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Jornadas de Medicina Interna do Algarve: internistas como «médicos assistentes do doente»

“É necessária uma nova organização hospitalar que contemple a criação de grandes departamentos, onde os internistas sejam médicos assistentes do doente, coordenando a intervenção de outras especialidades.” Quem o defende é Alfredo Santos, diretor do Serviço de Medicina 3 do Hospital de Faro – Centro Hospitalar do Algarve (HF-CHA), a propósito das I Jornadas de Medicina Interna do Algarve.

O evento, que decorre dias 14 e 15 de outubro, em Olhão, subordinado ao lema "Internista e as doenças do século XXI", visa "promover a atualização científica e o intercâmbio de experiências profissionais em torno da especialidade e da prática clínica".

Em entrevista à Just News, Alfredo Santos, que também é o presidente da Comissão Organizadora das Jornadas, sublinha que “os doentes são de uma complexidade cada vez maior, dada a sua pluripatologia, facto que requer uma abordagem por uma especialidade mais generalista e integradora como é a Medicina Interna”.

Desta forma, não tem dúvidas de que o papel do internista "irá ser, obrigatoriamente, cada vez maior e mais importante no contexto das unidades de Saúde, dada a evolução demográfica e a crescente especialização médica".

Realça também o facto de que, "tendo a Medicina Interna uma índole generalista, não pode deixar de ter firmadas competências em áreas mais específicas, tais como emergência, geriatria, cuidados paliativos, fatores de risco cardiovascular, entre várias outras".


Alfredo Santos e Juvenal Morais (secretário-geral).

A concretização de "uma ideia "já antiga" 

Sobre o evento que se realiza em Olhão, o diretor do Serviço de Medicina 3 do Hospital de Faro recorda que "a organização de reuniões médicas, independente da nomenclatura ou modelo que assumem (jornadas, congresso, reunião, etc) têm por principal motivo a actualização científica e o intercâmbio de experiências profissionais de forma a contribuírem para uma formação médica contínua".

Assim, com essa finalidade em vista "e com espírito empreendedor", os médicos do Serviço de Medicina Interna 3 decidiram realizar as 1.as Jornadas de Medicina Interna do Algarve, "que se pretende que sejam o ´pontapé de saída` de várias edições futuras, organizadas, de forma rotativa, pelos vários serviços de Medicina Interna, do Centro Hospitalar do Algarve."

Alfredo Santos acrescenta ainda que "a ideia de organização de reuniões científicas por parte dos internistas do centro hospitalar do algarve é uma ideia já antiga e partilhada por muitos, mas que, julgamos, só agora se reuniram as condições necessárias para terem lugar".


Alguns dos membros da Comissão Organizadora das I Jornadas de Medicina Interna do Algarve: uma equipa "com espírito empreendedor".

A importância do enfermeiro: "Dos cuidados seguros à autonomia da pessoa"

Uma das três mesas redondas que se realiza no primeiro dia do evento é dedicada ao debate sobre o contributo e as boas práticas da Enfermagem na Medicina Interna, uma vez que "os enfermeiros integram a equipa multidisciplinar que garante o tratamento aos doentes, nas suas múltiplas facetas em qualquer serviço hospitalar", afirma Alfredo Santos.

De acordo com o especialista, o serviço de Medicina Interna 3, "organizador destas jornadas, tem o privilégio de dispor de uma equipa de 3 enfermeiros com especialidade em reabilitação. Este facto traduz-se num evidente benefício para o doente. É ainda mais óbvia a importância deste tipo de equipas diferenciadas, quando temos em conta os crescentes tempos de internamento dada a progressiva escassez de unidades de reabilitação."

Na sua opinião, "o ganho para o doente não se verifica apenas para a patologia cerebrovascular, mas também para a patologia respiratória (entre outras), duas categorias nosológicas muito prevalentes nos nossos serviços".

Por esse motivo, "e dada a sua importância", a Comissão Organizadora reservou "um espaço no conteúdo programático das jornadas para a apresentação e discussão daquela que tem sido a atividade dos enfermeiros em termos de reabilitação". A mesa redonda intitula-se: "O Enfermeiro no serviço de medicina - dos cuidados seguros à autonomia da pessoa”.



Cuidados paliativos: é necessário "sensibilidade para gerir todas as particularidades"

Outra temática "que pode gerar um debate interessante e enriquecedor é a dos cuidados paliativos e ética no fim de vida”. Relativamente a esta questão, que estará em grande destaque no sábado, Alfredo Santos começa por esclarecer que os cuidados paliativos têm tido "um crescente desenvolvimento para poderem fazer face às atuais necessidades dos nossos doentes com patologia oncológica ou doença crónica sem perspetiva curativa, tanto em regime hospitalar como ambulatório".

Na sua opinião, a abordagem holística dos internistas "confere-lhes uma grande capacidade e sensibilidade para gerir todas as particularidades dos doentes em cuidados palitivos e dos seus familiares".

Questionado sobre as principais dificuldades com que os profissionais se deparam na assistência a estes doentes, o internista refere "a delicadeza do assunto na comunicação com o doente e família, a falta de informação e mesmo a evicção da temática dado o ónus do ´fim de vida`".

E acrescenta: "Numa época de grande discussão e até, podemos dizer, de algum desconhecimento de conceitos e suas implicações por parte da opinião pública e mesmo da própria comunidade científica, consideramos fundamental trazer esta temática à discussão nas nossas jornadas, para que se possa, paulatinamente, contribuir para a sua desmistificação."



A reunião, que conta com o patrocínio científico da Ordem dos Médicos e da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, contempla ainda a realização de cursos pré-jornadas nos dias 12 e 13 de outubro, bem como a atribuição de prémios a cartazes científicos e casos clínicos.

Contacto: jornadasmedicinaalgarve@gmail.com 





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