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Doenças respiratórias: «É muito importante defendermos a abordagem multidisciplinar do doente»

O trabalho de equipa, envolvendo diferentes especialidades médicas mas também outros grupos profissionais, como os enfermeiros, é uma estratégia que Cláudia Vicente, a médica de família que coordena o GRESP - Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias, considera essencial na exigente tarefa de lutar contra as doenças respiratórias.

Isso mesmo foi sendo demonstrado nas sucessivas edições das Jornadas que este Grupo da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar tem vindo a realizar, sucedendo mais uma vez na reunião de 2023, que terá lugar nos próximos dias 19 e 20 de outubro, em Coimbra.

“A MGF no Caminho das Doenças Respiratórias”

Cláudia Vicente justifica a escolha do tema das 9as Jornadas GRESP – “A MGF no Caminho das Doenças Respiratórias” – desde logo por, no que a elas diz respeito, haver “um caminho a percorrer”. E sublinha: “São doenças crónicas, com um grande impacto na qualidade de vida, com uma elevada mortalidade!”

E cita como exemplo a DPOC, que “é, neste momento, a terceira causa de morte a nível mundial” e relativamente à qual “não temos estabelecidos muitos indicadores”, sendo uma das áreas em que o GRESP tem vindo a apostar.

“Temos que trabalhar a periodicidade das consultas, o diagnóstico, o correto tratamento e a reavaliação desse mesmo tratamento, que são coisas que já estão muito estruturadas, por exemplo, no que diz respeito à hipertensão ou à diabetes.

Quanto às doenças respiratórias, ainda é necessário fazer este caminho de estruturação, no âmbito da MGF, dos seus indicadores e programas informáticos, no sentido de fazer uma abordagem completa e adequada dos utentes que delas padecem”, afirma a coordenadora do GRESP.


Cláudia Vicente

Uma intervenção em articulação com os enfermeiros de família

O facto de o programa das 9.as Jornadas do GRESP incluir – à semelhança, aliás, do que também já sucedeu em edições anteriores − uma sessão prática denominada “Oficina Enfermagem nas Doenças Respiratórias” demonstra bem a relevância que é dada, nesta matéria, aos enfermeiros das unidades de saúde familiar, nos cuidados de saúde primários.

“É muito importante nós, enquanto GRESP, defendermos o trabalho de equipa e a abordagem multidisciplinar do doente... porque só assim faz sentido! Tendo em conta esta nossa posição, não poderíamos programar mais umas Jornadas sem promovermos uma intervenção junto do doente respiratório em articulação com a enfermagem", refere Cláudia Vicente, acrescentando:

"Portanto, para além de investirmos na formação dos internos e dos especialistas de MGF, também é preciso formarmos os enfermeiros de família, dedicando-lhes, inclusive, um espaço próprio."

Assim, sublinha a médica de família, que “os enfermeiros de família vão ter igualmente direito à inscrição nas Jornadas, podendo participar em todas as sessões e fomentando assim o alerta e os cuidados a ter em torno das doenças respiratórias.”

"Como Criar um Projeto de Reabilitação Respiratória”

A reabilitação respiratória é uma daquelas áreas em que a multidisciplinaridade da intervenção se apresenta como essencial. Cláudia Vicente justifica: “Trata-se de uma equipa muitas vezes composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cardiopneumologistas... Talvez seja das áreas onde é mais imprescindível a presença das competências inerentes aos elementos dos diferentes grupos profissionais.”

A “Oficina Como Criar um Projeto de Reabilitação Respiratória”, que se vai realizar no segundo dia das Jornadas − e que surge na sequência da concretização de um projeto-piloto −, justifica-se plenamente, no entender da coordenadora do GRESP: “Nós sabemos que a oferta de reabilitação respiratória a nível nacional é manifestamente insuficiente para as necessidades dos nossos doentes, quer em termos de quantidade de vagas oferecidas, como no que respeita à sua distribuição territorial.

Os centros que a fazem estão localizados muito mais na região litoral do país e, portanto, desta forma, pretendemos apoiar os colegas que trabalham nas diferentes zonas do interior a criar estruturas nas suas unidades que permitam disponibilizar algum tipo de apoio na reabilitação aos doentes respiratórios que dela necessitem.”

“Normalmente, a reabilitação respiratória é proporcionada a nível hospitalar ou em clínicas privadas. Neste workshop, os dinamizadores vão mostrar através do seu exemplo, com um projeto-piloto, o que pode ser feito no âmbito dos cuidados de saúde primários, apesar dos escassos recursos físicos e financeiros existentes”, sublinha Cláudia Vicente.


Cláudia Vicente: “Teremos a presença nas 9.as Jornadas de sociedades científicas que têm trabalhado connosco, como a SPAIC, a SPP e a SPMI ”

DPOC – uma doença muito prevalente

Uma das novas oficinas (workshops a decorrer em salas paralelas às sessões plenárias) que vão ter lugar nas Jornadas organizadas pelo GRESP em 2023 é dedicada à doença pulmonar obstrutiva crónica.

Vai-se procurar, fundamentalmente, fazer um update das guidelines estabelecidas a propósito desta doença. Como explica Cláudia Vicente, “de uma forma muito simples, vamos falar sobre o que se deve abordar na consulta ao doente com DPOC, desde os fatores de risco à vacinação, passando pela medicação baseada numa avaliação periódica”.

“As guidelines da DPOC mais utilizadas são as GOLD e elas são atualizadas todos os anos em novembro. As últimas trouxeram algumas alterações estruturais, inclusive, ao nível da própria classificação da doença, sendo, por isso, 2023 um ano importante, de viragem. Nesse sentido, vamos ter uma sessão plenária para ajudar os colegas a aplicá-las da melhor forma possível à prática clínica”, esclarece Cláudia Vicente.

Através de uma outra oficina, a que foi dado o nome de “GloriSAOS”, pretende-se dedicar um espaço a uma doença “que muitas vezes é esquecida e que não é trabalhada por todos os médicos” – a síndrome de apneia obstrutiva do sono.

“O objetivo é que seja proporcionada uma formação diferente, mais interativa e acessível, daí resultando esta oficina”, salienta a nossa entrevistada.




A entrevista completa pode ser lida na edição de outubro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários.

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