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Enfermagem de Reabilitação e o seu «papel crucial» nas equipas dos cuidados primários

Reforçar o papel do enfermeiro especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) nos cuidados de saúde primários (CSP) é um dos pontos mais abordados no 1. º Congresso de Cuidados Respiratórios em Enfermagem de Reabilitação, que teve início ontem e termina amanhã, em Lisboa, decorrendo em formato digital para todos os participantes.

No entender de Maria do Carmo Cordeiro, da Comissão Organizadora (CO), “a pandemia veio demonstrar a relevância do EEER nas equipas multidisciplinares e na recuperação dos doentes".

O evento, que se realiza numa altura em que se assinala o Dia Nacional da Reabilitação Respiratória (21 de abril) é organizado pela Associação Científica dos Enfermeiros (ACE), com o apoio do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC).




O encontro destes profissionais há muito que acontecia nas Jornadas com o mesmo nome, mas este ano optou-se por outro formato. “Já tínhamos esta ideia e, apesar da pandemia, avançámos, porque é importante partilhar experiências e conhecimentos”, explica Maria do Carmo Cordeiro, em declarações à Just News. Foi também forma, refere, de se prestar uma homenagem a todos os EEER que estiveram na linha da frente a dar resposta aos doentes covid e não covid.


A responsável reconhece que não tem sido fácil a adaptação a novas abordagens e práticas, por causa do novo vírus. Contudo, “a pandemia permitiu demonstrar claramente como o EEER tem um papel crucial, quer na prevenção como na reabilitação”.


Maria do Carmo Cordeiro

Especificando, sublinha que a infeção por SARS-CoV-2 pode deixar sequelas nalguns pacientes e que a reabilitação no geral, e especificamente a respiratória, é “essencial na otimização do estado de saúde de cada pessoa”.


Segundo Maria do Carmo Cordeiro, “este trabalho não se cinge ao internamento, sendo fundamental também nos CSP, pela proximidade com o doente e o seu contexto familiar e social”. A enfermeira indica como áreas importantes de intervenção, a prevenção, a gestão da doença e a melhoria do condicionamento físico e respiratório, que extravasa as paredes do hospital.




Reabilitação Respiratória: A visão médica


Quem também defende a intervenção dos EEER na comunidade, incluindo no domicílio, é a pneumologista Paula Pinto, que também integra a CO do evento.

Recordando os casos mais graves de infeção por SARS-CoV-2, que evoluem para pneumonia, inclusive pneumonia organizativa, vê nestes profissionais uma mais-valia: “São doentes que necessitam de oxigenoterapia, nomeadamente de alto fluxo, e de ventilação (invasiva e não invasiva) e a Reabilitação Respiratória (RR) é fundamental.”


Paula Pinto

Como pneumologista, realça a relevância destes cuidados na comunidade, por considerar que faz toda a diferença existir um programa de Reabilitação Respiratória integrado, que comece no hospital e continue nos CSP. Paula Pinto lembra que “a RR não é um medicamento, mas é o que realmente ajuda o doente (covid e não covid) e é uma grande satisfação constatar a evolução clínica na consulta hospitalar".




Atuação em diferentes níveis de cuidados

Para além de Maria do Carmo Cordeiro e de Paula Pinto, a sessão de abertura do Congresso também contou com a intervenção, via online, de Luís Gaspar, presidente do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros.

Enaltecendo a intervenção deste grupo profissional nas equipas multidisciplinares, o enfermeiro salientou que a sua atuação é importante nos vários níveis de cuidados e contextos. “O principal fim é restaurar a independência no autocuidado, sem se cingir apenas à componente educacional e de autogestão da doença, mas também à gestão dos sinais e sintomas", disse.


Acrescentou ainda ser necessário olhar para os EEER como profissionais com competências em diferentes áreas, como no treino de exercício, e para a pouca acessibilidade a programas de RR.


Paula Pinto, Filomena Gomes Leal e Maria do Carmo Cordeiro

Na abertura intervieram também outros membros da CO, como os enfermeiros Rui Silva, João Cardoso e Glória Couto, e ainda Filomena Gomes Leal, presidente da ACE. Todos foram unânimes em considerar que os EEER são cada vez mais essenciais nas equipas multidisciplinares.

O evento termina esta quinta-feira, contando com palestras e apresentação de pósteres, com o apoio científico da Ordem dos Médicos, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, da Fundação Portuguesa do Pulmão, da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Reabilitação e da RESPIRA – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas.

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