Laboratórios clínicos: a previsibilidade no âmbito da contratação, da legislação e da regulação «é importantíssima»

Em entrevista à Just News, publicada no Jornal do VI Congresso da ANL e IV JILAQ, evento que decorreu nos dias 20 e 21 de maio, Joaquim José Chaves, presidente da Direção da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos (ANL), salienta o impacto da crise económica que levou a cortes "onde é mais fácil", ou seja, "no preço da prestação de serviços tabelados prestados por um setor que não terá muito mais por onde se ajustar".




Questionado sobre como vê o desenvolvimento da medicina personalizada no setor das análises clínicas, tendo em conta os custos associados, Joaquim José Chaves começa por afirmar que, "ao nível das Análises Clínicas, a evolução tecnológica tem sido efetuada no sentido de aumentar a capacidade de resposta e a produtividade dos equipamentos. Em paralelo, são disponibilizados, anualmente, novos biomarcadores específicos e com valor acrescentado no diagnóstico, prevenção, prognóstico e monitorização das doenças."

Na sua opinião, a medicina personalizada é "um importante campo de desenvolvimento que tem particularmente evoluído a nível do medicamento. Esta realidade cria novos desafios aos laboratórios de análises clínicas, que devem criar condições para poderem também dar respostas ao nível do diagnóstico." E acrescenta: "Muitos desses medicamentos têm alvos específicos, sendo necessário definir laboratorialmente se vão ou não ser eficazes, em dado contexto e em certo doente."


Joaquim José Chaves com Carlos Cardoso (Conselho Científico da ANL) durante o VI Congresso da ANL e IV JILAQ.

Por outro lado, recorda que após a definição da terapêutica individualizada, muitas vezes, é necessário monitorizar e "é aí que entra de novo o laboratório. A maioria destes métodos é dispendiosa e requer equipamentos dedicados. Estas análises têm um elevado custo de produção e requerem laboratórios altamente especializados e diferenciados."

O responsável refere ainda que, dado "o custo elevado dessas terapêuticas personalizadas, justifica-se o recurso ao laboratório, quer antes (fase de decisão e implementação), quer depois (fase de monitorização). O laboratório clínico devolve nestes casos uma excelente relação custo-benefício para o doente e para o financiador."

Assim, considera que, "sem prejuízo da importância que o desenvolvimento de uma medicina personalizada possa vir a ter no futuro, ao nível do laboratório, é mais relevante a evolução metodológica e tecnológica ao nível das análises de rotina. Obtém-se assim cada vez mais resultados, de forma mais rápida, em tempo útil para orientar diagnósticos, e tudo isto a custo sustentado.




Relativamente aos grandes desafios do futuro, o presidente da ANL afirma que, "num âmbito mais ´político`, diremos que seria importantíssimo podermos contar com alguma previsibilidade no setor, no âmbito da contratação, da legislação e da regulação. Seria muito bom que os operadores soubessem, minimamente, com o que contar."

E esclarece a sua afirmação: "Como temos afirmado várias vezes, não pedimos proteção para o setor, mas sim uma clarificação de regras, no tempo, que não podem continuar a ter oscilações entre posições, muitas vezes, diametralmente opostas. Não há setor que resista a isso e achamos que é mais do que justo exigir que seja respeitado. Pelo que representa e pelo que representou ao longo das últimas décadas."

Joaquim José Chaves (ANL) e Augusto Machado (JIQLAC).


Ao longo da entrevista, publicada no Jornal do VI Congresso da ANL e IV JILAQ, Joaquim José Chaves aborda vários outros temas, fazendo alusão, nomeadamente, à importância de um estudo sobre a quantificação dos custos de realização de análises clínicas e do seu impacto na ligação entre a ANL e o Estado.



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