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Infeciologistas estrangeiros em estágio no Hospital Curry Cabral: «É um projeto inovador»

O Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral proporcionou, pelo segundo ano consecutivo, um estágio de duas semanas a um grupo de infeciologistas estrangeiros. Para o seu diretor, Fernando Maltez, “este projeto, de caráter inovador, permite dar a conhecer um Serviço diferenciado, que é o centro de referenciação para as doenças infeciosas na zona sul do país”.


Fernando Maltez

"Ecletismo" da unidade é elemento diferenciador

Uma das características que, no entender daquele responsável, distingue este Serviço do Curry Cabral, unidade que faz parte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), é o seu “ecletismo”.

E explica porquê: “Não só nos dedicamos à tuberculose como à infeção por VIH, mas também às doenças infeciosas clássicas, e até integramos uma equipa multidisciplinar na área dos transplantes…”


Instalações do Serviço de Doenças Infeciosas

Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas

A sua versatilidade acaba por se refletir na diversidade de temas que mais uma vez dão corpo ao programa das Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas, cuja edição de 2020 se vai realizar no final desta semana em Lisboa, durante os dias 23 e 24, antecedidos de um curso temático de uma tarde dedicado à infeção por VIH (vírus da imunodeficiência humana).

Presidindo a uma Comissão Organizadora que agrega os restantes oito infeciologistas do Serviço, um dos quais a tempo parcial, Fernando Maltez refere: “Temos sempre mesas-redondas dedicadas à infeção por VIH e à hepatite C, outra à tuberculose, a que estamos muito ligados, e também às doenças emergentes e às infeções clássicas.”

As Jornadas, que vão acontecer pela 12.ª vez, foram lançadas há 24 anos, quando era diretor do então Serviço de Medicina e Doenças Infeciosas o médico Rui Proença. Na sequência da sua aposentação, viria a ser criado, em 2004, o Serviço de Doenças Infeciosas, assumindo Fernando Maltez a direção do mesmo.



O infeciologista esclarece que as Jornadas passaram, a partir dessa altura, a realizar-se noutro local em Lisboa – deixaram a Torre do Tombo e mudaram para a Culturgest – e adotaram um novo modelo de organização, com um “esqueleto” do programa redesenhado.

“A forte presença de convidados estrangeiros é uma característica própria destas Jornadas”, afirma Fernando Maltez.

De facto, feitas as contas, de um total de perto de duas dezenas de palestrantes e conferencistas, quase 80% vêm do estrangeiro: EUA, França, Suíça, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Brasil.

O presidente da reunião destaca o francês Didier Raoult, “uma sumidade na área das doenças infeciosas”, que viaja de Marselha para abordar a evolução da ricketsiose (causadora de tifo e de febre maculosa) nos últimos dez anos.


Atrás: elementos da CO das 12.ª Jornadas – Freddy Ramirez, Diana Seixas, Teresa Martins, Maria José Manata, João Ribeiro, Fernando Maltez, Orlando Cardoso e Sara Lino (ausente na foto: Diana Póvoas).
À frente: alguns internos do Serviço – Stepanka Betkova, Hélder Pinheiro, Marta Leal, Ema Leal e Ana Raquel Pinto



Um programa misto, mas com uma forte componente prática

Foi a grande vontade de Fernando Maltez em partilhar conhecimento e experiência que o levou a avançar, em 2018, com um programa de educação médica internacional que recebeu todo o apoio do Conselho de Administração do CHULC.

Calhou acontecer que os cinco infeciologistas que então vieram fazer um estágio de duas semanas no Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral fossem todos oriundos do Brasil, selecionados pela própria Sociedade Brasileira de Infectologia.



“As coisas correram tão bem que o presidente da SBI pediu-nos que em 2019 o estágio fosse igualmente aberto a brasileiros, o que se veio a concretizar, com especialistas que se deslocaram de diferentes zonas do Brasil, de São Paulo à Amazónia”, explica Fernando Maltez, adiantando que se trata de um programa misto:

“Tem uma componente teórica, mas é fundamentalmente um programa prático, de contacto direto com os doentes. Os colegas têm oportunidade de assistir às nossas reuniões clínicas e de nos acompanhar nos diferentes tipos de consultas que temos, e até de experimentar o equipamento de proteção individual, por exemplo.”

Os comentários entretanto feitos pelos elementos que integraram o grupo que passou pelo Curry Cabral no final de 2019, entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro, entusiasmam Fernando Maltez:

“Referem como pontos fortes do estágio a ‘estrutura assistencial e de ensino muito boa’, ‘a bagagem de conhecimentos percetores muito forte’ e dizem que ‘os tutores foram ótimos e disponíveis’. Gostaram muito do treino para atendimento de doentes com Ébola, bem como da organização, da dinâmica, dos temas abordados e do acolhimento. Dizem ainda que as aulas teóricas foram proveitosas’, principalmente a discussão de casos clínicos.”


Os cinco infeciologistas do estágio de 2019 com alguns colegas do Curry Cabral: Diana Póvoas, Patrícia Muller, Fernando Maltez, Moara Borgesi, Manuel Palácios, Maria de Perpetua Corrêa, Karla Ronchini, Diana Seixas e Sara Lino

A pouca carga horária para abordar o controlo da infeção hospitalar e a subutilização da área de isolamento respiratório foram dois dos “pontos fracos” apontados. Um dos participantes no estágio afirma mesmo que “o único ponto fraco, a meu ver, foi o tempo, considero que se fosse um mês teria sido mais proveitoso”.



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