Fibrilhação auricular é uma «arritmia rápida» extremamente frequente
A fibrilhação auricular e as arritmias ventriculares graves são, de acordo com Daniel Bonhorst, presidente do Instituto Português do Ritmo Cardíaco (IPCR) e copresidente do Arritmias 2016, evento que se realizou recentemente em Cascais, os principais desafios que os especialistas desta área enfrentam.
Em declarações à Just News, Daniel Bonhorst referiu que a fibrilhação auricular é uma “arritmia rápida” extremamente frequente, que condiciona, de forma significativa, a morbilidade e mortalidade.
“Estes doentes apresentam o dobro da mortalidade das pessoas da mesma idade, que não têm fibrilhação auricular, sobretudo em relação com as complicações tromboembólicas, que podem dar origem a um acidente vascular cerebral”, observou, acrescentando: “Foi, por isso, muito importante o aparecimento de novos anticoagulantes orais, que diminuem drasticamente a incidência dessas complicações.”
O presidente do IPCR relembrou que a varfarina existe já há muitos anos, apresentando, porém, uma série de inconvenientes, agora em grande parte ultrapassados com os novos anticoagulantes. 
As arritmias ventriculares severas são, segundo Daniel Bonhorst, menos frequentes, mas mais graves, uma vez que podem levar à morte súbita. “O grande desafio para todos os arritmologistas é a identificação dos doentes em risco, para se tentar prevenir a morte súbita”, explicou.
E desenvolveu: “A nossa principal arma não são os fármacos, que se têm mostrado bastante ineficazes, mas sim os dispositivos eletrónicos, nomeadamente, o cardioversor desfibrilhador implantável.”
No que respeita ao Arritmias 2016, Daniel Bonhorst afirmou que tanto a edição deste ano como as anteriores tiveram muito sucesso, “não apenas pela qualidade da participação e dos temas que têm sido abordados, como também pelos aspetos sociais e pelos locais onde têm sido organizadas”. 
Daniel Bonhorst e Hipólito Reis.
Das temáticas abordadas este ano, o especialista destacou a conferência “Após 20 anos, onde nos leva a ablação epicárdica?”, proferida por Maurício Scanavacca. “Trata-se de uma ablação por cateter, feita por fora do coração, através do saco pericárdico”, explicou, mencionando que o palestrante é um dos criadores desta técnica e que veio abordá-la, precisamente, na altura em que se assinalam os 20 anos da sua utilização.
Daniel Bonhorst fez ainda referência à conferência sobre “síndrome de Brugada”, em que o especialista italiano Carlo Pappone abordou a utilização da já referida ablação epicárdica no tratamento desta patologia.
“A síndrome de Brugada é uma arritmia potencialmente fatal, mais frequente no período noturno e que apresenta um eletrocardiograma muito típico, que foi descrita há cerca de 20 anos por três espanhóis, os irmãos Brugada.”
Hipólito Reis, copresidente da reunião e presidente da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Eletrofisiologia (APAPE), da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, disse, em declarações à Just News, que a organização teve a preocupação de construir um programa científico que suscitasse interesse não apenas aos cardiologistas mais diferenciados em Arritmologia, mas também aos não arritmologistas e, ainda, a outros especialistas médicos, referenciadores destes doentes.
“É um congresso aberto a toda a comunidade médica. O programa foi desenhado com muita antecedência e os palestrantes convidados são especialistas de renome, que consideramos ser uma mais-valia para a reunião. Esta tem vindo a ser mais procurada e, este ano, contámos com quase 300 inscrições”, explicou.
Hipólito Reis indicou considerar que Portugal se encontra ao mesmo nível de qualquer outro país no que respeita à área da Arritmologia. “Tem-se verificado uma grande preocupação na formação, tanto durante o Internato de Cardiologia, como posteriormente, para que os especialistas possam fazer uma constante atualização do conhecimento”, concluiu.
A reunião Arritmias é uma organização conjunta do IPRC e da APAPE.
