Diagnóstico in vitro é «uma importante peça do puzzle» no combate às infeções associadas aos cuidados de saúde
“Em Portugal, um em cada 10 doentes contrai uma infeção hospitalar durante o período de internamento, o que nos coloca acima dos 5% da média europeia”, afirmou Antónia Nascimento, vice-presidente da Comissão Especializada de Diagnósticos In Vitro da APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica).
Antónia Nascimento falou, em declarações à Just News, à margem da conferência “Infeções associadas aos cuidados de saúde: O contributo dos diagnósticos in vitro”, que decorreu, esta terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. E acrescentou: “Em 2012, segundo dados oficiais da Direção-Geral da Saúde, morreram 4606 pessoas, mais de 12 por dia, no decurso destas infeções.”
Segundo explicou, esta reunião teve por objetivo abordar “dois pontos que se unem”: as infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) e o aumento da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos (RAM).
No seu entender, o diagnóstico in vitro é “uma peça do puzzle”. “São, de facto, muito importantes para, juntamente com outras atividades, se poder combater as infeções associadas aos cuidados de saúde”, mencionou.
E explicou: “Desta forma, conseguimos saber se realmente a bactéria existe e que tipo de resistências tem. É a partir daí que tudo o resto se desenrola.”
João Almeida Lopes, presidente da Direção da APIFARMA, lembrou, durante a sessão de abertura, que a Organização Mundial de Saúde estima que, em 2050, possam vir a morrer, todos os anos, cerca de 10 milhões de pessoas, como consequência das IACS, agravadas pela crescente resistência a antibióticos.
O responsável salientou tratar-se de “um problema de Saúde Pública grave”, que poderá colocar em causa a saúde e a segurança dos doentes. Além disso, pode levar a que haja “menos confiança” no sistema de saúde e nos cuidados hospitalares.
“É uma matéria que requer grande empenho de todos, nos próximos anos. Hoje, considera-se já que as infeções hospitalares são responsáveis por 6,5 dias a mais de internamento”, mencionou.
Também para o presidente da APIFARMA, este é um problema para o qual os meios de diagnóstico podem ter um papel decisivo e rápido em termos de identificação das situações, de atuação e de racionalização económica.
António Correia de Campos, antigo ministro da Saúde, fez uma apresentação subordinada ao tema de um estudo que coordena "Infeções associadas a cuidados de saúde (IACS): contributo da Indústria para o seu controlo". Defendeu que “a rapidez na identificação completa e precoce do agente infecioso é central na luta contra as IACS”, razão pela qual considera necessário “disponibilizar amplamente as diversas soluções tecnológicas junto dos profissionais de saúde”.
A conferência, organizada pela Comissão Especializada de Diagnósticos In Vitro da APIFARMA, contou ainda com uma palestra de Dilip Nathwani, médico e professor honorário de Infeciologia da Universidade de Dundee, sobre “Soluções para as IACS e resistência antimicrobiana: o papel da gestão de antimicrobianos”.
Realizou-se, também, uma mesa de debate intitulada “Infeções associadas aos cuidados de saúde: riscos e oportunidades”, que teve a participação de Carlos Alves, coordenador da Unidade de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistências aos Antimicrobianos do Centro Hospitalar de São João; Carlos Palos, coordenador do Grupo de Coordenação Local do Plano de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) do Hospital Beatriz Ângelo; Francisco George, diretor-geral da Saúde; e Valquíria Alves, membro da Comissão de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos da Unidade Local de Saúde de Matosinhos.