«Ensinar é uma das melhores formas de garantir a nossa formação contínua»

Eleito, em setembro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Duarte Nuno Vieira iniciou uma nova reforma curricular para todos os anos do curso de Medicina, ao mesmo tempo que tem intensificado as parcerias desenvolvidas pela Faculdade com várias entidades, a nível nacional e internacional.

Relativamente às prioridades definidas pela nova Direção, Duarte Nuno Vieira afirma que são, "desde logo, a nível pedagógico. A Faculdade tem algumas insuficiências e deficiências pedagógicas que não podemos ignorar. Iniciou-se uma reforma curricular e este é um ano fundamental, até porque a Escola vai ser submetida à avaliação da A3ES [Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior]."

O responsável explica que "existe um conjunto de contingências que criam problemas do ponto de vista de infraestruturas pedagógicas que teremos que ultrapassar, embora não dependam exclusivamente da nossa vontade. Por exemplo, atravessamos uma fase de transição de um edifício antigo para edifícios novos que ainda não sabemos sequer quando estarão concluídos na sua plenitude e as intensas limitações orçamentais têm condicionado muito as progressões nas carreiras e a contratação de novos docentes."



Faculdade e CHUC com "relação muito boa"

Entre vários temas abordados na entrevista de fundo, publicada no Jornal Médico de dezembro, Duarte Nuno Vieira dá a sua perspetiva sobre se estará para breve o estatuto de hospital universitário: "Já sucessivos governos abordaram esse assunto, mas a questão acaba sempre por sair da agenda política. Há cerca de 10 anos, eu próprio fiz parte de uma comissão para estudar este dossiê. Na altura, apresentou-se ao Governo uma proposta de lei, mas nunca foi ponderada. Surgem as pressões, os interesses instalados e as propostas ficam pelo caminho..."

Acrescenta ainda que se é verdade que o estatuto "não resolvia tudo", poderia ajudar "bastante", frisando que, de qualquer forma, "há uma relação muito boa entre a Faculdade e o CHUC. Existe, inclusive, uma comissão mista onde estão representantes de ambas as instituições para assegurar a qualidade do ensino. Mas precisávamos de mais. Basta pensar que, quando os hospitais universitários foram construídos, cada serviço tinha uma sala de aulas. São poucos os serviços onde hoje essas salas funcionam para ensino. Começaram a ser utilizadas para outros fins e não se preservou a vertente universitária."

Ensino médico de qualidade e com "grande margem de progressão"

Questionado sobre como classifica os alunos de Medicina em Portugal, o presidente da FMUC afirma: "Eu não partilho da opinião daqueles que dizem que as novas gerações são sempre piores. Os nossos alunos são particularmente ativos, dinâmicos e empenhados. Têm um forte espírito crítico. Não deixam nada a desejar quando comparados com os de muitos outros países."

Quanto à qualidade do ensino, Duarte Nuno Vieira dá o exemplo dos alunos Erasmus que vão para Coimbra e que, "quando comparam as condições e qualidade do ensino proporcionado com o que têm nas suas universidades de origem, tecem os maiores elogios ao que encontram. Temos um ensino médico em Portugal da mais elevada qualidade. Desde logo em Coimbra. Mas com grande margem de progressão."

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