Dislipidemia é «menosprezada» e há «ideias preconcebidas» que prejudicam o tratamento

“Precisamos de melhorar muito o controlo lipídico da população”, assegura o especialista de Medicina Interna Rodrigo Leão, que presidiu à última Reunião do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular da SPMI, realizada em dezembro.

Considerando ser necessário sensibilizar a população em geral, incluindo os próprios profissionais de saúde, para o problema da dislipidemia, o internista Rodrigo Leão lamenta que esta patologia seja, de alguma forma, “menosprezada”, pelo menos comparativamente com o que se passa em relação, por exemplo, à diabetes ou à hipertensão.


Rodrigo Leão

Ora, sublinha, isso contribuirá, nomeadamente, para que persistam “ideias preconcebidas no que respeita à utilização da terapêutica antidislipidémica baseada em estatinas, fazendo com que tanto médicos como doentes adiram menos à prescrição e à toma da medicação”, com as consequências que se imaginam.

“Está perfeitamente estabelecido que as doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo e que a maior parte dos doentes é vítima de AVC isquémico ou de cardiopatia isquémica. Uma das principais armas que nós temos para enfrentar essas mortes passa pelo controlo da dislipidemia com estatinas”, refere Rodrigo Leão.



Elementos da Comissão Organizadora da 5.ª Reunião do NEPRV

“NEPRV tem tido uma pujança enorme”

O médico falou com a Just News na sequência da 5.ª Reunião do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular (NEPRV) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que decorreu em Peniche, no início de dezembro. Realizada em formato unicamente presencial, registou um número elevado de participantes, na ordem das duas centenas.


Lèlita Santos, Rodrigo Leão e Vitória Cunha

Na sessão de abertura, a presidente da SPMI fez questão de referir que, embora não sendo um dos mais antigos das duas dezenas de núcleos que aquela Sociedade tem, “é um dos principais e tem tido uma pujança enorme nos últimos anos”.



Saudando o seu “dinamismo” e o facto de “ver muita gente jovem a abraçar esta área”, Lèlita Santos não deixou de lembrar o primeiro coordenador do NEPRV, Pedro Marques da Silva, entretanto já falecido.

Vitória Cunha, internista do Hospital Garcia de Orta, que sucedeu a Francisco Araújo, do Hospital Lusíadas de Lisboa, na coordenação do Núcleo, também recordou o papel de Pedro Marques da Silva na sua criação, em 2015, bem como a primeira Reunião, que aconteceu em 2019.


Rodrigo Leão, Vitória Cunha e Patrícia Vasconcelos, que será a presidente da 6.ª Reunião do NEPRV

Entretanto, integrado no seu evento anual, o NEPRV organizara, na véspera, um Curso pré-Reunião, coordenado por Rogério Ferreira, internista do CH e Universitário de Coimbra. Dedicado à hipertensão arterial secundária, teve lotação esgotada, reunindo médicos especialistas e internos de formação específica de todo o país.

Segundo Rogério Ferreira, “apesar da elevada prevalência da HTA e de até 10% dos casos poderem ter uma causa subjacente, não é exequível nem custo-efetivo fazer o rastreio da HTA secundária em todos os doentes hipertensos".


Rogério Ferreira

Assim, acrescenta o médico, "torna-se crucial estar alerta para as pistas clínicas e laboratoriais de hipertensão arterial que sugerem uma causa secundária, para identificar os casos em que deve ser feito um estudo etiológico e definir uma orientação terapêutica diferente”.     

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