Jornadas Nacionais de VIH dão relevo à MGF e à Saúde Pública
O Núcleo de Estudos da Doença VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) organiza, nos dias 26 e 27 de junho, em Elvas, as XVI Jornadas Nacionais de VIH. O evento, subordinado ao tema “Doença VIH/SIDA e Cuidados de Saúde Primários”, dá especial relevo à Medicina Geral e Familiar no seguimento dos doentes com infeção VIH. São aguardados cerca de 250 participantes, essencialmente provenientes da MGF, Medicina Interna, Infeciologia e Pneumologia.
Além de presidir ao evento e ao Núcleo de Estudos da Doença VIH da SPMI, Telo Faria é o responsável pela Consulta Multidisciplinar de Doenças Infeciosas da Unidade Local de Saúde Baixo Alentejo (ULSBA), sendo também coordenador do Programa Regional para a Infeção VIH/SIDA 2012/2016.
Prevenção e seguimento dos doentes
Em declarações à Just News, Telo Faria esclarece que o enfoque dado aos CSP nestas jornadas prende-se com dois principais vetores: a prevenção e o diagnóstico precoce da doença VIH e também o seguimento destes doentes, que se pretende que seja partilhado.
“Quanto ao primeiro ponto, além da prevenção, é de realçar o papel crucial dos CSP, com a criação e a realização de uma rede de deteção precoce através de testes rápidos”, afirma Telo Faria. Na sua opinião, a terapêutica antirretrovírica de que dispomos está de acordo com o estado da arte, é eficaz, tem diminutos efeitos secundários e com um número mínimo de tomas diárias.
Estas são as principais causas, juntamente com as consultas multidisciplinares, de uma boa adesão à terapêutica que, segundo indica, ronda os 95%.
“Atualmente, vemos a maioria dos nossos doentes de seis em seis meses. Neste contexto, além da gestão da patologia enquanto doença crónica e de alguns dos seus efeitos secundários, nomeadamente metabólicos, hão de naturalmente surgir, mais cedo ou mais tarde, as comorbilidades inerentes ao processo de envelhecimento, cujas especialidades indicadas para o seu seguimento são a MGF e a MI”, explica.
E desenvolve: “São precisamente estes dois itens -- a prevenção e a deteção precoce, por um lado, e o caráter de doença crónica, por outro -- que constituem os dois pilares de uma maior intervenção dos CSP nesta temática. No fundo, numa perspetiva de gestão partilhada em rede destes doentes.”
Este modelo foi já iniciado noutros países e, de acordo com o nosso interlocutor, há mais de oito anos que, em congressos internacionais, se põe a questão da intervenção dos CSP no seguimento destes doentes. “Note-se que há já experiências muito positivas em países como a França ou a Inglaterra”, salienta.
Quando questionado acerca do timming para a implementação deste modelo em Portugal, Telo Faria responde que nada está ainda definido. “É uma questão de formação, de tempo, de confiança mútua entre as consultas de VIH e os CSP. Tudo tem de ser feito com o tempo necessário, com todas as partes envolvidas, com acordos e consensos.”
O programa das jornadas pode ser consultado AQUI.