Encontro Nacional das USF dedicado à «Saúde familiar em tempos de mudança»

O processo de reforma que está a ser vivido atualmente no SNS é, para a médica de família Ana Ferrão, que preside à Comissão Organizadora do 15.º Encontro Nacional das USF, um momento que exige a participação de todos, para a construção de um futuro melhor. “Juntos na mudança: o futuro depende de nós” é o lema do evento, que terá lugar a 18 e 19 de outubro, em Santarém.




A ligação de Ana Ferrão à USF-AN, a associação que tem como missão representar as USF e os profissionais que as integram e fomentar a partilha de conhecimento e boas práticas, já é longa. A médica de família da USF Marginal, em Cascais, foi uma das profissionais que, num determinado encontro promovido pela APMGF, discutiram “a importância de se criar uma associação que não agregasse apenas médicos, uma vez que as USF são multiprofissionais”.

Desde a sua criação, em 2009, que tem vindo a integrar o seu Conselho Consultivo e os Órgãos Sociais e a dar o seu contributo em grupos de trabalho sobre contratualização, indicadores ou BI-CSP.

Perante o convite de André Biscaia, presidente da USF-AN, seu amigo e colega de trabalho desde a criação da USF Marginal, para presidir à Comissão Organizadora deste Encontro, não teve como recusar e nem o facto de poder já vir a estar reformada na data do evento demoveu a Direção da USF-AN, nem Ana Ferrão de aceitar.

“Para mim, era difícil recusar um convite que partia de um amigo e, para o André, fazia sentido que fosse eu por ter acompanhado todo o percurso da constituição das USF”, refere.

"A mais-valia das ULS não está demonstrada"

No ano em que se deu a generalização do modelo ULS e se está a viver um período de mudança, Ana Ferrão acredita que “é ainda mais relevante levar os profissionais a participar, para construir um futuro melhor”. Além de considerar que “o modelo não está perfeitamente testado nem a sua mais-valia demonstrada”, realça que “a dinâmica atual não está a ser fácil e os profissionais estão a deparar-se com muitos problemas”.

Admitindo que “as próprias ULS não estavam preparadas para esta mudança”, refere estarem a ser descritas “várias lacunas, em termos de remuneração e distribuição de material, por exemplo”. No fundo, “de repente, o circuito foi alterado e, aparentemente, os processos não estavam pensados nem bem organizados”.

Por esse motivo, sublinha a importância da presença de todos, neste Encontro: “Temos que intervir para que tudo aquilo que construímos nestes anos não desapareça ou seja condicionado, neste processo de mudança. Mesmo tendo a USF-AN uma Direção muito ativa, uma associação nunca é apenas a direção, e os sócios têm de estar envolvidos. Não é por acaso que o lema da USF-AN é ‘Juntos somos mais fortes!’”


Ana Ferrão

“Saúde Familiar em Tempos de Mudança” como fio condutor do programa

A decorrer nos dias 18 e 19 de outubro, no Centro Nacional de Exposições de Santarém, o 15.º Encontro Nacional das USF tem como tema “Saúde Familiar em Tempos de Mudança” e a Comissão Organizadora espera conseguir reunir meio milhar de participantes.

Com temas mais específicos e outros transversais, Ana Ferrão adianta que alguns dos assuntos debatidos serão no âmbito da liderança e redes colaborativas, inteligência artificial, migrantes, contratualização e adaptação das USF modelo B que transitaram administrativamente, sendo que está preconizado um tempo próprio para abrir a discussão à assistência”.

À semelhança do que vem acontecendo em todos os encontros, haverá espaço para o “Momento Atual”, que decorrerá na Sessão de Abertura e, suportado nos resultados dos inquéritos dirigidos aos coordenadores das unidades, ao longo de 15 anos, serve de “barómetro do que vai acontecendo nos CSP”.

Na sua opinião, a aplicação do inquérito neste momento de mudança “é muito importante porque permitirá perceber como é que em cada local esta está a ser sentida, desde a relação com a ULS aos sistemas informáticos”.

Também o Acontece’24 será uma sessão a repetir, em que os profissionais poderão partilhar boas práticas e experiências inovadoras realizadas nas suas unidades, sob a forma de comunicações orais e em póster.

Haverá ainda tempo para momentos de partilha, descompressão e humor, como sucederá com o apoio da “USF Arco-da-Velha”. Como habitualmente, foi constituída uma Comissão Local, que se centra no estabelecimento de contactos importantes no local do evento.


A entrevista completa pode ser lida na edição de setembro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Integrados.

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