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Investigadores da UMinho criam programa informático para avaliar as doenças respiratórias

Um grupo de investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho (UMinho) desenvolveu um programa informático inovador (UNLOCK) que vai avaliar as doenças respiratórias crónicas em Portugal, em particular a asma e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), durante a próxima década. A equipa é coordenada por Jaime Correia de Sousa, docente da Escola de Ciências da Saúde (ECS) da UMinho e presidente eleito do International Primary Care Respiratory Group (IPCRG).

O projeto UNLOCK (Uncovering and Noting Long-term Outcomes in COPD and asthma to enhance Knowledge), que deu o nome ao programa informático, já tem vários anos, contando com a parceria do IPCRG e do Núcleo de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP/APMGF). Resulta da colaboração internacional entre médicos investigadores dos cuidados de saúde primários (CSP) na coordenação e partilha de bases de dados que envolvem variáveis relevantes no diagnóstico e seguimento da DPOC e asma.

Jaime Correia de Sousa adianta que, inicialmente, apenas três países tiveram a possibilidade de extrair os dados diretamente das bases de dados, com as devidas autorizações das comissões de Ética. Quando outros países resolveram participar no estudo, nomeadamente Portugal, chegou-se à conclusão de que não existiam nos programas informáticos utilizados os dados de gestão da DPOC e da asma que permitissem fazer essa extração de dados.

Neste sentido, segundo refere, “a única solução para Portugal poder participar neste projeto seria a construção de uma plataforma informática em que os médicos de família, tendo em conta as recomendações técnicas para a gestão da DPOC e da asma, possam anotar, de forma estruturada, a informação clínica relevante para a gestão clínica e que, ao mesmo tempo, possa ser extraída para a investigação”.

Esta plataforma foi criada por uma equipa de docentes da ECS/investigadores do ICVS que, além de Jaime Correia de Sousa, é constituída por Ana Quelhas, Luís Silva, Pedro Fonte e Pedro Teixeira, em colaboração com um investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Luís Teixeira).



Elaboração de estudos epidemiológicos

Como o programa não pôde ainda ser incorporado no SClínico, o coordenador do UNLOCK conta que o programa foi sediado num servidor da Universidade do Minho, sendo possível aceder à base de dados através de um link que é fornecido aos investigadores. Cada vez que o médico vê o doente regista os dados clínicos nesta plataforma online.

Houve uma fase de teste de software da asma e agora foi construído um novo programa que integra a asma e a DPOC em conjunto. “Pode optar-se por uma das patologias, pelas duas ou, no caso da síndrome de sobreposição asma/DPOC (ACOS), contar com as duas”, indica o coordenador do projeto.

Uma vez que ainda se trata de um processo de investigação que não está incorporado na base de dados normal do registo clínico, é necessário pedir o consentimento informado a cada um dos doentes que participa no estudo.

Desta forma, passa a ser possível desenvolver um registo de dados clínicos continuado, o qual permitirá a elaboração de estudos epidemiológicos que contribuam para o aumento do conhecimento na prevenção, no diagnóstico e no acompanhamento e gestão de doenças respiratórias.

Dados relevantes para uma "gestão adequada da doença crónica"

De acordo com Jaime Correia de Sousa, o objetivo é seguir os doentes durante 10 anos, com a finalidade de analisar a relação que se pretende estabelecer entre, por exemplo, níveis de gravidade, grau de controlo de exacerbações, tipo de medicação e morbilidades, outros fatores de risco, controlo de multipatologia ou comorbilidade.

“Há um conjunto de dados que irão ser trabalhados do ponto de vista da investigação, sendo possível ajustar aqueles que são mais pertinentes para uma gestão adequada da doença crónica”, afirma, sublinhando que nos cuidados de saúde primários havia falta de um instrumento destes na área das doenças respiratórias crónicas.

O programa encontra-se numa fase de arranque, havendo pequenos problemas de acesso que ainda estão por resolver em alguns locais de trabalho.

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