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Diretor do Serviço de Infeciologia do CHS lança livro com reflexões sobre a pandemia

“Reflexões em tempos de pandemia” é o nome do mais recente livro escrito por José Poças, diretor do Serviço de Infeciologia do Centro Hospitalar de Setúbal. A Just News acompanhou uma das sessões de lançamento da obra, no Porto, que decorreu em simultâneo com a apresentação do livro “João Taborda – um fotógrafo humanista”.

“Escrevi este livro com o coração apertado, a engolir lágrimas e alguns medos, com a música e o meu cão como companheiros, e com a imagem dos doentes no pensamento”, referiu José Poças, na apresentação da sua obra, na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no passado mês de novembro.


José Poças

Recuando no tempo, destacou o facto de, em fevereiro de 2020, nesta mesma sala, na cidade que o viu nascer há 63 anos, ter discursado na cerimónia de apresentação do livro “A relação médico-doente”, do qual foi coautor e editor, pensando nas “aterradoras imagens que retratavam o caos que se viva nos hospitais da China, de Itália e, até mesmo, da vizinha Espanha”. Nessa época, questionava-se sobre “a capacidade de Portugal resistir a um cenário daquela intensidade”, inquietando-o ainda mais a possibilidade de tal se prolongar no tempo.

Além da reflexão que faz neste livro sobre a pandemia, partilhando histórias de vida, de prazer, de sofrimento e de morte, convidou quatro personalidades do meio médico a escrever os textos da contracapa e da badana. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, pelo “modo como tem exercido os seus dois mandatos, que vai ao encontro dos princípios deste livro”, e Walter Oswald, médico e professor universitário, pelo “exemplo no que ao ensino da ética diz respeito” foram as duas figuras por si escolhidas para a contracapa.



Também Castro Ribeiro, cardiologista, e Rocha Marques, internista e infeciologista, deixaram algumas palavras na badana deste livro, pela “influência que tiveram” na sua vida e por lhe terem ensinado “o real significado de lealdade, a coerência nos princípios, a mais-valia da solidariedade, a importância do desempenho profissional e da manutenção de uma capacidade de entrega sem reservas ao nosso semelhante”.


Castro Ribeiro, José Poças e Walter Oswald

O seu gosto pela História, a nível geral, mas também pela História da Medicina, a nível particular, levou-o a introduzir na sua obra o capítulo “Vida e Morte em tempos de pandemia”. Para si, esta é “uma ode, em estilo de homenagens, a todos os que sofrerem, pereceram e sobreviveram” invocando memórias da experiência vivida num dos dias em que esteve na linha da frente do seu hospital.

Num cenário de “aparente aceitação pacífica da revolta que certamente lhes inquietava a alma”, José Poças afirma ter sentido algumas semelhanças face às “muitas descrições feitas por alguns dos sobreviventes do Holocausto, que aguardavam o destino de uma forma chocantemente ordeira”.


Jose Poças e Miguel Guimarães

“Uma obra que devia ser lida por todos”

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos foi um dos convidados que tomaram a palavra nesta sessão de apresentação. Recordando a “grande colaboração de José Poças na elaboração das primeiras recomendações dirigidas à Ministra da Saúde, algumas das quais seriam ainda hoje válidas apesar de, provavelmente, nunca terem sido realizadas”, destaca o papel deste infeciologista “no combate à pandemia desde a primeira hora, ao mesmo tempo que tratava dos seus doentes”.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, esta é “uma obra que devia ser lida por todos”, onde se encontra “o espírito ético e único do seu autor, um homem positivo e culto, que soube partilhar os desafios e as vivências desta pandemia”.



Obra “João Taborda – Um fotógrafo humanista” apresentada em simultâneo

A empatia e amizade vividas entre José Poças e João Taborda propiciou a que as obras de cada um fossem apresentadas de forma conjunta. Tendo-se conhecido ainda enquanto internos, no caso de José Poças, de Medicina Interna, e de João Taborda, de Pneumologia, os dois nunca deixaram de se procurar.


Fátima Caeiro Taborda

Tendo João Taborda sido, ao longo da sua vida, “um apaixonado pela arte”, que venceu mais de 800 distinções de fotografia, a obra “João Taborda – Um fotógrafo humanista” nasceu já após a sua morte, pela mão da sua mulher, Fátima Caeiro Taborda, também médica pneumologista.

Para José Poças, “apesar de, aparentemente, estas serem duas obras distintas, na verdade têm muitos pontos em comum”, ideia também defendida por Miguel Guimarães. “Entre a fotografia e a descrição, existe um mundo de felicidade que devemos aproveitar a bem de todos”, descreve o bastonário da Ordem dos Médicos.


Rocha Marques, José Poças e Fernando Rosas Vieira

Nesta sessão de apresentação que a Just News acompanhou, Vera Santos, filósofa dedicada à Psicologia Educacional e prima de José Poças, e António Sarmento, diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do CHUSJ, apresentaram a obra “Reflexões em tempos de pandemia”, enquanto José Barata, ex-diretor do Serviço de Medicina do Hospital de Vila Franca de Xira ficou encarregue de apresentar “João Taborda – um fotógrafo humanista”, após a sua esposa e o seu filho terem partilhado algumas palavras sentidas.


Intervenção de António Sarmento

Previamente, já havia decorrido a primeira sessão de apresentação conjunta das obras, em Lisboa. Ao lançamento que testemunhámos no Porto, seguiram-se ainda duas outras, em Coimbra e em Setúbal, esta última apenas relativa à obra de José Poças.

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