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Imunoalergologistas unidos pela «reposição da comparticipação das vacinas antialérgicas»

Um dos projetos em que Ana Morête tem investido durante o seu mandato à frente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) prende-se com a reposição da comparticipação do tratamento de imunoterapia específica com alergénios, também conhecido como vacinas antialérgicas, que “são tão importantes para a abordagem terapêutica do doente alérgico”.

Objetivo: 7500 assinaturas até final de 2023

Através de uma petição pública apresentada à Assembleia da República, o objetivo da atual Direção da SPAIC é conseguir recolher 7500 assinaturas até ao final de 2023, para poder levar o tema a sessão plenária e pedir a comparticipação de pelo menos 50% do tratamento.

Esta é uma alteração pela qual as consecutivas direções da SPAIC têm vindo a lutar junto da DGS, da ACSS e do INFARMED, desde 2011, quando esta comparticipação foi subitamente suspensa, no contexto das restrições impostas pela Troika, após 30 anos de comparticipação a 50% do custo total do tratamento.

Para a presidente da SPAIC, trata-se de uma intervenção absolutamente prioritária, considerando que este é “o único tratamento desenvolvido especificamente para as doenças alérgicas, capaz de modificar a história natural destas patologias”.

Como descreve, “além de reduzir a sintomatologia, melhora a qualidade de vida, previne a progressão e a gravidade da doença, impede a sucessiva associação a outras doenças alérgicas e reduz a necessidade de medicação crónica, com naturais implicações nos custos diretos e indiretos dos doentes”.

O panorama atual torna-se ainda mais “incompreensível” quando se perceciona que “Portugal é dos poucos países da União Europeia em que a imunoterapia específica com alergénios não é comparticipada, limitando gravemente o acesso a este tratamento específico”.

Acreditando que “a SPAIC deve lutar pelos direitos do doente alérgico”, Ana Morête adianta que “todos os serviços de Imunoalergologia estão comprometidos com esta ação, fazendo deste um movimento que está a unir muito os imunoalergologistas”.



Ana Morête

“A doença alérgica surge cada vez mais precocemente"

“Por definição, a doença alérgica sempre atingiu todos os grupos etários, desde o recém-nascido, por exemplo, que tem uma alergia à proteína do leite de vaca, até ao idoso, que tem alergias medicamentosas, sobretudo se houver comorbilidades e polimedicação associadas”, refere Ana Morête.

Apesar de esta realidade continuar a manter-se, há uma nova tendência que os estudos epidemiológicos têm vindo a evidenciar: “A doença alérgica surge cada vez mais precocemente e apresenta formas de manifestação muito mais graves.”

A contribuir para tal fenómeno encontram-se, desde logo, fatores ambientais, pois, “a poluição outdoor, as constantes alterações climáticas e o aquecimento global trazem uma maior suscetibilidade a infeções, agravando a expressão, duração e gravidade da doença alérgica.” A título de exemplo, Ana Morête destaca a existência de “maiores períodos de polinização, o que leva a que a alergia aos pólenes se torne muito mais prevalente e grave”.

Por outro lado, também a covid-19 trouxe consequências a nível imunológico, dado que “a população, em geral, e os doentes alérgicos, em particular, tiveram menor contacto com os novos vírus, graças à proteção conferida pelas máscaras, reduzindo a estimulação do sistema imunológico”.

Esta limitação veio “aumentar a gravidade das infeções, sobretudo as respiratórias virais comuns, que passaram a ter um maior atingimento de órgão”. Apesar desta alteração, ressalva que, pelo facto de a maior parte dos doentes estarem controlados, “não se identificaram graves repercussões em termos de maior morbilidade e mortalidade”.

Também por esse motivo, acredita que “as doenças imunológicas são o futuro”, pois, “no futuro, a maior parte da expressão da doença terá muito enfoque na Imunologia”. Se, ao concluírem a sua formação em Medicina, os médicos já mostravam grande interesse pela especialidade de Imunoalergologia, preenchendo todas as vagas libertadas nos concursos de ingresso no internato médico, Ana Morête acredita que esta realidade, em associação com outros fatores, tem impulsionado o interesse por esta disciplina.

“Além da crescente prevalência da doença alérgica, pesa também o facto de muitos imunoalergologistas serem catedráticos nas cadeiras de Imunologia dos cursos de Medicina.

Quero acreditar que também o trabalho que as direções da SPAIC têm feito tem contribuído para aumentar o prestígio da especialidade e a curiosidade dos mais jovens em olhar para a Imunoalergologia como o seu futuro dentro da carreira médica”, afirma.
 

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