Doença Venosa Crónica: SPACV revela que metade dos doentes nunca realizou tratamento

A grande maioria (97%) das pessoas avaliadas durante a campanha "Alerta Doença Venosa", uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV), revelou sofrer de doença venosa crónica há vários anos. No entanto, cerca de metade (53%), confessou que nunca realizou tratamento dirigido à doença. 



Os resultados foram hoje apresentados, no decorrer das Jornadas Patient Care, por Daniel Brandão, secretário-geral da SPACV e coordenador da campanha "Alerta Doença Venosa". Na sua opinião, os dados "demonstram que é urgente uma maior e melhor informação sobre a patologia, a sua evolução e cronicidade, pois a doença venosa é uma patologia grave, que deve ter acompanhamento médico, e que se encontra claramente subestimada”.



Daniel Brandão explicou que a maioria dos doentes avaliados com DVC relata fortes sintomas, como tornozelos inchados (53%) e pernas pesadas, com muita frequência (65%) há vários anos. Contudo, mais de um terço (37%) ainda não consultou um médico por causa da doença venosa. Este número é, em parte, justificado pelo facto da maioria dos doentes considerar que a doença só se manifesta quando existem sinais visíveis, como varizes e edemas, ignorando sintomas como a dor nas pernas ou a sensação de pernas pesadas.



A campanha de sensibilização "Alerta Doença Venosa" da SPACV decorreu durante os meses de maio e junho de 2015, em 20 localidades de Portugal continental, e permitiu, através da realização de inquéritos e rastreios, avaliar a real dimensão da doença venosa crónica em Portugal. Das quase 5.000 pessoas que participaram nesta campanha, e após a aferição do seu grau de risco individual, foram referenciados 1.951 indivíduos.



O arranque da campanha teve lugar em Lisboa, numa ação organizada em conjunto pela SPACV e Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa (CML). “Pretendemos, com esta iniciativa, que a população com sinais iniciais da doença comece o tratamento e tenha cuidado para que não se atinjam estádios avançados, que são muito incapacitantes, chegando às feridas, às úlceras venosas…“, alertou na altura João Albuquerque e Castro, presidente da SPACV.



Patologia "subdiagnosticada e subvalorizada"

A campanha “Alerta Doença Venosa”, que contou com o apoio da Servier, teve como objetivo principal alertar a população para os riscos da doença venosa e chamar a atenção para o carácter crónico e evolutivo da doença e das suas possíveis complicações. Durante a Campanha, a SPACV salientou ainda que esta é uma patologia séria, sendo por isso "imperativo" um acompanhamento médico e um tratamento adequado. 

Daniel Brandão sublinha que a doença venosa crónica, "onde as varizes se incluem, é uma entidade com uma elevada prevalência. Contudo, trata-se de uma condição frequentemente subdiagnosticada e subvalorizada e que, quando não tratada adequadamente, pode progredir, levando a elevado compromisso da qualidade de vida".



Quanto aos sintomas mais comuns da doença, "são a dor, a sensação de pernas pesadas e cansadas, as pernas quentes, o prurido e o ardor”. Contudo, "habitualmente, estes sintomas são difusos, em regra, mais ao nível da perna e tornozelo. Os sintomas tornam-se mais intensos no final do dia e agravam-se com o calor ou quando a doente está muito tempo em pé, melhorando com a elevação das pernas e o descanso das mesmas e ainda com a colocação de meia elástica”, acrescenta o especialista.

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