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Ginecologia da Adolescência: «jovens pedem mais cirurgia vulvar apenas por razões estéticas»

O aumento de pedidos de cirurgia vulvar foi uma das temáticas debatidas nas 1.as Jornadas de Ginecologia da Adolescência do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), que decorreram no dia 22 de novembro, no auditório do hospital.

“Surgem cada vez mais jovens, acompanhadas das mães, sem terem noção das complicações subjacentes”, alertou Naigel Pereira, responsável pela Consulta de Ginecologia na Adolescência do HBA.



Naigel Pereira não tem dúvidas. “Já não se fala tanto em mamoplastia ou rinoplastia, as adolescentes pedem mais cirurgia vulvar apenas por razões estéticas.” Uma realidade que traz algumas preocupações e desafios aos ginecologistas. “Não existe qualquer problema de saúde, ainda estão numa fase de desenvolvimento, por isso a intervenção cirúrgica, além de não ser necessária do ponto de vista clínico, pode trazer complicações.”

O aumento destes casos deve-se, como disse, à internet. “Através das redes sociais, onde mais facilmente se exibem, ficam com uma ideia adulterada do que é uma suposta “normalidade” – que não existe – e acham que podem resolver o que consideram um problema.”


Naigel Pereira

A ginecologista/obstetra admitiu que nem sempre é fácil convencer as jovens acerca dos riscos que incorrem. “Nem as adolescentes, nem as próprias mães, que também as acompanham às consultas.”



Ainda nas jornadas, além dos problemas de saúde próprios da adolescência, falou-se de contraceção e de interrupção voluntária da gravidez (IVG). “Há uma grande incidência de gravidez na adolescência, daí que também tenhamos uma consulta dedicada a estas jovens. Contudo, globalmente, nota-se já alguma diminuição no número de casos, um pouco à custa da IVG.”

Uma situação que também acarreta alguns desafios. “Existem sempre riscos na IVG, principalmente nestas idades, embora do ponto de vista psicológico seja diferente dos adultos. Face à facilidade com que a IVG é apresentada e à imaturidade destas raparigas, acabam por optar pela IVG, protegendo-se de alguma forma de possíveis sequelas psicológicas.”



Associada à gravidez na adolescência e à IVG, está outra questão: a não adesão à contraceção: “Ou não usam ou então, por desconhecimento não utilizam a mais adequada, contribuindo para isso a pressão dos pares ou até o receio em mostrar aos pais que já têm vida sexual ativa.”

Naiegal Pereira adianta que as jornadas foram bem recebidas quer por médicos e internos da especialidade como da Medicina Geral e Familiar, tendo contado com mais de 90 participantes. “Não há muitos eventos nesta área, apesar da sua extrema relevância. É muito importante falar sobre os problemas que afetam as adolescentes, assim como partilhar ideias e experiências.”



O evento contou com o patrocínio científico da Portuguese Network of Trainees in Obstetrics and Gynaecology, mais conhecida por PoNTOG, e da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. 


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