Diagnóstico específico da alergia: «a abordagem clínica da doença é primordial»
Para Luís Delgado, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), o diagnóstico específico da alergia assenta sempre numa história clínica, pessoal, familiar e exame físico do doente, pelo que "a abordagem clínica da doença é primordial para um reconhecimento precoce do doente alérgico".
O responsável sublinha que "a ausência de um diagnóstico atempado e orientação adequada acarreta uma sobrecarga quer nos custos diretos de saúde (p. ex. medicação, exames de diagnóstico desadequados, recurso ao serviço de urgência e internamentos), quer na diminuição da qualidade de vida e do rendimento escolar e laboral (o que acarreta ainda mais custos sociais e económicos)".
O alerta de Luís Delgado surge a propósito do 10º aniversário do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e do que considera serem "notáveis atividades desenvolvidas pelos seus membros nesse âmbito".
Fundada a 10 de julho de 1950, a SPAIC é uma associação científica nacional que agrega médicos, investigadores e técnicos dedicados ao estudo da alergia, asma e imunologia clínica, "organizando e patrocinando regularmente uma gama alargada de programas de formação e desenvolvimento profissional nestas áreas", afirma o seu presidente.
Nesse sentido, acrescenta, os membros da SPAIC têm, "tradicionalmente, uma colaboração ativa com colegas da MGF, incluindo programas de formação conjuntos com o GRESP, regularmente organizados nas nossas reuniões científicas".
A SPAIC tem também um Grupo de Interesse especificamente dedicado aos Cuidados de Saúde Primários. Trata-se de um Grupo "atualmente coordenado pela Dr.ª Susel Ladeira e secretariado pelo Dr. Rui Costa, o que atesta a relevância das interações das nossas duas especialidades, quer a nível da formação, quer da investigação".
Reforçar sinergias
Esta colaboração existente tem vindo a ganhar uma consistência cada vez mais relevante. Em outubro de 2014 foi assinado um protocolo de colaboração entre a SPAIC e a APMGF, representada pelo GRESP, "para reforçar a participação conjunta nas atividades de formação e investigação", refere Luís Delgado, salientando dois momentos em particular:
"No decurso da 35.ª Reunião Anual da SPAIC (Porto, outubro de 2014), organizaram-se duas mesas-redondas conjuntas (“Asma de difícil controlo” e “Da rinossinusite à tosse”) e na 36.ª Reunião (Coimbra, outubro de 2015) dois cursos temáticos (“Infeções recorrentes” e “Anafilaxia”), ambas as experiências com assinalável êxito e adesão dos associados".
Relativamente ao futuro, o presidente da SPAIC considera que, para 2016, "há espaço para uma maior participação de médicos de família nestas iniciativas e planeiam-se mais desenvolvimentos conjuntos na área do diagnóstico na doença alérgica respiratória".
Dias 29 e 30 de janeiro têm lugar as 3.as Jornadas do GRESP, com o lema “InovAR e melhorAR em equipa”, evento que se realiza de dois em dois anos e que assume particular relevância. O programa pode ser consultado aqui.