Inovação é uma «prioridade estratégica» do Centro Hospitalar Lisboa Norte

Tradicionalmente, um hospital universitário tem como missão prestar cuidados de excelência, formar, investigar e apoiar o ensino. No entanto, segundo Carlos Neves Martins, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), além destes pilares, a instituição que lidera assumiu como “prioridade estratégica” a inovação.

“Apesar dos vários obstáculos que se colocam à inovação num hospital universitário, o CHLN reúne um conjunto de oportunidades nesta área. Não só pela reputação, história e tradição, mas também pela ampliação da capacidade instalada, devida ao novo Edifício Egas Moniz e às perspetivas do futuro Edifício Reynaldo dos Santos,” indicou o presidente do Conselho de Administração do CHLN, a propósito da primeira sessão do Ciclo de Conferências “ÁGORA - Ciência e Sociedade | 2015-2016”, promovida pela Universidade de Lisboa, na qual foi palestrante.



De acordo com Carlos Neves Martins, “nunca foram ganhos tantos prémios individuais e coletivos nem publicados tantos trabalhos como na última década”, ou seja, “independentemente de um conjunto de dificuldades, foi possível encontrar uma série de oportunidades e continuar um caminho na área da investigação que é louvável”. Além disso, “nunca houve tantos jovens internos em projetos de investigação ou a fazer o doutoramento”. Por outro lado, disse, “em 2013 e 2014, o CHLN duplicou o investimento em tratamentos inovadores para os seus doentes, tendo passado de 10 para 20 milhões de euros”.

O responsável mencionou que o Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML), criado em 2009, que associa a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), o Instituto de Medicina Molecular (IMM) e o CHLN, foi um modelo seguido por outras instituições congéneres, que entenderam que este seria o caminho a seguir.

“No âmbito do CAML, foi criado e inaugurado recentemente o Centro de Investigação Científica (CIC), que é o nosso primeiro projeto que irá contribuir em muito para os nossos objetivos em termos de ensaios clínicos. Além disso, o CAML tem um segundo projeto que é o Centro de Simulação, que tem igualmente uma componente de investigação, onde a indústria também vai ser convidada a assumir connosco alguns desafios”, adiantou.

Instituição aumentou o número de ensaios clínicos nos últimos anos

Segundo Carlos Neves Martins, ao contrário do que seria expectável, nos últimos anos, a instituição conseguiu crescer em termos de número de ensaios clínicos, com uma média de 100 por ano e 2,5 milhões de receitas anuais, mas “o objetivo é duplicar estes números”, o que, na sua opinião, “é perfeitamente possível com o CIC”.

O responsável adiantou que irá “começar-se também a selecionar quais os ensaios que interessam em termos de ganhos em saúde para os doentes, afastando-se no desenho de projetos de investigação, estimulando-se os internos a participarem e criando-se mais condições de trabalho para os investigadores.”

Outro desafio que está a ser preparado entre a instituição e as suas congéneres dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde é conseguir ter ensaios partilhados, ou seja, estimular a indústria para ter doentes a participar em ensaios clínicos em dois ou três pontos geográficos distintos.



No que respeita à inovação tecnológica, Carlos Neves Martins disse que, na sua opinião, “há um novo desafio conjunto que abrange mais de uma dezena de instituições, incluindo a FMUL e o Instituto Superior Técnico, que será muito importante para antecipar algumas soluções, designadamente na medicina regenerativa e terapias celulares”.

E acrescentou: “Vamos ter um centro de competência e excelência para a investigação e desenvolvimento de terapias celulares e genéticas avançadas, uma área tecnológica avançada na bioimagem e um centro de simulação avançada. O que se pretende é antecipar soluções nas doenças cerebrais, cardiovasculares e diabetes, oncológicas e reumáticas e musculoesqueléticas.”

Afirmou ainda que o CHLN “está a trabalhar hoje para a sustentabilidade do amanhã” e, sobretudo, a procurar “atrair investimento e os melhores para estes projetos de elevado potencial tecnológico, terapêutico e de resposta aos problemas do país”.

Terminou dizendo que, “nestes dias de extremas dificuldades, também se conseguiram criar oportunidades e, sobretudo, traçar um rumo de crescimento com desenvolvimento sustentado para a próxima década, ao serviço das pessoas e dos doentes, dos profissionais da área de prestação de cuidados e das gerações mais jovens”.



Além de Carlos Martins, a 1ª sessão do Ciclo de Conferências “ÁGORA - Ciência e Sociedade | 2015-2016” contou com a intervenção de Ana Torres, Pfizer’s Portugal Country Manager & Global Innovative Pharma Head. A moderação desta conferência esteve a cargo de Rogério Gaspar, vice-reitor da Universidade de Lisboa.

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