Doenças infeciosas: CHLN recebe «grande parte dos doentes evacuados dos PALOP»

Muitos dos doentes tratados no Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de Santa Maria (HSM)/Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) são oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), ao abrigo de protocolos estabelecidos com hospitais universitários. O assunto foi o mote da sessão “Doenças Infeciosas Importadas”, que teve lugar em abril, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).

O evento, organizado pela Clínica Universitária de Doenças Infeciosas da FMUL e o Serviço de Doenças Infeciosas do HSM/CHLN, faz parte de uma iniciativa intitulada “Sessões do CAML – Centro Académico de Medicina de Lisboa”, que tem lugar às quintas-feiras e é dirigida às pessoas que se formam no CAML, que congrega o HSM, a FMUL e o Instituto de Medicina Molecular (IMM).



Seguindo o formato de caso clínico (uma das várias formas que estas sessões podem assumir), estiveram reunidos na mesma sala, para discutir quatro casos clínicos, médicos, investigadores e docentes que, segundo Emília Valadas, diretora da Clínica Universitária de Doenças Infeciosas da FMUL, “olharam para o mesmo problema, necessariamente, com olhos e perspetivas diferentes”.

“Grande parte dos doentes que são evacuados dos PALOP vem para o HSM. Em alguns anos, recebemos até tanto ou mais do que a quota anual de doentes que determinado país tem”, adianta a responsável.

Emília Valadas menciona que muitos dos casos provenientes dos PALOP são pouco comuns em Portugal. “Estes casos são bons para aprendermos, pois, são histórias prolongadas, geralmente sem diagnóstico e terapêutica, que nos mostram a história natural da doença, sendo, por vezes, de fácil resolução.”


Emília Valadas e Luís Caldeira.

De acordo com Luís Caldeira, diretor do Serviço de Infeciologia do HSM/CHLN, naturalmente, ainda há uma grande diferença entre as patologias que são frequentes e endémicas nesses países e aquelas que, “felizmente, já não ocorrem frequentemente em Portugal”.

“Estas doenças exigem atualização permanente dos conhecimentos. Apesar de serem menos frequentes em Portugal, muitas vezes, apresentam-se clinicamente de uma forma semelhante a patologias que temos no nosso país”, aponta, sublinhando a importância de investir na formação e na diferenciação dos profissionais de saúde.

Luís Caldeira refere que a sessão contou com a presença de profissionais de saúde ligados a outras especialidades que, por diversos motivos, muitas vezes, também recebem estes doentes, como é o caso da Nefrologia e da Hematologia. Na sua opinião, este facto constituiu “uma manifestação da cooperação que pode existir entre os vários serviços no diagnóstico e no tratamento destes doentes”.

Os casos clínicos foram apresentados por Antónia Sá Gomes, Carla M. Santos, Miguel Neno, Robert Badura e Tiago Marques.




Emília Valadas e Luís Caldeira, junto com os intervenientes da sessão "Doenças Infeciosas Importadas".







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