Livro responde a 100 «perguntas chave» sobre doença celíaca

"100 Perguntas Chave na Doença Celíaca" é o título do livro coordenado por Jorge Amil Dias, responsável pela Unidade de Gastrenterologia Pediátrica do Centro Hospitalar de São João, lançado durante a Semana Digestiva 2016, em junho, com o apoio da Thermo Fisher.

Em entrevista à Just News, o pediatra e gastrenterologista pediátrico explica que este manual fala sobre doença celíaca, problema cujo número de casos diagnosticados tem estado a crescer na nossa sociedade, e tem como objetivo dar respostas concisas às questões ligadas à doença que mais interessam aos doentes e aos médicos, "que devem estar em condições de a identificar".

“O livro surgiu a partir da colaboração multidisciplinar de médicos pediatras, de uma anatomopatologista e de nutricionistas, os profissionais de saúde mais envolvidos no diagnóstico e seguimento dos doentes celíacos”, relata, desenvolvendo que se dirige, sobretudo, aos médicos das diversas especialidades que lidam com a doença, como é o caso dos especialistas em MGF.

“A doença celíaca é mais frequentemente diagnosticada em crianças, porque a sintomatologia é mais típica”, frisa Jorge Amil Dias, acrescentando que cada um dos membros da equipa se encarregou de elaborar uma lista de questões que lhes são diariamente colocadas pelos doentes e familiares no domínio da doença celíaca, tendo sido apuradas aquelas que consideraram mais importantes.

"Clarificar, com rigor, o diagnóstico"

Um dos aspetos que o médico diz ser mais relevante e difícil de entender, para quem apenas ocasionalmente é confrontado com a doença celíaca, prende-se com a necessidade de realizar biópsias aos doentes.

Na sua opinião, “quem conhece mal a doença tem, frequentemente, a perspetiva de que se eliminar o glúten da alimentação o problema melhora, contudo, a situação é mais complicada, porque a melhoria é, por vezes, lenta e quando a pessoa é reexposta ao glúten pode ter uma recidiva da doença sem apresentar sinais clínicos evidentes". Por isso, indica que "é necessário clarificar, com rigor, o diagnóstico, o que implica, na maioria dos casos, realizar uma endoscopia e uma biópsia.”

Outro dos tópicos que o coordenador do livro aponta como de maior relevância está relacionado com o número de biópsias necessário para estabelecer o diagnóstico. 

Ao contrário do que acontecia antigamente, em que eram precisas três, hoje basta efetuar-se uma. Isto acontece porque “algumas das doenças que causavam diarreia nas crianças são hoje menos frequentes” e, como tal, as alternativas diagnósticas são menores. Por outro lado, hoje existem outros testes que dão consistência ao diagnóstico.

A tendência para se fazerem dietas com ausência de diagnóstico é outra das questões importantes. “Há pessoas que não têm o diagnóstico de doença celíaca e que iniciam uma dieta sem glúten com o objetivo de tratá-la. No entanto, sem terem consciência disso, quando passar a moda das dietas, poderão ficar expostas a um risco de complicações da doença”, frisa.

Por essa razão, os autores de 100 Perguntas Chave na Doença Celíaca recomendam que seja feito um teste de rastreio de doença celíaca antes de se iniciar a dieta sem glúten (por opção pessoal), por forma a excluir com segurança que essa dieta não tenha mesmo de ser cumprida a título definitivo.





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