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Doenças autoimunes sistémicas: a alma da Medicina Interna

José Delgado Alves, presidente do Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da SPMI, destaca o papel fundamental da Medicina Interna no seguimento das doenças autoimunes. O diretor do Serviço de Medicina IV e da Unidade de Doenças Imunomediadas Sistémicas do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora, adianta que “as doenças autoimunes representam uma área muito importante da prática clínica”.

“A sua prevalência é elevada se considerarmos todas as doenças em que a disfunção imunológica é o principal fator etiopatogénico, independentemente de se tratar de uma doença sistémica ou específica de órgão”, afirma, sublinhando que este grupo estende-se do lúpus sistémico à diabetes tipo I.

De acordo com o investigador do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, o seguimento destas doenças está repartido por muitas especialidades, resultado da base anatómica ou funcional de cada uma. “É natural que doentes com uveíte primária sejam acompanhados pela Oftalmologia, na medida em que algumas destas doenças têm manifestações muito específicas, sendo o diagnóstico e o tratamento dependentes de práticas muito próprias”, indica.

Mas, refere, “as doenças autoimunes sistémicas (DAIS) são um grupo que justifica a intervenção da Medicina Interna como especialidade de eleição: pela visão global no diagnóstico diferencial; pela garantia de uma ação eclética (da consulta externa ao internamento e à urgência); pelas comorbilidades (a principal causa de morte no lúpus sistémico e na artrite reumatoide são as doenças cardiovasculares); pelas terapêuticas utilizadas, cujos riscos são, na sua maior parte, do foro da Medicina Interna”.

Segundo José Delgado Alves, todas as doenças sistémicas têm uma manifestação mais frequente, que sugere uma especialização de órgão, mas nem sempre são as mais relevantes em termos de morbilidade ou mortalidade. “A artralgia e o eritema malar são muito comuns no lúpus, mas estão longe de ser os mais importantes, face à nefrite ou ao atingimento do sistema nervoso; e mesmo o padrão articular que define a artrite reumatoide é agora um desafio menor do ponto de vista terapêutico, em comparação com o atingimento pulmonar ou hematológico”, observa.

“Em toda a medicina existem áreas de sobreposição onde diferentes especialidades podem tratar adequadamente múltiplas patologias. Esta é mais uma onde a experiência e o apoio prático de cada centro são mais importantes do que a definição formal de uma área médica.

Por estes motivos, o acompanhamento destes doentes deve ser feito em centros com experiência”, acrescenta José Delgado Alves.

O especialista termina salientando que há mais de 30 anos que a Medicina Interna, através do NEDAI, tem uma rede nacional de especialistas que se dedicam fundamentalmente a este tipo de doenças.



As declarações de José Delgado Alves fazem parte de
um Especial sobre Medicina Interna, publicado na edição
de outubro do Jornal Médico.

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