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Farmacêuticos nas administrações hospitalares: «formação e experiência» seriam mais-valia

"Apesar de já existirem exemplos onde farmacêuticos, pela sua formação e experiência, integram os conselhos de administração, ainda não é uma prática comum", afirma Catarina da Luz Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH).

Em entrevista à Just News, publicada no último Hospital Público, a diretora adjunta da farmácia do Hospital Vila Franca de Xira considera que os farmacêuticos hospitalares são uma "peça fundamental para a sustentabilidade do sistema de saúde", sublinhando: "Somos também profissionais de saúde que conseguimos ter uma visão geral do que se passa no hospital."



Por outro lado, acrescenta, "seria necessário que houvesse uma inovação organizacional no sistema de saúde, de modo a reforçar a importância do farmacêutico clínico, permitindo que este estivesse a tempo inteiro nos serviços clínicos, sempre com o objetivo de maximizarmos os efeitos terapêuticos e minimizarmos os efeitos indesejáveis dos medicamentos".

A farmacêutica faz questão de recordar que o farmacêutico hospitalar, "como parte integrante da equipa multidisciplinar dos profissionais de saúde, é o profissional cuja amplitude das atividades que desenvolve permite assegurar a qualidade, a eficácia, a segurança e o custo-efetividade dos medicamentos prescritos aos doentes, contribuindo para o sucesso da terapêutica".

Desta forma, "torna-se corresponsável pela recuperação ou manutenção das condições de saúde do indivíduo e da população, essencial para o bem-estar da sociedade".


"Peça para falar com o seu farmacêutico hospitalar"


Questionada sobre se considera que a profissão de farmacêutico hospitalar é devidamente reconhecida, Catarina da Luz Oliveira não tem dúvidas: "Quem conhece a realidade da atividade do FH reconhece e valoriza, sem dúvida alguma, a nossa profissão, no entanto, ainda temos um caminho a percorrer, no sentido de promover ainda mais o reconhecimento da profissão junto dos profissionais de saúde e principalmente junto dos doentes."

De acordo com a responsável, existe um forte empenho da Associação em alterar esta tendência: "A promoção da capacitação e o reforço da visibilidade do farmacêutico hospitalar nos serviços de saúde é um dos focos da ação da APFH."

A farmacêutica vai mesmo mais longe: "Queremos que o doente, uma vez internado, peça para falar com o seu farmacêutico hospitalar, à semelhança do que sucede com outras áreas profissionais. Termos paixão pelo trabalho que desempenhamos é um dos valores da APFH, em prol da nossa valorização profissional."



"Somos profissionais de excelência"

Relativamente à preparação dos farmacêuticos hospitalares em Portugal, "aproximadamente 1100", Catarina da Luz Oliveira não hesita em afirmar:

"Nesse campo, não só estamos ao nível dos outros países, como não tenho dúvidas em afirmar que somos profissionais de excelência, pelo nosso espírito de dedicação e pela paixão à nossa profissão, em prol dos doentes."

Contudo, e por melhor que seja a preparação, a farmacêutica explica que a abrangência das atividades do farmacêutico hospitalar, "e face à evolução da ciência e do conhecimento, as necessidades formativas são uma constante para o desempenho das nossas funções".



Nesse âmbito, e além da sua reunião anual, dedicada em 2017 ao lema "A chave do sistema de saúde", a APFH tem promovido a realização de diversos cursos de formação em áreas específicas e são organizados dois eventos temáticos, "sendo um deles a Reunião de Oncologia e um outro cujo tema é definido em cada ano".

"Evidenciar o Conhecimento em Farmácia Hospitalar"

Por outro lado, Catarina da Luz Oliveira salienta que a APFH "continua a sua política de apoio a projetos apresentados pelos seus associados" e decidiu instituir o Prémio de Investigação e Inovação em Farmácia Clínica Professor Doutor Aluísio Marques Leal.

Já para fomentar a realização de estudos de caráter técnico e científico, "promovendo o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do FH na produção de documentos científicos, a APFH criou uma ´bolsa de tutores`, constituída por um grupo de profissionais altamente qualificados, que se disponibilizaram a ajudar e a melhorar as ideias para a produção de documentos científicos e para a sua apresentação em congressos".



A presidente da APFH adianta ainda que será lançado, em breve, o livro Evidenciar o Conhecimento em Farmácia Hospitalar, "que resulta das nossas parcerias que nos permitem apoiar os projetos de investigação, concedendo-nos, assim, a possibilidade de reconhecer e premiar os trabalhos desenvolvidos".

A obra tem como objetivo "compilar e divulgar esses trabalhos de forma a partilhamos a evidência científica e a produção de conhecimento resultante da atividade desenvolvida nos diferentes Serviços Farmacêuticos dos hospitais portugueses".

Entre outros temas abordados na entrevista, Catarina da Luz Oliveira recorda que a APFH está também empenhada em "apostar nos estudantes, que são o futuro da nossa profissão. Assim, este ano, renovámos o protocolo de colaboração com a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), que lhes permite ter acesso e participar em todas as atividades desenvolvidas pela APFH."





A entrevista completa pode ser lida na edição de novembro do Hospital Público.

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