Infeções hospitalares: «Esta metodologia permite fazer uma gestão eficaz do doente»
Têm sido várias as iniciativas que a Cepheid tem dinamizado para profissionais de saúde. No entanto, o último webinar, que se realizou este mês, dedicado às infeções hospitalares, contou "com a maior adesão que tivemos até ao momento", adianta Mercedes Manzanares, diretora-geral ibérica da empresa.
Na sua opinião, tal é revelador do impacto das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS), que "representam um verdadeiro desafio de saúde global". Por outro lado, será também um bom sinal, já que "cada vez mais são os profissionais interessados em conhecer as experiências e as boas práticas implementadas por colegas no âmbito da prevenção e controlo das IACS".
Mercedes Manzanares
PPCIRA
Em declarações à Just News, Mercedes Manzanares, recorda que "uma das grandes medidas para o controlo das infeções hospitalares foi a criação do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), da Direção-Geral da Saúde, e do Programa Stop Infeção Hospitalar 2.0, com o objetivo de reduzir a incidência de cinco tipos de infeção hospitalar em 50%, no prazo de 3 anos".
Assim, e precisamente considerando o "importante papel e potencial de atuação" do PPCIRA, foram convidados para este webinar "dois profissionais de excelência que compõem este Programa para partilharem a sua visão, objetivos e resultados alcançados", acrescentando:
"Além das medidas preventivas definidas pela Organização Mundial de Saúde, como a higiene das mãos e dos pontos de prestação de cuidados, ficou evidente neste webinar ser crítico o acesso a testes de diagnóstico molecular que permitam controlar e diminuir eventuais focos de infeção."
Os dois convidados do webinar, Clara Carvalho e José Artur Paiva, com a moderadora, Susana Castilho, da Cepheid
"Uma gestão eficaz do doente"
Na opinião de Mercedes Manzanares, não há dúvida de que "o acesso a testes fiáveis, robustos e rápidos, permitem uma gestão efectiva dos recursos e uma redução significativa dos custos". E qual a situação dos testes disponibilizados pela Cepheid no nosso país?
De acordo com a responsável, "atualmente, são já muitas as unidades hospitalares em Portugal que utilizam a nossa solução. E, não menos importante, o feedback que temos recebido é extremamente positivo".
Referindo que "a utilização desta metodologia permite reduzir os custos associados aos recursos humanos, espaços de isolamento, materias de proteção individual e de limpeza", a responsável sublinha que, "acima de tudo, permite fazer uma gestão eficaz do doente" e desenvolve a ideia:
"O processo de isolamento tem impacto não só na unidade hospitalar mas também na saúde mental dos doentes que aguardam por um resultado. Ao disponibilizarmos um resultado rápido e fiável, permite a libertação do espaço em cerca de 3h/4h."
Um tema transversal
Relativamente ao balanço a fazer deste webinar dedicado às infeções hospitalares? "É extremamente positivo", afirma Mercedes Manzanares. Além de uma adesão, destaca a grande diversidade de inscritos:
"Por se tratar de um tema transversal, diferentes profissionais de saúde estiveram presentes na sessão, desde enfermeiros, técnicos laboratoriais ou diferentes especialidades médicas como: patologia, medicina intensiva, medicina interna, etc."
Clara Carvalho
25.000 euros por infeção
Esta foi uma das mensagens partilhadas no webinar por Clara Carvalho, enfermeira gestora do PPCIRA no Hospital de São Francisco Xavier.
Fazendo alusão aos resultados de um estudo realizado há uma década no Hospital de São Francisco Xavier, no âmbito de um doutoramento de economia, sob a orientação do professor Pita Barros, Clara Carvalho destacou que uma infeção da corrente sanguínea relacionada com catéter venoso central podia chegar a custar 25.000 euros à unidade hospitalar. "Nós apresentámos estes dados e causou impacto nas pessoas", afirmou.
A sua convicção é que, partilhando cada vez mais certos dados, como este, as administrações dos hospitais e outros decisores "olhem para esta realidade de outra forma".
E se é certo que "as Enterobacterales Produtoras de Carbapenemases (EPC) são uma ameaça", haverá doentes que poderão estar mais ameaçados?
"Há de facto um conjunto de factores de risco, quer intrínsecos quer extrínsecos, com os quais mapeamos os nossos doentes. Todos sabemos que eles são na sua maioria idosos, com varias comorbilidades, polimedicados, muitas vezes com múltiplos internamentos prolongados e não raras vezes já com alguma infeção prévia."
José Artur Paiva
"Reduzir o tempo para terapêutica antibiótica dirigida"
Um aspeto que mereceu destaque na intervenção de José Artur Paiva, diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João e coordenador nacional do PPCIRA, foi precisamente a importância do diagnóstico rápido: "A investigação microbiológica necessita ser mais determinante na seleção do antibiótico e na decisão de usar antibiótico, sendo este o grande problema na área terapêutica."
Segundo o médico, "temos ainda um tempo de terapêutica antibiótica empírica que é muito largo, entre 48 a 72 horas em alguns casos. E temos uma incidência de terapêutica empírica inadequada ou desnecessária, que não é dispiciente".
Assim, a conclusão a tirar é de que "reduzir este intervalo de tempo é um objetivo absolutamente essencial. Ou seja, reduzir o tempo para terapêutica antibiótica dirigida".
Mas José Artur Paiva vai mais longe e, fazendo alusão aos principais "bloqueios" que existem, referiu, nomeadamente, que "não basta ter os testes e fazê-los", indicando um estudo que revelou que "a terapêutica antibiótica podia ter sido modificada 9h mais precocemente com base nos dados obtidos se a cadeia de processo entre o diagnóstico microbiológico e a alteração da terapêutica estivesse mais agilizada".
Ou seja, "a logística entre o teste e a decisão terapêutica tem de ser melhorada, para termos o máximo de aproveitamento dos testes rápidos".