Insuficiência cardíaca: Estratégias terapêuticas que «ajudam a melhorar o prognóstico dos doentes»
“Nos primeiros três meses após a alta, há um elevado risco de os doentes com insuficiência cardíaca serem reinternados ou morrerem”, alerta Joana Pimenta, a coordenadora do Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Daí ser “tão importante existirem várias estratégias terapêuticas estudadas nos últimos anos, que podem ajudar a melhorar o prognóstico dos doentes no período peri-hospitalização”.
Considerando que “grande parte dos internamentos por Insuficiência Cardíaca (IC) estão nas enfermarias da Medicina Interna”, Joana Pimenta, que é também diretora do Serviço de MI do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, realça tratar-se de “uma patologia que diz muito aos internistas” e defende a importância de se “apostar na abordagem estruturada destes doentes, desde a marcha diagnóstica, até à otimização da terapêutica”.
Sendo a própria hospitalização “um momento de gravidade”, a internista caracteriza o período pós-hospitalização como “especialmente vulnerável para o doente com IC”. Este será um dos assuntos abordados na III Reunião do Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca, que acontece este sábado, no Porto.
Joana Pimenta
Novas orientações "que merecem ser abordadas"
Joana Pimenta avança que em todas as mesas haverá "novidades em debate", atendendo aos vários estudos que surgiram nos últimos anos e ainda à publicação das novas recomendações de abordagem da IC da Sociedade Europeia de Cardiologia, em agosto de 2021, e das recomendações da Sociedade Americana de Cardiologia, apresentadas precisamente na última semana.
“Graças à execução de vários ensaios clínicos com terapêuticas dirigidas à IC em fase aguda e crónica, surgiram novas orientações quanto a uma nova aplicação de fármacos, que merecem ser abordadas”.
A internista distingue o avanço recente verificado na IC com fração de ejeção preservada, “uma área com muito poucas soluções em termos de terapêutica” mas também a evolução nas estratégias de abordagem da IC com FE reduzida.
Haverá ainda espaço para a discussão de diferentes modelos de gestão de cuidados aos doentes com IC. “Apesar de o modelo organizacional poder ser ajustado à realidade de cada hospital, o importante é que os profissionais de saúde comuniquem entre si e se entreajudem no sentido de garantirem o melhor tratamento aos seus doentes”, observa.
Várias especialidades e núcleos de estudo
Além de reunir um painel de palestrantes e moderadores essencialmente especialistas em Medicina Interna e Cardiologia, a coordenadora do NEIC afirma que este evento se destina também a médicos de Medicina Geral e Familiar e a enfermeiros dedicados a esta área da IC, além de internistas e cardiologistas.
Esta reunião contará ainda com a participação de representantes de vários núcleos de estudo da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, concretamente da Diabetes Mellitus, nas pessoas de Estevão Pape e Susana Heitor, de Medicina Paliativa, na voz de Sara Vieira Silva, e de Ecografia e Urgência, com a presença de Jorge Teixeira.
Também o Grupo de Estudos de IC da Sociedade Portuguesa de Cardiologia estará representado, através de José Silva Cardoso, Cândida Fonseca, Fátima Franco e Daniel Caeiro.
Como Joana Pimenta explica, “há muitos pontos de contacto entre estas áreas de interesse quando se fala do insuficiente cardíaco”. No caso da ecografia, salienta a sua importância na “abordagem da IC aguda em situação de urgência”.
Regresso dos encontros formativos
Apesar de o NEIC ter sete anos de vida, esta será a terceira reunião que organiza, e uma das condicionantes foi a pandemia, que suspendeu a realização deste encontro formativo nos últimos dois anos.
Ainda assim, este Núcleo de Estudos tem “apostado ativamente na formação dos profissionais, na caracterização da doença, na monitorização da qualidade dos cuidados prestados, na colaboração multidisciplinar e na divulgação e promoção da literacia em saúde na população”.
A III Reunião do Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca tem data marcada para este sábado, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto, sob o lema “O Futuro hoje!”. No dia anterior, serão realizados os cursos “Atualização da AbordaGem e tratamento do doente com Insuficiência CaRdIaCa – AGIR-IC” e “Keep Beating”. O evento também poderá ser acompanhado online.
Após dois anos de interrupção, Joana Pimenta espera que esta reunião, que representa “um regresso muito ansiado aos eventos presenciais”, esgote a lotação da sala, que tem capacidade para receber duas centenas de participantes.
O programa pode ser consultado aqui.