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«Não podemos fazer medicina, nem diagnósticos, a partir de folhas de Excel»

Em entrevista à Just News, Fernando Almeida, presidente do Instituto Ricardo Jorge, explica que o reforço da Rede Médicos Sentinela constitui uma das suas prioridades e adianta que, no último ano, "registou-se a adesão de mais 30 médicos de família, na sua maioria jovens, o que significa que a Rede conta atualmente com mais de 100 elementos, sendo que 80 são notificadores ativos da rede".

Refere ainda que, "nessa ação de sensibilização, contamos muito com o apoio da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), das Coordenações do Internato de Medicina Geral e Familiar e da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN)."



Na sua opinião, "temos que fazer cada vez mais uma medicina personalizada e isso implica humanização. Não podemos fazer medicina, nem diagnósticos, a partir de folhas de Excel. Temos que olhar para as pessoas, entendê-las e perceber que, em torno do doente, há um mundo."

Fernando Almeida considera que "a carreira de Medicina Geral e Familiar entende isso na perfeição", salientando que os médicos de família "conhecem todo o ambiente social dos utentes e das famílias". Desta forma, a Rede Médicos Sentinela permite "fazer uma avaliação muito mais fina do que se está a passar no terreno e, por outro lado, sem a avaliação médica da situação, os dados não seriam tão fiáveis".

O presidente do Instituto Ricardo Jorge afirma também que a função dos médicos sentinela "não se esgota na vigilância da gripe. Colaboram em muitos trabalhos de investigação científica relevantes e de âmbito nacional". E adianta que, em 2016, "vamos tentar, junto da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que estas atividades passem a ser consideradas, não só em termos curriculares, mas também em termos de produção".



Um Laboratório que é “uma ilha de excelência”

Questionado sobre a colaboração que tem sido desenvolvida especificamente com os PALOP, Fernando Almeida refere que o Instituto "tem assegurado o funcionamento em permanência, desde março do ano passado, de um laboratório móvel em Bissau, que permite garantir a deteção do vírus Ébola em amostras de doentes suspeitos de terem contraído a doença. Para além de executar os diagnósticos de Ébola, os técnicos do Instituto têm também ministrado formação na área da biossegurança laboratorial."

Este projeto do Laboratório Móvel "foi identificado como ´uma ilha de excelência` pela OMS África", refere. Por outro lado, acrescenta, "o Center for Disease Control and Prevention (CDC) de Atlanta, nos EUA, quer trabalhar com o Instituto na Guiné, num projeto de investigação e de capacitação do laboratório. A escolha do INSA pelo CDC de Atlanta representa mais um reconhecimento internacional do nosso trabalho."



Estes serão, eventualmente, alguns dos motivos que fazem com que Fernando Almeida não hesite em afirmar: "Os portugueses podem confiar no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Tenho os melhores profissionais do mundo, em todas as áreas. Trabalham com uma enorme dedicação e esse é um dos fatores essenciais do sucesso do INSA."



Ao longo da entrevista, que pode ser lida na atual edição do Jornal Médico, o responsável pelo INSA desenvolve estes e outros temas, como as redes internacionais de vigilância epidemiológica, o objetivo das reformas em curso no INSA, o envolvimento do Instituto no projeto em curso da OMS sobre obesidade infantil. Explica também em que consiste o projeto de investigação internacional em que está envolvido, o IMOVE+ (Integrated Monitoring of Vaccines Effects in Europe).

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