Ecografia intracardíaca: curso do Hospital Geral do CHUC muito procurado por especialistas europeus

Teve lugar na Unidade Intervenção Cardiovascular (UNIC), coordenada por Marco Costa, o terceiro curso de ecografia intracardíaca, mais uma vez no contexto do encerramento do apêndice auricular esquerdo, organizado pelo Serviço de Cardiologia do Hospital Geral (HG)/Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), dirigido por Lino Gonçalves.

A formação contou com a participação de oito especialistas estrangeiros, todos europeus, o que correspondeu ao número máximo de vagas existentes. A iniciativa está acreditada pela European Board for Accreditation in Cardiology (EBAC).



Em entrevista, Marco Costa conta que “nem todas as realidades são iguais e que este tipo de procedimentos nem sempre é feito por cardiologistas de intervenção noutros países”, daí que, neste curso, além dos cardiologistas de intervenção, tenham participado eletrofisiologistas, cardiologistas pediátricos e especialistas na área da Imagem. O grupo foi constituído, essencialmente, por franceses, havendo um elemento da Letónia.



A Lino Gonçalves coube efetuar uma introdução ao curso, tendo-se seguido duas apresentações teóricas: a primeira, feita por Luís Paiva, sobre a mais-valia da ecografia intracardíaca na Cardiologia de Intervenção; e a segunda a cargo de Marco Costa, mais orientada para o encerramento do apêndice auricular esquerdo guiado por esta modalidade de imagem.



Nesta edição, como nas anteriores, estava prevista a realização de dois casos. No entanto, um deles acabou por não se concretizar porque, como refere Marco Costa, “através da imagem ecografia intracardíaca, percebeu-se que o doente apresentava uma formação (possivelmente um trombo) no eletrocatéter que tinha na aurícula direita e optou-se por não efetuar a punção do septo intra-auricular”.

“Podíamos levar essa formação para o lado esquerdo e provocar uma complicação trombótica ao doente”, explica, desenvolvendo que, por isso, optou-se por avaliar melhor a situação e, se possível, resolver o problema do doente para depois se voltar a tentar encerrar o apêndice auricular esquerdo.

Apesar de tudo, Marco Costa afirma que “acabou por ser um caso interessante porque mostra a importância das modalidades de imagem a ajudar a decidir o que fazer num procedimento tão complexo como é o encerramento do apêndice auricular esquerdo”.



O outro caso era o de um doente que tinha hemorragias digestivas frequentes e não podia fazer anticoagulação oral porque tem uma angioplastia do cólon. “O doente já tinha feito várias transfusões de sangue e apresentava um risco de AVC importante. Optámos por fazer um encerramento do apêndice. O caso correu muito bem, sem nenhum tipo de complicações. Foi colocado um dispositivo e o doente está bem”, relata.

Habitualmente, o grupo divide-se em dois, sendo que metade assiste na sala de reuniões à apresentação ao vivo dos casos e interage com a equipa em tempo real, enquanto os outros elementos estão na sala de hemodinâmica. Depois, os grupos trocam de posições.

Segundo Marco Costa, os participantes fizeram uma avaliação muito positiva da formação, tendo até surgido vários convites no sentido de a equipa da UNIC se deslocar aos seus locais de trabalho para realizar casos, uma situação que vê com agrado: “Vamos continuar a ajudá-los a adquirir as competências necessárias para fazer este tipo de procedimentos.”

O próximo curso de ecografia intracardíaca está agendado para dia 8 de setembro e irá incidir também na utilização desta modalidade de imagem no contexto do apêndice auricular esquerdo, por ser o tema que mais interesse tem suscitado.



Mais de 400 procedimentos com ecografia intracardíaca na UNIC

A UNIC do HG do CHUC tem, segundo Marco Costa, uma “vasta experiência” em ecografia intracardíaca, tendo sido efetuados, na sala de hemodinâmica, mais de 400 procedimentos com esta modalidade de imagem.

A ecografia intracardíaca era utilizada inicialmente para o encerramento percutâneo das comunicações intra-auriculares e o foramen oval patente. Contudo, há algum tempo começaram a surgir algumas evidências do uso da ecografia intracardíaca no contexto do apêndice auricular esquerdo.



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