«É entusiasmante ter todo o Serviço a organizar o Congresso Nacional de Medicina Interna»

É já no final de maio que se realiza o 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna. Fernando Salvador, que dirige o Serviço de Medicina Interna da ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro, preside este ano à Comissão Organizadora, que tem a particularidade de incluir todo o Serviço. "Quisemos ser inclusivos", explica o médico.

Em entrevista à Just News, lembra que, "logo na primeira reunião, entendemos que faria sentido surgir o nome do Serviço na Comissão Organizadora (CO) e trabalharmos na organização do Congresso como um todo".

Uma opção que "demonstra que não estamos em busca do nome que aparece associado à CO, mas que estamos, antes, todos entusiasmados por mostrar a atividade e a diferenciação do nosso Serviço".


Fernando Salvador

Programa de enfermagem em paralelo

Também na construção do programa científico, Fernando Salvador esclarece que a equipa procurou ter uma certa perspetiva de inclusão. "Teremos todo o gosto em receber médicos de outras especialidades e vamos ter um programa de enfermagem neste Congresso, o que será inovador", afirma, indicando que "nós trabalhamos como um todo e temos cuidados diferenciados aos doentes prestados por médicos, enfermeiros e assistentes operacionais".

Assim, e nesta componente científica, a Comissão Organizadora entendeu que "fazia sentido envolver os enfermeiros que trabalham nos serviços de Medicina Interna, porque também eles têm muita formação neste âmbito, conhecem os fármacos que são utilizados e sabem qual é a sua tarefa no dia-a-dia ao observar os doentes".

No dia de sábado, terá lugar um programa de enfermagem em paralelo, "dirigido especificamente aos enfermeiros que trabalham nos serviços de Medicina Interna do país. Também vamos promover a submissão de trabalhos de enfermagem".



"Somos um dos maiores serviços de Medicina Interna do SNS"

"O Serviço de MI da ULSTMAD é um serviço único, que está baseado em três hospitais − Lamego, Vila Real e Chaves − e que tem uma grande amplitude geográfica. De Lamego a Chaves, distam sensivelmente 100 km", afirma Fernando Salvador, acrescentando:


"Somos responsáveis pela assistência à população de todo o distrito de Vila Real e do norte do distrito de Viseu, portanto, abrangemos um considerável número de concelhos, acabando por ter uma grande dimensão assistencial e ser um dos maiores serviços de MI do SNS."

Segundo o responsável, "temos aproximadamente 9 mil doentes saídos do Internamento, fazemos em torno de 30 mil consultas e somos responsáveis pela observação de cerca de 40 mil doentes na Urgência. Esta grande dimensão quer geográfica, quer relativa à abrangência de três hospitais, acrescenta-nos atividade assistencial."

E quanto ao número de doentes? "É dos maiores do país", refere. Fazendo questão de salientar que "é sempre difícil compararmos serviços, porque existem várias componentes", adianta, no entanto, com um dado: "Se nos basearmos no Internamento, temos sido sempre dos três serviços com o maior número de doentes saídos, com aproximadamente 9000."

Contudo, "infelizmente, não somos dos que têm um maior número de profissionais de saúde", um problema que remete para a dificuldade de fixação de médicos no interior.



"As pessoas ficam doentes tanto em Trás-os-Montes como no Alentejo ou no Algarve."

Fernando Salvador lamenta que "o interior do país não tenha evoluido em alguns aspetos, precisamente pela dificuldade associada à fixação de profissionais".

Acontece que "a Saúde tem de evoluir porque não escolhe local". Ou seja, "as pessoas ficam doentes tanto em Trás-os-Montes como no Alentejo ou no Algarve". E se é certo que "muitas das empresas que se encontram na vanguarda das novas tecnologias estão localizadas no litoral e nos grandes centros do Porto e de Lisboa, já no caso da Saúde, tem de haver bons cuidados em qualquer parte. É importantíssimo que o país esteja coberto uniformemente."

E reforça a ideia: "Nós, como portugueses, temos deveres, mas também temos direitos, e direto à Saúde deve ser exatamente igual para alguém que more em Trás-os-Montes, no Douro Litoral ou na Estremadura."

A Conferência de Abertura do Congresso, proferida por Maria de Belém Roseira (ex-ministra da Saúde) será, aliás, dedicada a analisar as "perspetivas atuais e futuras" do Serviço Nacional de Saúde.

 

O programa pode ser consultado aqui.

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