Listas de utentes: cobertura universal de médicos de família obriga a listas «ajustadas ao contexto»

“Acolher o futuro” é o tema central do 34.º Encontro Nacional da APMGF, que vai decorrer entre 16 e 18 de março, no Centro de Congressos do Estoril. Para Rui Nogueira, “é importante estar-se preparado para as mudanças que vão acontecer no final desta década, quando Portugal tiver uma cobertura universal de médicos de família”.

Para o responsável, a reunião vai assentar em três eixos: o clínico, o da formação médica e o da globalidade, no sentido de acompanhar a MGF na Europa.

Como habitualmente, o evento conta também com a participação de representantes de outras especialidades. “Este ano, temos connosco a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, porque é essencial debater o rastreio ao cancro colorretal, uma vez que os doentes continuam a ser diagnosticados numa fase avançada da doença”, indica Rui Nogueira.

O médico acrescenta ainda que, “face a esta situação, os profissionais de saúde são obrigados a optar por tratamentos mais complexos e dispendiosos, que nem sempre têm o sucesso pretendido, além, claro, do sofrimento da pessoa”. Desta forma, “é preciso debater a melhor estratégia para que o rastreio possa ser efetivo, prevenindo-se este cancro e apostando-se no seu diagnóstico precoce”.



Dinamismo dos grupos de estudo "é uma mais-valia para todos"

A participação dos grupos de estudo da APMGF também vai ter um relevo especial. “Nem todos vão conseguir estar presentes, apesar de se ter ocupado também a manhã de quinta-feira”.

Para o presidente da APMG, “é um sinal muito positivo, significa que há colegas que estão empenhados em trabalhar em determinadas áreas, essenciais na MGF, o que é uma mais-valia para todos os médicos e enfermeiros, e, principalmente, para os utentes”.

Quem não conseguir estar presente neste evento vai poder ter a sua participação no 21.º Congresso Nacional de MGF, em setembro, garante Rui Nogueira.


"Os desafios e oportunidades da especialidade em 2020" foi o tema do último Encontro Nacional da APMGF, que decorreu igualmente no Estoril.

Cobertura universal de médicos de família  

A temática central do encontro, “Acolher o futuro”, tem inerente uma questão que o presidente da APMGF considera basilar: as listas de utentes. No seu entender, não se pode ficar pelas listas ponderadas.

“É preciso ter em conta o contexto em que a profissão é exercida, porque não é igual trabalhar em ambiente urbano, onde existem respostas diferentes a nível da saúde, ou em ambiente rural, onde em 50 a 100 km apenas se tem acesso ao médico de família”, aponta.

Para o responsável, “este debate não é novidade, mas é fundamental haver medidas concretas no terreno que permitam a existência das atuais listas ponderadas, com base também no contexto de exercício”.

E acrescenta: “Não é uma questão meramente de se aumentar o ordenado dos médicos, mas de se dar a justa retribuição pelo trabalho que desempenham em prol da população.”

Esclarece ainda que não se trata apenas de uma diferença entre Litoral e Interior, pois, “quem tem uma população mais jovem tem inerentes várias consultas  devido à gravidez e ao primeiro ano de vida da criança, por exemplo”.


Este ajuste nas listas de utentes torna-se ainda mais premente com a cobertura universal de médicos de família. “Durante anos, lutámos para que mais pessoas tivessem médico. No último ano, assistimos a um aumento significativo e, no final da década, não haverá utentes sem médico de família”, salienta Rui Nogueira.

O médico de família sublinha: “Face a esta realidade, mais do que nunca, é necessário olhar para a forma como se exerce a profissão para que os futuros colegas possam trabalhar tendo as condições necessárias, que, mais do que atrativas, devem ser justas.”




A entrevista completa pode ser lida na última edição do Jornal Médico.

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