Doenças reumáticas: anunciada comparticipação a 100% de medicamentos para a artrite
A comparticipação a 100% de dois medicamentos considerados chave na artrite reumatoide e a cedência de um terreno para novas instalações da ANDAR – Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide deixaram Arsisete Saraiva, a presidente, bastante emocionada nas XVII Jornadas da ANDAR.
A responsável afirmou que, ao fim de vários anos, “finalmente, os doentes têm acesso a estes tratamentos gold standard e vamos ter um espaço para valências, como hidroterapia e fisioterapia”.
Na sessão de abertura do evento, que decorreu em Lisboa, Arsisete Saraiva ouviu do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, que o metotrexato e a leflunomida vão ser totalmente comparticipados pelo Estado. “São substâncias muito importantes, comprovadas cientificamente, e que contribuem para a remissão da doença, daí a nossa luta para que as pessoas não tivessem que pagar, por mês, entre 25 a 45 euros”, salientou a presidente.
Além desta boa notícia, Arsisete Saraiva recebeu da parte do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, a garantia de que a Associação vai ter um terreno para a construção de novas instalações e que se vai localizar perto do futuro Hospital de Todos os Santos:
“O objetivo é a ANDAR poder ter diversas valências, como consultas, fisioterapia, hidroterapia, salas de apoio diário aos doentes, residência para quem vem de outros locais para tratamento e também um centro de investigação clínica”, disse.

Arsisete Saraiva e António Vilar.
Embora ainda não saiba quando vai ser possível lançar a primeira pedra, espera que dentro de dois anos e meio já o possam fazer. “É um sonho tornado realidade, vamos trabalhar para ter os apoios financeiros necessários, porque trata-se de um grande investimento”, observa Arsisete Saraiva.
Para o reumatologista António Vilar, secretário-geral da ANDAR, “são passos muito importantes, pelos quais lutámos imenso nos últimos 8 anos”.
E deixou um alerta: “A nível nacional, é também essencial que haja mais reumatologistas, menos assimetrias regionais no acesso a estes cuidados de saúde e mais formação dos médicos de Medicina Geral e Familiar para que, em casos de suspeita da doença, a referenciação seja feita o mais precocemente possível.”

José Canas da Silva.
O mesmo apelo foi feito logo na conferência de abertura pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, José Canas da Silva. “Aos primeiros sintomas, deve-se pedir ajuda à Reumatologia”, pois, mesmo não existindo cura, “pode-se melhorar bastante a qualidade de vida das pessoas com artrite reumatoide”.
Quem também marcou presença foi o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que realçou a importância de não se pensar apenas na acessibilidade, mas também na qualidade. “Para que o Serviço Nacional de Saúde seja de qualidade, não basta ter o direito de escolher o hospital onde queremos ser tratados, é necessário que as entidades hospitalares estejam bem equipadas e que haja capital humano”, disse.

As Jornadas contaram com a participação de vários profissionais de saúde e de associações de doentes, mas também de personalidades bem conhecidas da área da saúde. É o caso do bastonário da Ordem dos Médicos cessante, José Manuel Silva, que foi homenageado pela ANDAR. Para a presidente da Associação, “é um senhor e um amigo que nunca deixou de nos ouvir, mesmo quando se tratava de reclamações”.

Quem também viu reconhecido o seu trabalho foi a farmacêutica Lilly Portugal, que foi nomeada sócia benemérita da ANDAR.




