Francisco Melo Mota homenageado na XVII Jornadas de VIH da SPMI

Francisco Melo Mota, especialista em Medicina Interna e Infeciologia, é o homenageado desta 17.ª edição das Jornadas de VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), evento que está a decorrer em Viseu, ao longo dos dias 6 e 7 de maio.

Atualmente responsável pelo Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, Francisco Melo Mota realizou todo o seu percurso profissional nos Açores, tendo-se dedicado ao seguimento dos doentes com infeção VIH/SIDA. Assumiu, ao longo dos anos, cargos de responsabilidade na área da Infeciologia em todo o arquipélago.

Quando questionado acerca da forma como vê esta homenagem, Francisco Melo Mota afirma que, “de certa forma”, se sente “orgulhoso” com a situação, porém, considera “não a merecer”. “Talvez seja pelo grau de amizade e por ter exercido toda a minha função no arquipélago dos Açores, onde durante muitos anos andei sozinho nesta área do VIH”, observa.


Nascido em novembro de 1951, em São Miguel, licenciou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e iniciou os internatos em 1980. “Escolhi Medicina Interna por ser a especialidade mais abrangente da Medicina, que envolve todos os complementos da área médica e que permite que nos dediquemos a determinadas particularidades, dentro do global do doente”, recorda.



A Infeciologia surgiu, segundo conta, logo no início, pois, o seu “chefe internista” tinha o sonho de criar um serviço desta especialidade no Hospital de Ponta Delgada, o que veio a verificar-se em finais de 1983.

Segundo lembra, inicialmente, tratar doentes com SIDA era “um grande problema”, na medida em que não existia tratamento e estes viviam muito pouco tempo. Contudo, mais tarde, esta realidade foi sofrendo alterações:

“Por um lado, com o advento da terapêutica – com todas as ocorrências de uma patologia que, apesar de ter tratamento, não tem cura –, os estigmas por parte do próprio doente e múltiplos outros fatores, tornou-se agradável o seguimento destes pacientes. Por outro, trata-se de situações um pouco tristes, pois, muitas vezes, tudo acontece por comportamentos de risco, reincidências e toxicodependência”, refere. E acrescenta: “São fatores terríveis no acompanhamento deste tipo de doentes.”

Açores têm cerca de 300 doentes infetados com VIH/SIDA

Segundo Francisco Melo Mota, neste momento, a Ilha de São Miguel tem cerca de 120 pacientes – quase tantos quanto o Grupo Central da Ilha Terceira –, dos quais 100 em tratamento e alguns flutuantes. Com 240 mil habitantes no global, os Açores têm cerca de 300 doentes infetados com o VIH/SIDA.

Quanto à prevenção, afirma serem feitas várias campanhas de informação. Contudo, no seu entender, isso é tudo “um pouco relativo”, uma vez que considera que os jovens estão relativamente bem informados. “O que se verifica é a continuação de comportamentos de risco, provavelmente, por uma questão cultural. Os indivíduos arriscam, pensam que só acontece aos outros...”

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