Hospital de St.ª Maria é o único em Portugal a fazer cirurgia mitral minimamente invasiva
O Hospital de Santa Maria (Centro Hospitalar Lisboa Norte) é o único local em Portugal onde se realiza, desde há 2 anos, a cirurgia mitral minimamente invasiva, técnica muito eficaz no tratamento da doença valvular, representando uma óbvia mais-valia para os doentes. No decorrer de uma reunião científica que ali teve lugar, foi possível assistir, na Aula Magna, à transmissão inédita em 3D de várias cirurgias.
As técnicas cirúrgicas minimamente invasivas são ainda realizadas, no nosso País, em número inferior ao desejável. O Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do CHLN, dirigido por Ângelo Nobre, promoveu, a 19 de fevereiro, o 1.st International Meeting of Minimally Invasive Techniques in Cardiac Surgery.
Em declarações à Just News, aquele especialista afirmou que o objetivo maior deste encontro passou, precisamente, por difundir a cirurgia mitral minimamente invasiva e por promover o contacto entre os diversos centros, juntando, sobretudo, cardiologistas e cirurgiões cardíacos.
“Pretendemos divulgá-las e procurar que as pessoas se interessem por estas novas tecnologias. Estamos disponíveis para ajudar a que se difundam por todo o país”, referiu Ângelo Nobre.
Estas técnicas são aplicáveis a todos os doentes com patologia valvular mitral ou aórtica, inclusivamente, com aneurismas da aorta ascendente. No caso da cirurgia aórtica minimamente invasiva, ela já é efetuada noutros hospitais, para além de Santa Maria, mas ainda “em pequeno número”, sublinhou o médico.
Quando questionado acerca daquilo que é necessário fazer para que se comece a utilizar mais estas técnicas, Ângelo Nobre respondeu que apenas falta “vontade”, acrescentando: “Penso que rapidamente todos os centros poderão dispor das infraestruturas necessárias. Há sistemas de imagem com alta definição para todos os tipos de cirurgia e que são deslocalizáveis para o bloco. A instrumentação cirúrgica terá de ser adquirida.”
O diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica mencionou ainda que tudo isto implica que haja uma colaboração muito grande entre os cardiologistas, os anestesistas, os perfusionistas e os cirurgiões. “São técnicas para se desenvolver em equipa, todos os membros têm um peso específico muito grande para o sucesso final da intervenção”, frisou.
Quanto ao 1.st International Meeting of Minimally Invasive Techniques in Cardiac Surgery, Ângelo Nobre não hesita em classificar como “um sucesso”, tendo a reunião somado cerca de 130 inscrições.
A sessão de abertura contou com a presença de vários responsáveis do CHLN: Carlos Martins, presidente do CA, Margarida Lucas, diretora clínica, e José Fernandes e Fernandes, diretor do Departamento de Cirurgia Valvular. José Pedro Neves representou a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardiotorácica, e Sergio Cánovas o seu colega José Cuenca, presidente da Sociedade Espanhola de Cirurgia Torácica e Cardiovascular. Entre outros especialistas, o evento contou também com a participação de Miguel Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.