo médico, não se fazendo, assim, um diagnóstico atempado.

“Os doentes têm tendência a sub-relatar esses sintomas ao médico de família que, por sua vez, também tem tendência a subvalorizá-los. Não se pode partir do princípio de que estas queixas são exclusivamente da idade, há que investigar e valorizar”, refere o especialista.

Após verificar as queixas do doente, o médico deve avançar com a auscultação cardíaca e, havendo suspeita de sopro, a ecografia dá com “grande facilidade” o resultado de doença valvular, seja ela da aorta, da mitral ou de qualquer outra. Daí que seja possível atuar precocemente, tratando os doentes numa fase menos tardia e em melhores condições.

Com este panorama de diagnóstico tardio, o correto encaminhamento dos doentes do centro de saúde para um hospital com heart team é também colocado em causa, uma vez que não é feito na altura mais indicada. Por outro lado, de acordo com o cardiologista, e no que respeita à referenciação, a resposta pode nem sempre ser a mais adequada e é preciso perceber isso.

“Não deve haver demora médica, tanto em termos de diagnóstico como de encaminhamento e, por vezes, a qualidade da informação clínica é baixa”, afirma. E acrescenta: “Nem sempre os doentes chegam ao hospital com informação de qualidade, o que faz com que se perca tempo com o processo de estudo. É importante que o indivíduo chegue já com uma avaliação prévia, para que a orientação no hospital seja mais célere, eventualmente, logo com indicação para cirurgia cardíaca ou para consulta especializada de doença valvular.”

“De uma forma geral, há também muito a perspetiva de que o doente idoso não merece tratamento e essa é outra preocupação. Os médicos devem ter a noção de que existem técnicas menos invasivas, muito adequadas às pessoas idosas, ou seja, soluções eficazes que as fazem melhorar muito rapidamente”, considera Rui Campante Teles.


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