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Hospitalização domiciliária do CHUP celebra 3.º aniversário e prepara projeto de telemonitorização

A Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Centro Hospitalar Universitário do Porto vai implementar, em breve, um projeto de telemonitorização, a fim de "antecipar agudizações, diagnósticos e alterações de estratégias terapêuticas", adianta a coordenadora da equipa, Sofia Ribeiro.

A médica anuncia ainda “haver já uma maior maturidade do projeto de hospitalização domiciliária, o que permite aceitar algumas referenciações diretas a partir dos cuidados de saúde primários, através do uso de meios de telemedicina, como a videoconsulta, e segundo protocolos bem estabelecidos, salvaguardando a segurança do doente”.


Sofia Ribeiro

Em mente está também a realização de vídeos digitais interativos para "promover a educação para a saúde", algo que Sofia Ribeiro considera "muito importante". Estas são apenas algumas das ideias da equipa para 2023.

3.º aniversário


Outros projetos e várias ações de melhoria contínua têm sido já implementados pela UHD ao longo dos seus três anos de existência, como é o caso de protocolos estabelecidos com diferentes áreas do centro hospitalar.



A análise do trabalho desenvolvido por esta unidade e das mais valias da Hospitalização Domiciliária em Portugal foi feito no dia do 3.º aniversário, numa sessão comemorativa que decorreu dia 31 de outubro e que contou com intervenções de João Araújo Correia, diretor do Serviço de Medicina do CHUPorto, e José Barros, diretor clínico da instituição.

Entre os convidados encontravam-se, nomeadamente, as diretoras executivas do ACES Porto Ocidental, Carla Ferraz, e do ACES Gondomar, Cristina Viegas Pascoal, e representantes de outras UHD a nível nacional, cumprindo o propósito da organização de “reforçar a ligação entre o médico hospitalar e o dos CSP”, bem como de “consolidar sinergias com outras instituições”. 

O diretor do Serviço de Medicina sublinhou precisamente a “necessidade de existir uma maior comunicação entre os hospitais e os CSP, o que contribuiria para que os doentes admitidos na UHD não tivessem origem apenas na Urgência”. Também a nível hospitalar, lamentou que haja ainda serviços do próprio CHUPorto que “desconheçam a realidade da Unidade, quando nós não lhes retiramos nada, acrescentamos”.



Uma experiência que "evoluirá também para o tratamento do doente crónico"

Do seu ponto de vista, “a HD tornou evidente a possibilidade de fazer um tratamento ao doente com segurança e qualidade no domicílio, e essa alteração concetual atinge o doente, o seu cuidador e a própria equipa de saúde. A troca de informação clínica entre o médico do hospital e o dos CSP a que este regime obriga contribui grandemente para se conseguir um tratamento integrado do doente”.

Para João Araújo Correia, “é evidente que esta experiência com o doente agudo evoluirá para o tratamento do doente crónico também, muitas vezes complexo, com equipas hospitalares muito competentes e treinadas, tal como aconteceu no norte da Europa, sendo claros os ganhos que se conseguem na manutenção da autonomia e, principalmente, nos casos de demência”.

João Araújo Correia salientou o facto de, “em pouco mais de dois anos, a HD ter sido implementada em todas as regiões do país, estando presente em 40 unidades públicas e duas privadas”.

Reconheceu que, para tal, contribuiu a “atitude do Governo, ao tê-la configurado como um objetivo prioritário, oferecendo os meios humanos e materiais para a sua concretização”, e ainda a ajuda das equipas das primeiras UHD do país, que não hesitaram em partilhar a sua experiência com as que lhe iam sucedendo”. No caso do CHUPorto, reconheceu o grande auxílio prestado pela UHD do CHVNG/E, “a quem devemos o que somos”.


José Barros, Delfim Rodrigues (coordenador do Programa Nacional de Implementação das UHD no SNS) e João Araújo Correia

Assegurar "resposta numa situação de agudização”


Na sua intervenção, a coordenadora da UHD do CHUPorto, Sofia Ribeiro, partilhou com a assistência o trabalho desenvolvido ao longo destes três anos de atividade, lembrando que, apesar de este modelo de internamento ter sete anos de existência em Portugal, ele surgiu nos EUA em 1947 e na Europa (Paris) em 1951.

Abrangendo grande parte das freguesias do Porto e chegando até Gondomar, a um tempo de distância até 30 minutos, “para garantir resposta numa situação de agudização”, a equipa observou, neste período, 1345 doentes – entrando nas suas casas 3644 vezes –, tendo internado 502.


Sofia Ribeiro adiantou que, só desde 1 de janeiro de 2022, foram internados em casa 241 doentes, um aumento de 108% face a igual período do ano anterior. A taxa de ocupação encontrava-se nos 75%, cinco pontos percentuais acima da média nacional, registando um aumento de 26%. A demora média (9,7 dias) e a taxa de mortalidade (1,8%) acompanham a tendência nacional.

De referir que em junho de 2021 a UHD passou a disponibilizar mais três camas, perfazendo oito, e em maio de 2022 já eram 10. Para breve, espera-se a dotação de mais duas camas.



"Conseguimos educar o doente e intervir a nível familiar"

A internista destacou o “esforço significativo da equipa para internar doentes neste modelo”, referenciando-os a partir dos serviços de Medicina e de Urgência, registando o facto de “alguns clínicos de outros serviços ainda mostrarem resistência face a este modelo, por estarem formatados para o internamento clássico”. Ainda assim, referiu que o Departamento de Cirurgia e a Consulta Externa têm vindo a aumentar a sua colaboração, referenciando doentes para tratamentos eletivos ou altas mais precoces.

Enquanto, atualmente, a maioria dos diagnósticos corresponde a causas infeciosas, a médica espera que nos próximos anos as doenças crónicas agudizadas, como a DPOC e a insuficiência cardíaca, possam estar mais representadas, até pelos benefícios inerentes ao tratamento em casa.

“Nesse ambiente, conseguimos educar o doente e intervir a nível familiar, o que é determinante para o cumprimento adequado dos fármacos, nomeadamente dos inaladores. Reduzimos o risco de desenvolver infeções nosocomiais, miopatias de desuso, quedas e abandonos sociais, que estão muitas vezes associados a internamentos prolongados, e ainda diminuímos os custos para as famílias e para a instituição”, referiu.

Paralelamente, a equipa tem procurado referenciar doentes para outras UHD, consoante a sua área de residência, o que já permitiu libertar 265 dias de camas cirúrgicas e 225 de camas médicas.


Elementos da equipa da UHD do CHUPorto

Implementação de protocolos

Em 2022, a UHD começou a apostar no estabelecimento de protocolos com áreas clínicas, “para promover uma referenciação mais direta”, o que já foi concretizado com a Equipa Intra-hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos. E em 2023? Preparam-se para fazer o mesmo com o Serviço de Cirurgia Vascular e com a Unidade de Pé Diabético e "ir mais além", desenvolvendo a mesma sinergia com algumas estruturas residenciais para pessoas idosas.



A reportagem completa pode ser lida no Hospital Público de novembro/dezembro.

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